Esse é o ano de Nico Rosberg?

segunda-feira, 18 de abril de 2016 às 14:04
Nico Rosberg, vencedor das 3 primeiras corridas de 2016

Nico Rosberg, vencedor das 3 primeiras corridas de 2016

Colaboração: Alexandre Costa

Vou iniciar esse texto voltando um pouco no tempo, ou seja, o GP dos EUA de 2015 após Lewis Hamilton conquistar a vitória e consequentemente o tricampeonato mundial de F-1.

Rosberg liderava a corrida e a poucas voltas do final cometeu um erro perdendo a chance de adiar a conquista do título de seu companheiro de equipe. Na antessala que os pilotos tomam água e conversam um pouco antes de se encaminharem ao pódium, Hamilton pega o boné designado ao segundo colocado e joga no colo de Rosberg que até o momento estava perdido em seus pensamentos, muito provavelmente se martirizando pelo erro cometido a poucos momentos atrás na corrida.

Nico não recebe de forma esportiva o gesto de Hamilton e atira o boné contra o companheiro, tudo isso presenciado pelo diretor técnico da equipe Mercedes, Paddie Lowe que sente o clima explosivo entre seus dois pilotos e lança um olhar de reprovação a Rosberg.

É nesse momento que algo realmente mudou na atitude de Rosberg com relação a Hamilton, pois o piloto alemão poderia ter sucumbido diante do abismo que o cercava e, quanto mais você olha para o abismo, mais o abismo olha para você, Rosberg decidiu que a melhor resposta que poderia dar a seu companheiro de equipe seria na pista. E a partir da próxima corrida foi o que colocou em prática de forma competente.

Após o GP dos EUA, o calendário de 2015 da F-1 ainda contava com os GP’s do México, Brasil e Abu Dhabi. Nessas três etapas, Nico Rosberg não deu a menor chance a Lewis Hamilton, ou seja, fez as três pole positions e conquistou a vitória sem dar a menor chance ao piloto inglês que acabava de se tornar tricampeão. A grande maioria imaginou que Hamilton iria faturar as três últimas etapas e aumentar ainda mais a festa de seu título, mas Rosberg reagiu da melhor forma possível após o episódio do boné.

Li e ouvi algumas pessoas dizendo: Rosberg só cresceu no momento que o campeonato estava decidido, enquanto estava em jogo não foi páreo ou não criou dificuldades para Hamilton. De fato o ano de 2015 comparado ao de 2014, Rosberg realmente foi muito menos combativo na luta pelo título e quase colocou o vice-campeonato em risco devido a problemas mecânicos em seu carro e devido a seus erros de pilotagem, porém terminou 2015 da melhor maneira possível e com chave de ouro, deixando Hamilton um tanto preocupado para 2016, pois o piloto alemão não deu a menor chance nas últimas três etapas.

Na etapa de abertura de 2016, Hamilton parece que não vai dar chances a Rosberg, liderando todos os treinos e conquistando a pole com mais de meio segundo para seu companheiro de equipe. Mas assim que as luzes se apagaram e o Mundial teve seu início a estrela do piloto alemão começou a brilhar e a do piloto inglês a ficar ofuscada. Ambas as Mercedes não largaram bem com as duas Ferraris pulando na frente, enquanto na primeira curva Rosberg dá uma leve espalhada em Hamilton que é obrigado a tirar o pé para evitar um toque e cai para a nona colocação. Lance normal de corrida, uma vez que Hamilton usou desse mesmo recurso inúmeras vezes contra Rosberg em 2015.

Mesmo com o problema na largada, Rosberg contou com a sorte e competência para iniciar o campeonato vencendo e vendo Hamilton se contentar novamente com um incômodo segundo lugar (pela quarta vez consecutiva). O piloto inglês ainda disse que o importante era marcar pontos importantes para o campeonato e que já viveu situação pior em 2014 com Rosberg vencendo e ele abandonando com problemas em seu carro.

Na etapa seguinte no Bahrein, Rosberg liderou todos os treinos, mas perdeu a pole para Hamilton. Nenhuma preocupação, pois o piloto alemão disse que na corrida poderia ter uma chance se fizesse uma boa largada. E foi exatamente o que fez, aproveitando que Hamilton largou mal novamente. Novamente a estrela de Rosberg brilhou enquanto a do piloto inglês fosse novamente ofuscada e ainda recebesse um forte golpe com a colisão da Williams de Valteri Bottas, o qual freou muito tarde e o contato foi inevitável.

Rosberg rumou para a segunda vitória na temporada (a quinta consecutiva) enquanto Hamilton com avarias em seu carro não foi capaz de atacar a Ferrari de Kimi Raikkonen e terminasse na terceira colocação. A diferença entre ambos estava em 17 pontos e, diferente de 2014, Hamilton não foi capaz de começar a descontar a diferença e sim a ver aumentar após a primeira corrida. Os erros na largada estavam começando a custar caro para o piloto inglês, enquanto Rosberg saboreava mais um final de semana perfeito.

A terceira etapa do Mundial seria disputada na China, onde se pese que o retrospecto de Hamilton é praticamente impecável: 5 poles e 5 vitórias contra uma pole e uma vitória de Rosberg. Seria o lugar ideal para começar a virada no campeonato certo? Errado, pois a Mercedes achou melhor trocar o câmbio do carro do piloto inglês após a colisão com Bottas na etapa do Bahrein. Com isso, Hamilton seria punido com a perda de 5 posições no grid de largada, ou seja, mesmo se conquistasse a pole, iria largar apenas na sexta posição na terceira fila. A partir deste momento, declarou a imprensa que Rosberg teria vida fácil. Mas certamente o piloto alemão não tem culpa com relação a esse problema.

Como se tudo isso ainda não bastasse, logo no Q1, um problema na unidade de recuperação de energia do carro de Hamilton, impede que o piloto inglês tenha a oportunidade de marcar uma volta cronometrada, sendo obrigado a abandonar o treino classificatório e largar na última posição, enquanto Rosberg fatura a primeira pole-position da temporada.

Novamente a estrela de 3 pontas do carro do piloto alemão brilha de forma muito forte, enquanto a estrela do carro do piloto inglês está em um processo de eclipse cada vez maior, pois além de largar de último, logo na segunda curva se envolve em um contato com o brasileiro Felipe Nars e o equilíbrio do carro fica comprometido, não sendo capaz de nada melhor do que um sétimo lugar, enquanto Nico Rosberg vence a terceira corrida da temporada (a sexta consecutiva) abrindo confortáveis 36 pontos de vantagem para Hamilton.

É importante dizer e ressaltar que Rosberg está com um início de campeonato que Hamilton jamais teve nos anos que conquistou os títulos em 2014 e 2015, além de que eu não me lembro de um piloto que conquistou dois títulos consecutivos iniciar um campeonato acompanhado de tamanho azar e problemas em largadas.

Muitos podem dizer que Hamilton pode reverter essa diferença de 36 pontos e conquistar o tetracampeonato, pois em 2014 ele reverteu uma diferença de 29 pontos (após o GP da Bélgica), emplacando uma sequência de cinco vitórias consecutivas. Mas agora é diferente. Rosberg conhece bem melhor seu adversário e companheiro de equipe e, na minha humilde opinião, Hamilton não vai ter vida fácil para reverter essa vantagem que Rosberg conquistou não somente com sorte mas com competência, pois não cometeu nenhum erro enquanto esteve na liderança das corridas. São méritos seus e isso é incontestável!!!!!

Termino esse texto perguntando a vocês e deixando a discussão em aberto: Esse é o Ano de Nico Rosberg?

Até o momento tudo leva a crer que sim, porém só o tempo é o senhor das respostas.

Alexandre Costa
Sorocaba – SP

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