Entendendo Bernie Ecclestone e os prêmios da F1

terça-feira, 4 de novembro de 2014 às 1:44
Bernie Ecclestone

Bernie Ecclestone

Tentar entender o raciocínio de Bernie Ecclestone não é fácil, mas há muita gente no paddock tentando isso há anos.

Além de tudo, as relações pessoais, por vezes confundem a questão, e Ecclestone é mestre em fazer pequenos atos individuais de generosidade e bondade ao longo do tempo.

Ecclestone não é um homem do século 21, e pode ser que ele não consiga perceber o poder da internet. Seu modus operandi desde sempre é fazer comentários que causem forte efeito na “mídia local”, mas suas palavras são frequentemente consumidas pela comunidade global e pelos fãs da F1, o que muitas vezes deixa um promotor de corrida em situação difícil

Frequentemente vemos Ecclestone fazendo declarações contraditórias em períodos curtos de tempo, que fazem com que ele pareça tolo.

No entanto, há sempre uma agenda qualquer palavra que Bernie profere.

Claramente Ecclestone, quando ameaçado pelo que teria sido um boicote desastroso da corrida em Austin da Lotus, Sauber e Force India, parece que foi forçado a admitir esta semana que “o problema é que há muito dinheiro sendo mal distribuído, provavelmente minha culpa, mas como muitas pessoas fazem os acordos, eles pareciam uma boa ideia naquele momento”.

Esta declaração contradiz o mantra de Mr. E que todas as equipes têm “mais dinheiro do que Deus”, além de outro ditado que ele gosta de afirmar: “As equipes de não devem gastar mais do que ganham”.

Durante o fim de semana de Austin as equipes menores revelaram um pouco do conteúdo de uma carta que tinham enviado para Jean Todt no início do ano (que o Autoracing publicou aqui), que listava os custos para comprar motor, construir um carro e correr com um mínimo de desenvolvimento.

USD 120 milhões é o número mágico.

Além disso, Gerard Lopez revelou na coletiva de imprensa da FIA que há equipes que recebem USD 160-170 milhões do esporte apenas por participar. No entanto, a Marussia tem a receber cerca de USD 45 milhões por terminar em nono e portanto, terá que “encontrar” outros de USD 75 milhões em 2015 apenas para cumprir suas obrigações com o calendário da F1.

Uma equipe que termina o campeonato em 11º pode ter cerca de USD 100 milhões que precisa encontrar, além das taxas de participação de USD 35 milhões que “pode” receber. Isso só é pago se a equipe terminou entre os 10 primeiros nos 2 dos últimos 3 anos.

Gerard Lopez disse que grande parte deste custo foi imposto sobre as equipes. O item único mais caro é o motor, que está em algum lugar ao redor dos USD 25 milhões. Ou seja, as equipes menores não estão sendo frívolas.

A ameaça das três equipes menores que permanecem no esporte – apesar do tom inicial de desprezo de Ecclestone – parece tê-lo preocupado, porque como com qualquer vítima acuada em um canto – elas têm pouco a perder.

Foi relatado que o boicote à corrida só foi evitado por Ecclestone ter concordado que “algo tem de ser feito” 90 minutos antes de as luzes vermelhas se apagarem. Bob Fernley confirmou que “o fato do problema ter sido reconhecido é o suficiente para o momento de sermos capaz de progredir.”

No entanto, a ameaça de um boicote da Lotus, Sauber e Force India agora paira sobre Brasil e Abu Dhabi, a menos que Ecclestone mova o problema para a frente.

Na verdade, as declarações de Ecclestone sobre a desigualdade da distribuição dos lucros foi inteligente. Ele coloca a responsabilidade nas equipes grandes para “rasgar seus contratos” com a FOM e se focarem no total de dinheiro distribuído pela entidade (cerca de USD 850 milhões), que seria suficiente quando se considera o USD 1,7 bilhão de faturamento do esporte a cada ano.

Então, mais uma vez, Ecclestone está em um caminho para dividir e conquistar.

Bernie voltou firmemente a bola para as equipes, informando que é o problema é delas, ao mesmo tempo em que afirma: “Nós vamos ter que fazer algo sobre isso.”

Como o dinheiro é distribuído?
A última edição da revista britânica Autosport fornece estimativas corroboradas por fontes muito precisas, mas não confirmada pelas equipes, de como foram os pagamentos da em relação ao ano de 2013 pela FOM.

Para a equipe mais antiga e mais bem sucedida do esporte – a Ferrari – foram pagos USD 32 milhões de bônus e USD 62 milhões como “parte especial dos lucros”, e o valor total foi estimado em USD 166 milhões.

Depois veio a Red Bull (USD 162 milhões), McLaren (USD 95 milhões), Mercedes (USD 92 milhões), Lotus (USD 65 milhões), Force India (USD 59 milhões), Williams (USD 56 milhões), Sauber (USD 52 milhões) e Toro Rosso (USD 50 milhões).

A Caterham, de acordo com a estimativa, recebeu USD 31 milhões e a Marussia USD 10 milhões – menos da metade do custo do fornecimento dos motores.

A Marussia, que estava em nono lugar no campeonato deste ano antes de entrar em concordata, receberia muito mais na próxima temporada – possivelmente algo em torno de USD 45 milhões – se conseguir manter sua posição.

Além destes prêmios em dinheiro, patrocínio e aporte de acionistas representam as outras principais fontes de receita para as equipes, cujos orçamentos variam enormemente.

AS - www.autoracing.com.br

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