F1 – Dúvidas inacreditáveis

Checo Perez e George Russel

Por: Bruno Aleixo

Para os fãs da Fórmula 1, o GP de Sakhir, disputado neste último final de semana, parece ter deixado duas certezas: a de que George Russell tem plenas condições de substituir Hamilton na Mercedes. Aliás, de que Russell deveria mesmo é estar ao lado de Hamilton, nas próximas temporadas. E, do outro lado, a de que Sérgio Perez não pode ficar fora do grid da Fórmula 1 em 2021, tendo ainda uma vaga aberta na Red Bull. O problema é que essas certezas ainda não parecem estar sedimentadas na cabeça dos dirigentes dessas equipes o que, depois do que vimos no anel externo do Bahrein, é quase uma aberração.

Mas, vamos por partes. Começando com George Russell (ou Georjão da Massa, como apelidou o querido narrador do Sportv. Ai, ai…): cansamos de especular, no Loucos por Automobilismo, os motivos pelos quais a Mercedes ainda titubeava em colocá-lo para correr ao lado de Lewis Hamilton. Uma das razões apontadas com maior frequência era o medo que a equipe tinha de “queimá-lo” ao submetê-lo à velocidade do inglês multicampeão. A meu ver, essa história cai por terra.

Porque desde que entrou no carro, na sexta feira, Russell não fez outra coisa senão buscar a vitória no domingo. Foi mais rápido no primeiro dos treinos livres. Classificou-se a menos de um décimo de Valtteri Bottas, que conhece o carro como a palma da mão. Despachou o finlandês na largada e liderou com autoridade, inclusive aumentando sua diferença no momento das paradas nos boxes. Quando perdeu cinco posições em virtude daquele pit esdrúxulo da equipe (o que foi aquilo?), saiu atropelando todo mundo, enquanto Bottas derretia no pelotão. Aí veio um furo no pneu, a equipe chamou o inglês novamente aos boxes, ele voltou em penúltimo, remou de novo e alcançou o 9º lugar, fazendo ainda a melhor volta da prova. Não tenho dúvidas que se a corrida tivesse mais duas voltas, ele jantaria o pobre Valtteri com fritas e polenta, novamente.

Ou seja, a Mercedes encontrou seu piloto de ponta. Ele pode, tranquilamente, substituir Lewis Hamilton quando este parar. Ou pode, na minha visão, ir para a equipe já em 2021 (Bottas tem contrato? Coloquem para correr na Williams. Depois da última corrida, é o mínimo que ele merece) e encarar o heptacampeão de frente. Seria uma batalha maravilhosa. Infelizmente, acho que a primeira possibilidade é mais palpável que a segunda, o que é, no mínimo, decepcionante.

Já no caso da Red Bull, a coisa é ainda mais inexplicável. A equipe tem um piloto espetacular e outro que sofre para andar no pelotão intermediário, mesmo estando a bordo do segundo melhor carro do grid. Do outro lado, um piloto de 30 anos, no auge da carreira, pilotando como nunca e que, neste último fim de semana, coroou um ano brilhante com uma vitória absolutamente espetacular: Sérgio Perez. Qual a explicação para que este casamento não aconteça a partir de 2021?

Correndo com Verstappen e Albon, a Red Bull perde a oportunidade de desafiar a Mercedes com seus dois pilotos, o que lhe possibilitaria estabelecer inclusive táticas que poderiam atrapalhar a equipe alemã, que tem o melhor carro, evidentemente. Aliás, depois do que vi em Sakhir, estou mudando de opinião: achava que Perez levaria meio segundo de Verstappen em todas as corridas (o que ainda seria melhor do que Albon, diga-se). Agora, já não sei. O mexicano ficaria atrás ao longo do campeonato, mas estaria próximo do holandês, e beliscaria resultados a frente dele aqui e ali. E, digo mais: se manteria sistematicamente à frente de Valtteri Bottas, o que certamente possibilitaria que a Red Bull lutasse, pelo menos, pelo título de construtores.

Temos, então, uma equipe com uma clara vaga, e um dos três melhores pilotos do grid atual da F1 sem vaga para o ano que vem. Ora, 1+1 é igual a quanto mesmo?

Bom, as cartas estão na mesa para Red Bull e Mercedes. Não lançar mão delas será um crime contra a F1, contra seus fãs e, principalmente, contra elas mesmas. É ver para crer.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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