F1 – Drive to Survive 2: a série continua boa, mas não espetacular

segunda-feira, 9 de março de 2020 às 16:56

Drive to Survive 2

Por Bruno Aleixo

Neste fim de semana, terminei de assistir à segunda Temporada de Drive to Survive, da Netflix. Me lembro bem da sensação de ver a primeira, no início do ano passado. Devorei os 10 episódios em apenas um dia. Dessa vez o impacto foi menor, e acabei gastando dois finais de semana.

Fiquei com uma sensação estranha, não sei explicar. Muita gente nas redes sociais declamando odes à série, dizendo que é incrível, que continua maravilhosa e tal. Confesso que achei tudo mais cansativo. Não ruim, é bom reforçar. A série continua sendo muito assertiva ao mostrar a F1 de uma maneira que não estamos acostumados. É impagável ver Toto Wolff conversando com Ciryl Abiteboul ao telefone, discutindo a contratação de Esteban Ocon enquanto o piloto, ansioso, aguarda o desfecho da conversa.

Wolff e Abiteboul, aliás, são dois dos personagens que se destacam nessa temporada. O austríaco da Mercedes, com fama de durão, acaba conseguindo mostrar um lado mais humano e menos fake, como o que vemos dando soquinhos para a câmera, nas transmissões. A forma como lida com o time e os pilotos é naturalmente admirável. Já Abiteboul consegue, por meio de seus depoimentos e reações, mostrar o tamanho da complexidade de se administrar um time como a Renault, com muito dinheiro e ainda sem resultados.

Por outro lado, personagens que despontaram na temporada passada acabaram perdendo o encanto na atual, justamente por se apresentarem como: personagens! Christian Horner é um que jamais parece sincero ao falar para a câmera. Seus depoimentos parecem ter sido cuidadosamente orquestrados para a Netflix e o tom de sua participação nos dois bons episódios focados na Red Bull em nada combina com a sinceridade transmitida por Pierre Gasly e Alex Albon. Mas a maior decepção, para mim, ficou por conta de Gunther Steiner. Se na temporada 1 o capítulo Haas foi o mais interessante, dessa vez o resultado foi o inverso, embora não tenha faltado material. A questão nebulosa envolvendo o patrocinador Rich Energy ganhou contornos de uma novelinha das 7, enquanto as insistentes ordens de equipe de Steiner durante a temporada ficaram em segundo plano. Ao invés disso, acompanhamos uma série de piadinhas infames e comentários desnecessários e desrespeitosos do dirigente em direção aos seus pilotos que, embora ruins, são inegavelmente profissionais. De longe, o pior episódio da temporada.

Outro destaque negativo foi o episódio focado na Williams. As razões pelas quais o carro não ficou pronto para os testes de Barcelona jamais foram devidamente esclarecidas, tornando nebulosa a demissão de Paddy Lowe (embora quem ouça o podcast Loucos por Automobilismo saiba muito bem os motivos).

O lado positivo é que Drive to Survive 2 continua investindo em um lado da Fórmula 1 que pouco aparece, o que é ótimo para a categoria. O último episódio (e o melhor, na opinião deste humilde colunista) é brilhante ao acompanhar a angústia dos integrantes da equipe McLaren enquanto aguardavam a decisão da FIA de punir ou não Lewis Hamilton em Interlagos, o que daria o pódio a Carlos Sainz. Também é comovente acompanhar a genuína felicidade de Pierre Gasly ao conseguir o segundo lugar no GP do Brasil, depois de uma disputa de tirar o fôlego contra Hamilton.

No fim, a pergunta é inevitável: independente do fato de ser sobre automobilismo (o que já garantiria nossa atenção), Drive to Survive é ou não é uma boa série? Eu continuo achando que sim, principalmente na difusão do esporte entre aqueles que não são fanáticos como nós. Porém, para as próximas temporadas, sinto que talvez seja necessário rever o formato, pensando em novas maneiras de apresentar as situações e personagens. Sem o impacto inicial, a chance de Drive to Survive parecer mais do mesmo é enorme. Tomara que consigam dar esse salto.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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