F1 – Coletivas de imprensa da FIA viraram piada

sexta-feira, 23 de maio de 2014 às 19:40
Coletiva de imprensa Mônaco 2014

Coletiva de imprensa dos diretores de equipe - Mônaco 2014

Por: Corredor X

Este tipo de evento em geral é um completo desperdício de tempo, mas em Mônaco afundam para um novo nível. A atenção aos detalhes da F1 é extremamente aleatória. Se por um lado, a FIA determinou um pódio padrão – para evitar variações embaraçosas em algumas pistas como troca de bandeiras e/ou de hinos -, por outro a coletiva de imprensa, que é um dos raros momentos em que os jogadores-chave da F1 estão abertos ao questionamento da mídia mundial, está se tornando patética.

Assistir ambas as coletivas dos pilotos e diretores das equipes em Mônaco, foi como assistir peças escolares de escola primária. As pessoas falam e os microfones não estão abertos, tem gente assobiando ao redor da sala de vez em quando e, mais ridículo que isso, inúmeras vezes os que estão sendo questionados não conseguem ouvir as perguntas.

Tudo bem que nesses eventos ninguém quer responder perguntas muito difíceis, mas a qualidade de entrega técnica está triste.

As coletivas são presididas por um “mestre de cerimônia” invisível, que quase sempre é James Allen, ou David Croft ou Bob Constanduras.

O evento começa com o mestre de cerimônia geralmente fazendo uma mesma pergunta para todos responderem. Ele então faz uma segunda pergunta diferente para cada entrevistado, em seguida, as perguntas são abertas aos jornalistas.

Há alguns repórteres regulares que fazem perguntas na maioria dos eventos, então há os meios de comunicação locais, que em geral são absolutamente inúteis. Eles claramente não escrevem regularmente sobre F1 e muitas vezes fazem perguntas sobre questões já batidas. Além disso, apesar de repetidamente serem solicitados pelo mestre de cerimônia a darem seu nome e publicação, a maioria desses infelizes não consegue nos dar essa informação.

Quem acompanha o campeonato de futebol inglês deve saber quem é Brian Woolnough, que infelizmente faleceu recentemente. Brian era famoso entre seus pares por fazer as perguntas difíceis, sem levar em consideração se elas iriam favorecer ou não o entrevistado.

Não importava a Brian se ele estava questionando o técnico da Inglaterra, o altamente irritável Sir Alex Ferguson, ou um gerente humilde do Norwich City. Ele ia direto ao ponto e fazia a pergunta.

Tal era a tenacidade de Woonlnough, que mesmo Alex Ferguson lhe fez uma homenagem post mortem, quando disse: “Ele fazia as perguntas boas, às vezes boas demais!”

Na Fórmula 1 não há ninguém desta estatura ou coragem. Parece que Joe Saward e Adam Cooper estão acima das expectativas destas coletivas de imprensa. Sim, o evento é em todo banal, no entanto, esses dois homens sozinhos têm mais de meio século de conhecimento de F1 entre eles e dado a suas inclinações, seriam capazes de colocar os entrevistados contra a parede.

Parte do problema é o formato do evento. Você não pode fazer perguntas complementares, o que resulta em longas perguntas tentando “cobrir todas as opções de multi-escolha para o freguês”.

Isso permite que os entrevistados ofereçam respostas evasivas e fujam facilmente de qualquer coisa que pode ser de fato apontada.

Uma solução seria oferecer aos repórteres “não-profissionais” de F1 uma coletiva de imprensa separada e não televisionada, e realizar um evento menor e mais profissional, que seria televisionado. Além disso, aqueles com passes de imprensa anuais deveriam ser obrigados a participar de um número mínimo desses encontros a cada ano, como parte de um dos critérios de qualificação.

Há um punhado de repórteres de F1 que oferecem um vislumbre de esperança de que uma coletiva de imprensa devidamente organizada pela FIA poderia ser algo de valor e interesse para os fãs da F1 em todo o mundo. Destacam-se Dieter Rencken, Michael Schmidt e Ian Parks – da Press Association.

Ontem, Dieter Rencken conseguiu colocar Christian Horner na parede quando desafiou a resposta anterior que ele tinha dado e corrigiu publicamente os fatos de Horner, sobre questões de premiação totalmente desproporcionais para as equipes.

Não foi nada do outro mundo, mas pelo menos mostrou que Rencken estava bem preparado neste aspecto, diferente da maioria, que é preguiçosa e não quer perder sua “boquinha” para se divertir em 19 fins de semana por ano.

Se Bernie e a FIA querem apimentar o show, eles têm que dar aos fãs eventos de imprensa onde perguntas adequadas impeçam os entrevistados de terem respostas prontas de seus departamentos de relações públicas.

Muito foi perguntado, mas pouco foi dito ontem sobre controle de custos, já que os diretores das equipes se esconderam por trás do sigilo de suas discussões “privadas” em curso. As perguntas foram muito fáceis de desviar, embora uma pergunta fechada simples pudesse ter conseguido que a discussão caminhasse.

Somos regularmente informados que em termos de audiência a F1 só perde para as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Futebol. Sendo este o caso, as coletivas de imprensa da FIA são um triste reflexo do quanto o esporte é mal administrado.

Nota do editor: o Corredor X não conhece nenhum jornalista esportivo brasileiro que vá direto ao ponto e faça perguntas diretas e às vezes inconvenientes aos entrevistados, por isso ele deu o exemplo do jornalista britânico Brian Woolnough. Um absurdo…

AS - www.autoracing.com.br

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