F1 2016: O título vai estar em boas mãos

quinta-feira, 17 de novembro de 2016 às 16:35
Hamilton e Rosberg

Hamilton e Rosberg

Colaboração: Alexandre Costa

No próximo domingo em Abu Dhabi o mundo vai saber se Lewis Hamilton vai se tornar tetracampeão ou se Nico Rosberg vai se tornar o segundo filho de um campeão mundial a conquistar o título mundial da categoria máxima do automobilismo mundial. Independentemente de quem ficar com o título, em minha humilde opinião a taça vai estar em boas mãos, pois ambos os pilotos da Mercedes fizeram por merecer este ano.

É bem verdade que alguns podem contestar minha opinião dizendo que Rosberg teve uma temporada praticamente perfeita, com apenas um abandono (GP da Espanha) e uma penalidade na classificação (troca da caixa de câmbio) no GP da Áustria, enquanto Hamilton teve problemas de largada na Austrália, Bahrein, Itália e Japão, além de problemas de confiabilidade no motor na China, Rússia, Bélgica (trocas de motor) e Malásia.

A verdade é que isso realmente não faz a menor diferença, pois no automobilismo azares e problemas fazem parte do jogo, lembrando que na temporada de 2015, Rosberg teve mais problemas de confiabilidade em seu carro do que Hamilton, o qual só não completou a corrida de Cingapura, enquanto Nico abandonou na Itália e na Rússia.

Voltando a atual temporada, Rosberg elevou o nível de pilotagem, isso ficou bem nítido com performances excepcionais em Cingapura e no Japão, corridas em que ele colocou o piloto inglês no bolso tanto na classificação quanto na corrida, inclusive arrancando elogios do chefe Toto Wolf, o qual declarou que esse é o melhor de Nico Rosberg que ele já viu desde que o piloto alemão se juntou a equipe de três pontas.

Nas corridas em que Hamilton sofreu com problemas de confiabilidade, Rosberg foi capaz de aproveitar bem todas as oportunidades e emplacar vitórias importantes nas corridas da China, Rússia, Azerbaijão e Bélgica. Mesmo com o piloto inglês fora de combate pela vitória nas corridas mencionadas acima, Rosberg poderia ter cometido erros e não ter aproveitado essas oportunidades para construir uma vantagem importante no campeonato, porém fez o que se esperava dele, ou seja, venceu por méritos próprios e isso ninguém pode contestar. É por isso que afirmo que se o título ficar com Rosberg em Abu Dhabi, vai ser totalmente merecido, pois nós que acompanhamos esse esporte há um bom tempo sabemos que nenhum campeão pode ser desmerecido. Há quem ache injusto Rosberg ser campeão, mas pela atitude que teve esse ano, inclusive de engrossar o caldo para cima de Hamilton na Espanha e na Áustria, demonstram que o piloto alemão deseja esse título de todas as formas.

Porém caso Hamilton se consagre tetracampeão em Abu Dhabi, faço questão de repetir: o título vai estar em boas mãos também. Isso porque o piloto inglês apesar de todas as adversidades que enfrentou ao longo da temporada é um esportista que não joga a toalha fácil e luta até o final com tudo o que tem a seu favor, ou seja, o seu enorme talento e a capacidade de reagir em momentos críticos.

O melhor exemplo foi o que aconteceu após a catástrofe na corrida da Espanha, onde ambos os pilotos colidiram e abandonaram a etapa. Naquele momento, Rosberg vinha de quatro vitórias consecutivas e com uma vantagem de 43 pontos para Hamilton, o qual estava vivendo um inferno astral e ainda não tinha conquistado nenhuma vitória. Após o acidente, alguns especialistas davam o piloto inglês como derrotado e Rosberg como o campeão, pois o psicológico de Hamilton estava em curto circuito.

Em Mônaco finalmente veio a reação do piloto inglês, mesmo tendo enfrentado um problema na classificação, o qual tirou a chance de Hamilton lutar pela pole. Na corrida, a chuva deu o ar da graça pela primeira vez na temporada e após uma ordem da Mercedes, Rosberg cedeu passagem a Hamilton para que a equipe tivesse uma chance de vitória contra a Red Bull de Daniel Ricciardo, o qual estava disparado na frente devido à falta de ritmo de Rosberg. Hamilton arriscou uma estratégia diferente de todos e aproveitou-se de uma trapalhada da Red Bull e venceu pela primeira vez na temporada, enquanto Rosberg foi apenas o sétimo, reduzindo uma diferença de 43 pontos para 24.

E aí a história do Mundial começou a mudar de mão, pois Hamilton emplacou seis vitórias em sete corridas (só teve um percalço no Azerbaijão) vencendo em Mônaco, Canadá, Áustria, Inglaterra, Hungria e Alemanha, fazendo com que ele assumisse a liderança do campeonato com 19 pontos de vantagem. Com o recesso das férias de verão, os especialistas afirmavam que o cenário de 2014 estava se repetindo, ou seja, apesar de um começo de temporada apático, Hamilton reagiu e colocou Rosberg no bolso e ninguém acreditava que Nico iria reverter o jogo.

Mas na volta das férias, Rosberg emplacou 4 vitórias em cinco corridas (Bélgica, Itália, Cingapura e Japão) tendo apenas um percalço na Malásia. Foi capaz de reverter uma desvantagem de 19 pontos e ainda de quebra abrir 33 pontos de frente após a corrida de Suzuka, a qual todos diziam que Hamilton sentiu o nocaute, pois com essa vantagem Rosberg não precisava mais vencer, bastando apenas três segundos lugares e um terceiro para ser campeão, mesmo que Hamilton fosse o vencedor das últimas quatro corridas.

E quando tudo parecia perdido para Hamilton depois do estouro do motor na Malásia e há quem acreditasse que o piloto inglês não iria mais reagir, ele provou novamente que é um osso duro de roer, pois venceu as três últimas corridas (EUA, México e Brasil). Reduziu uma diferença de 33 pontos para 12, impedindo que seu companheiro de equipe se consagrasse campeão por antecipação. Porém mesmo que vença em Abu Dhabi, Hamilton precisa contar com a sorte, ou seja, torcer para que Rosberg não chegue ao pódio e isso aconteceu apenas nas etapas de Mônaco (sétimo), Áustria (quarto) e Alemanha (quarto).

Para se consagrar tetracampeão, Hamilton pode contar com a ajuda da dupla da Red Bull para se colocar entre ele e Rosberg, pois a equipe dos energéticos provou que pode incomodar ainda mais com o jovem e talentoso holandês Max Verstapen. Torcer por uma falha mecânica de Rosberg é algo que eu não acho correto e vai contra os meus princípios, então não vou entrar nesse mérito, porém caso isso aconteça faz parte desse esporte como já citei no começo do texto.

Então independentemente de Hamilton ou Rosberg saírem de Abu Dhabi com a taça de campeão da F-1 este ano, por tudo o que fizeram, o título da categoria vai estar em boas mãos, pois ambos os pilotos da Mercedes fizeram por merecer ao longo da temporada.

Alexandre Costa
Sorocaba – SP

Quer ver todos os textos de colaboradores? Clique AQUI

Os artigos publicados de colaboradores não traduzem a opinião do Autoracing. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre automobilismo e abrir um espaço para os fãs de esportes a motor compartilharem seus textos com milhares de outros fãs.

AS - www.autoracing.com.br

Tags
, , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.