F1 – Decisão da Mercedes em Sochi foi certa ou errada?

quinta-feira, 4 de outubro de 2018 às 1:24

Bottas e Hamilton no pódio em Sochi

Por: Adauto Silva

Eu já havia escrito essa coluna inteira quando caiu a energia aqui antes de salvar, ou seja, tive que escrever tudo de novo.

Como eu sempre escrevo de uma tacada só, evidentemente esse texto não vai ficar igual ao outro, o que é uma pena, porque eu mesmo tinha gostado bastante do outro! Esse vai ser mais curto e com uma pitada de raiva por ter perdido o outro…

Afinal, a decisão da Mercedes em Sochi foi certa ou errada?

Não há uma resposta. O que há é uma explicação razoável para o que aconteceu. O que não é razoável é essa gritaria logo após a corrida como se os fãs de F1 nunca tivessem visto isso!

Compreendo que a maioria dos fãs não tenham gostado nem um pouco da atitude da Mercedes, afinal isso afronta o esporte. E a F1 é um esporte!

Mas é só um esporte?

Não, F1 também é um negócio global enorme. E é aí que começa o problema. Enquanto esporte é paixão, negócio é muito mais razão. Como equacionar paixão e razão em toda e qualquer situação?

Eu, apesar de ser um profissional que trabalha indiretamente com F1, sou antes de tudo um apaixonado por ela. Pra mim não tem nada igual, nenhum esporte que chegue perto.

O que me fascina na F1 é exatamente sua complexidade, tanto técnica quanto a mistura paixão / razão. E imagino que seja isso que fascina você e os milhões de outros fãs da categoria. Não vejo outra explicação para tamanha superioridade da audiência da F1 em relação a qualquer outra categoria do automobilismo, que inclusive são mais fáceis de entender, mais equilibradas e muito mais perto do mundo real, além de não terem ordens de equipe…

Mas não há comparação, a F1 tem 20, 30x mais audiência que qualquer outra. Aqui no Autoracing a segunda maior audiência é a MotoGP, que nem automobilismo é, mas sim motociclismo. De qualquer maneira, mesmo a MotoGP sendo espetacular como é, sua audiência não faz cócegas na da F1. Nem aqui e nem em lugar nenhum do mundo.

É muito difícil distinguir o que é razão e o que é paixão na F1. Mas quando você sabe que lá estão apenas as 10 melhores equipes e os 20 melhores pilotos do mundo em todas as áreas do automobilismo e da industria automotiva, desde o ajudante de mecânico até o chefe de equipe, passando pelos engenheiros, pilotos, patrocinadores, gestores, logística, carro, pneus e etc, fica difícil você não pegar o vírus dessa coisa!

Assim como eu, você sabe que um carro de F1 é uma joia única, exclusiva. Absolutamente tudo naquele foguete, desde o menor parafuso, foi feito exclusivamente para ele ter a melhor performance que um carro de corrida pode alcançar. Um piloto de F1, não se engane, é um “motorista sobrenatural”, uma vez que é extremamente difícil extrair toda a performance de um carro único e espetacularmente rápido como um F1 durante uma volta inteira, imagine durante uma corrida.

Só estar na categoria já é considerado uma vitória, uma vez que uma equipe para participar da F1 precisa ter um orçamento anual de pelo menos USD 200 milhões. Para vencer são USD 400 milhões. E esse monte de dinheiro, além de atrair os melhores pilotos e profissionais do esporte, gera uma pressão quase insuportável para pessoas comuns.

É preciso ser forte para chegar na F1 e é preciso ser ainda mais forte para se manter nela.

Dito tudo isso, vamos ao fato que ocorreu em Sochi.

Antes de mais nada, eu preciso dizer que sou contra ordens de equipe. Até certo ponto…

Como assim? Eu acho que todas as equipes devem dar a seus dois pilotos o mesmo tratamento, equipamento e a melhor estratégia possível. Mas a partir de um certo ponto da temporada – geralmente nas corridas finais -, se você estiver disputando o título contra um piloto de outra equipe, você deve sim privilegiar o piloto que estiver diretamente na disputa, fazendo com que o outro trabalhe para a equipe, mesmo que para isso ele eventualmente acabe sendo prejudicado.

E foi essa a situação exata em que a Mercedes ficou em Sochi. A ideia era deixar seus pilotos correrem livremente. Se não fosse, a troca de liderança seria feita na parada para os pneus, Era só parar Lewis duas a três voltas antes de Valtteri e pronto, o undercut estaria feito sem ninguém se horrorizar.

Mas quando Vettel começou a chegar em Hamilton e a equipe viu um início de formação de bolhas em seus pneus, eles tiveram que tomar uma decisão. Deixar tudo como estava e arriscar ver seu piloto principal ser ultrapassado perdendo 3 pontos de vantagem, ou mandar trocá-los de posição e ver sua vantagem abrir mais 10 pontos no campeonato?

Obviamente a razão mandou fazer a troca.

Mas a emoção depois deixou todos na equipe com cara de bunda.

Opa, uma tentativa bem sucedida antes de publicar!

Eu: Pode falar?
Dude: Manda!
Eu: O que você achou de tudo isso?
Dude: Fizemos o que tínhamos que fazer!
Eu: Mas não pegou mal?
Dude: O que você acha?
Eu: Os fãs ficaram meio putos…
Dude: Os nossos fãs ficariam mais se perdermos o campeonato.
Eu: Difícil…
Dude: Exato, agora ficou 10 pontos mais difícil.
Eu: Kkkkkkkkk
Dude: Agora você ri. Queria ver você rir na hora lá!
Eu: Você sabe que eu teria feito a mesma coisa.
Dude: Vai escrever sobre isso?
Eu: Já escrevi duas vezes!
Dude: Como assim?
Eu: Deixa pra lá…
Dude: Cuidado.
Eu: Pode deixar. E lá em Suzuka?
Dude: Não tenho a menor ideia. Não esperávamos ganhar as duas últimas.
Eu: Como as coisas estão mudando rápido!
Dude: Para você ver. Não se pode dar chance ao azar, não tem nada garantido.
Eu: Realmente…
Dude: Vou entrar no voo agora!
Eu: Onde você está?
Dude: Tóquio, estamos em conexão.
Eu: Boa sorte!
Dude: se cuida!

Adauto Silva
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