F1 – Entrevista com Nick Heidfeld e Robert Kubica 02/03/2008

quarta-feira, 24 de novembro de 2010 às 21:45
Kubica – Theissen – Willy Rampf – Heidfeld

Faltam pouco mais de duas semanas para o começo da temporada 2008 da Fórmula 1, e a BMW vem se preparando para o GP da Austrália, em Melbourne, no dia 16 de março, com testes em Valência, Jerez e Barcelona. Nesta entrevista, os pilotos Nick Heidfeld e Robert Kubica falam sobre as recentes férias de inverno e suas expectativas para a terceira temporada da equipe alemã na categoria.

Vocês gostaram das férias de inverno?

Nick Heidfeld: Estou satisfeito em dizer que as férias de inverno na verdade não foram tão longas, graças aos testes regulares que temos feito. E entre eles, estou passando por um treinamento físico intensivo. Tenho um pequeno estúdio em casa onde posso fazer exercícios especiais visando fortalecer os músculos do pescoço, braços e torso. Consegui passar um tempo com minha família no Natal e no Ano Novo, e gostei muito disso, é claro.

Robert Kubica: Minhas férias de inverno foram bastante semelhantes. Também passei alguns dias com minha família e relaxei um pouco. E, como Nick, intensifiquei meu treinamento físico, inclusive me juntando à equipe para o campo de treinamento em St. Moritz. Foquei principalmente o lado da resistência.

Saindo das férias de inverno, é difícil se motivar novamente para os testes antes da nova temporada?

Kubica: Não é um problema. Para mim, as pequenas férias foram suficientes para recarregar minhas baterias. Também gosto de estar no carro para os testes. Além disso, houve o incentivo adicional – e a honra – de ser a primeira pessoa a pilotar o novo BMW F1.08 na pista.

Heidfeld: No que me diz respeito, as férias de inverno poderiam ter sido até um pouco menores. Adoro estar no carro e fico ansioso por qualquer oportunidade de pilotá-lo. Gostaria que testássemos menos e corrêssemos mais. Quase cinco meses sem corridas é muito tempo, na minha opinião.

Robert Kubica

Com os testes de inverno concluídos, como vocês vêem o andamento das coisas?

Heidfeld: Mesmo para nós, como pilotos, fazia muito tempo que não era tão difícil dizer como estão as equipes de Fórmula 1 em relação às outras. Os resultados dos testes das equipes grandes foram simplesmente variáveis demais para formar uma opinião. E, quanto a nós, progredimos muito desde as primeiras voltas, em Valência.

Kubica: Os engenheiros correram um certo risco e entraram em novos territórios em algumas áreas do F1.08. Uma das conseqüências disso é que não estávamos onde esperávamos no começo dos testes de inverno. Mas desde a apresentação, todos na equipe – e isso significa tanto o pessoal de testes quanto os rapazes da fábrica – vêm trabalhando a todo vapor, sete dias por semana. Esses esforços foram recompensados, demos grandes passos à frente e registramos melhorias em todas as áreas. E tenho certeza de que ainda estamos longe de esgotar todo o potencial do F1.08.

Nick Heidfeld

Como a ausência do controle de tração e do controle de freio motor afetou vocês?

Kubica: Nos testes, notamos que o piloto tem uma grande influência no desgaste dos pneus. E isso fica ainda mais evidente com temperaturas do asfalto mais altas. Além disso, também é extremamente importante evitar ao máximo sair da linha ideal. No passado, podíamos confiar no controle de tração para manter tudo sob controle se você saísse do traçado, e mesmo se escorregasse um pouco, perdia relativamente pouco tempo. Sem controle de tração, o piloto tem de tirar o pé do acelerador para evitar o risco de rodar. E isso significa que você perde mais tempo, é claro. Porém, em geral, não é exclusivamente uma questão de estilo de pilotagem. O carro também tem de fazer o melhor uso possível dos pneus.

Heidfeld: Todos os pilotos estavam realmente dispostos a descobrir como os carros mais novos da Fórmula 1 reagiriam sem controle de tração, e todos nós adaptamos nosso estilo de pilotagem – isso faz parte de nosso trabalho. Também tive a oportunidade de testar o carro no molhado nos testes. Tenho de dizer que foi realmente divertido pilotar sem controle de tração. O desafio para os pilotos é maior, e eu gosto disso.

De que maneira seu companheiro de equipe irrita vocês?

Heidfeld: Quando ele é mais rápido do que eu. Mas isso é óbvio, não é?

Kubica: Eu não gostaria de estar em uma situação onde não tivesse um bom relacionamento com meu companheiro. Por sorte, Nick e eu trabalhamos muito bem juntos.

Equipe BMW F1

Quais as suas metas pessoais para 2008?

Kubica: Sempre darei 100 por cento, e quero terminar nos pontos consistentemente.

Heidfeld: Quero extrair o máximo tanto de mim mesmo quanto do F1.08, minimizar erros e continuar me desenvolvendo como piloto. A primeira corrida noturna da história da Fórmula 1 não acontecerá até setembro (em Cingapura), mas a idéia de termos mais provas à noite já existe.

O que vocês acham dessa possibilidade?

Heidfeld: Em geral, sou fã de coisas novas, então mal posso esperar para ver como tudo vai funcionar em Cingapura e como será a atmosfera. O plano é usar luzes artificiais para iluminar a pista como se fosse dia. Então, não há comparação com as 24 Horas de Le Mans, onde já pilotei no escuro.

Kubica: Não acho que haverá problemas se o tempo colaborar. Provavelmente, mal notaremos a diferença em relação a uma corrida normal. Mas as coisas podem ser diferentes se chover, já que o reflexo das luzes poderá ter um efeito negativo na visibilidade. Entretanto, tenho certeza de que a FIA também tem planos para essa eventualidade, e vai garantir que o evento ocorra com segurança.

E olhando para Melbourne…

Kubica: Sou fã de circuitos de rua, então também gosto de ir para Melbourne. Sempre fui muito rápido lá. Mas também gosto da atmosfera da cidade, e dos fãs amigáveis e loucos por automobilismo. Mal posso esperar pelo começo dos treinos para o GP da Austrália. Finalmente vai encerrar as semanas de especulações causadas pelos testes de inverno.

Heidfeld: A prova de abertura da temporada é algo especial. Gosto de circuito de Melbourne, já que tem um caráter próprio – uma mistura de circuito de rua e permanente. Como a pista não é usada constantemente para corridas, os níveis de aderência são extremamente baixos, particularmente durante as sessões de treino iniciais. Sem controle de tração ou freio motor, certamente será um grande desafio. Além disso, o tempo já surpreendeu algumas vezes no passado. Para mim, há a atração extra da Austrália ser meu destino de viagem favorito, e terei alguns dias de descanso lá antes da corrida. Basicamente, estou ansioso para que a temporada finalmente comece.

Mario Theissen – diretor de Motorsport

LS – www.autoracing.com.br

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