F1 – A arma secreta da McLaren

quinta-feira, 18 de novembro de 2010 às 13:46
O desenvolvimento dos motores na Fórmula 1 pode estar proibido até 2013, com a busca por eficiência de Max Mosley e da FIA não devendo reverter o congelamento além disso, mas isso não impediu que as equipes analisassem todos os outros meios de extrair décimos cruciais de suas unidades V8.

A McLaren não é exceção. Por baixo da carenagem dos carros da equipe, energia de um tipo diferente está sendo controlada e convertida em tempo de volta puro pela sua nova arma secreta.

O New Technology Mobil 1, coloquialmente conhecido por “tempo de volta enlatado” nos círculos de engenharia da McLaren, é a nova combinação de mistura de combustível e óleo da equipe, introduzida pela primeira vez em Silverstone após pesquisas e desenvolvimento extensos com a parceira ExxonMobil.

A nova mistura melhora a função tradicional dos óleos lubrificantes, reduzindo o desgaste e melhorando a confiabilidade dos componentes, proporcionando um custo benefício maior no contexto do congelamento dos motores entre 2008 e 2013, caixas de câmbio de longa duração e a necessidade dos motores durarem duas provas.

Lewis Hamilton

Mas onde a McLaren e a ExxonMobil deram um passo à frente significativo em termos de performance é na redução da quantidade colossal de energia que escapa do motor, enquanto seus pistões e rotores – que enfrentam um violento ciclo de combustão de 19 mil giros e forças de quase 9 mil vezes a da gravidade – se movimentam pelo líquido que foi colocado para preservá-los e impedir que se quebrem.

“O novo óleo ajuda em termos de confiabilidade, mas temos de lembrar que, enquanto você tem partes girando em alta velocidade pelo óleo, ainda existem perdas”, explica o diretor de gerenciamento da McLaren, Jonathan Neale. “Portanto, encher tudo com óleo não é inteligente do ponto de vista do peso. Também há perdas causadas por partes motorizadas girando por um líquido viscoso”.

“O que queremos fazer é utilizar a quantidade mínima de óleo necessária para manter um filme nas áreas onde precisamos. Se você imaginar a parte inferior de um pistão se movendo pelo óleo viscoso, existirão perdas apenas pela movimentação pelo líquido. Então, você realmente quer utilizar a menor quantidade de óleo possível, mas quer uma película muito fina em todos os lugares que realmente precisam”.

“É um pouco como tentar correr na lama. Se você está correndo em chão firme que está cheio de lama, correrá em um líquido raso e viscoso. Como resultado, conseguirá ir muito mais rápido do que se estivesse tentando correr na lama funda”.

A composição exata do New Technology Mobil 1 continua sendo um segredo muito bem guardado. Basta dizer que a ExxonMobil produziu uma mistura que lubrifica os componentes o suficiente para prevenir o desgaste, mas usando um líquido significativamente mais fino. Ele visa os componentes que mais precisam – motor, caixa de câmbio e rolamentos de roda – e permite que a energia de seria perdida pelos rotores se movimentando por um líquido viscoso seja transferida para outras áreas do carro, principalmente as rodas traseiras, onde gera torque e tração, melhorando significativamente os tempos de volta.

“O que nossos parceiros na ExxonMobil conseguiram nos proporcionar é uma maior eficiência do motor seja transferida para as rodas traseiras, e que menos seja consumida pelas partes motorizadas no óleo”, explica Neale. “Portanto, os óleos estão se tornando cada vez menos viscosos, mas eles ainda proporcionam uma película de óleo muito boa. E isso realmente traz benefícios nos tempos de volta”.

Heikki Kovalainen

Com a tentativa da Fórmula 1 de reduzir custos e tornar a categoria mais ecológica, os desenvolvimentos na performance do motor e na eficiência estão começando a desafiar a antiga filosofia de que o carro de corrida perfeito é aquele que recebe a bandeira quadriculada primeiro e então se desintegra.

“Se você considerar a visão de Colin Chapman da Fórmula 1, se seu carro for um metro além da linha de chegada, está carregando coisas desnecessárias nele”, diz Neale. “Mas a realidade é que, hoje em dia, existem punições pesadas pela falha em alcançar a confiabilidade. A Fórmula 1 nunca foi tolerante às falhas. A Ferrari mostrou por muitos anos que era inteiramente possível manter altos níveis de engenharia sem comprometer a alta confiabilidade”.

“Me lembro dos dias em que costumávamos aparecer na Austrália e apenas 40 por cento dos carros terminava a prova, enquanto os outros 60 por cento ficavam pelo caminho em algum lugar. Esses dias ficaram para trás; agora, esperamos que não exista perda de performance, melhoria contínua e confiabilidade muito alta também”.

Apesar de grandes passos terem sido dados no desenvolvimento, ainda não há substituto para um piloto de primeira classe ao volante – como Lewis Hamilton demonstrou claramente em Silverstone no último domingo.

“Em uma corrida afetada pela chuva, como o GP da Inglaterra, a contribuição de seu piloto é muito grande. A habilidade em se concentrar quando está em um carro que está continuamente tentando sair do controle é extremamente importante. Ele está tentando ultrapassar retardatários e simultaneamente encontrar áreas secas onde os pneus tenham aderência – e então, nas retas, tenta resfriar os pneus, também tomando cuidado com eles”.

“Em condições semi-secas, é muito fácil perder vários segundos de performance dos pneus. Passamos semanas, meses e anos tentando melhorar nosso carro em alguns décimos de segundo, mas um erro do piloto ou uma falha dele em otimizar o processo de cuidar dos pneus pode arruinar tudo. Como vimos em Silverstone, havia alguns carros e pilotos andando com uma diferença de quatro, cinco ou mesmo seis segundos por volta na performance”.

Christopher Hayes

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