Entenda porque as regras da F1 mudam de tempos em tempos

sexta-feira, 29 de novembro de 2013 às 15:47
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Fórmula 1

Já imaginou um F-1 sem qualquer restrição por parte da FIA para que projetistas e engenheiros coloquem em prática suas mais recentes inovações? Considere então o desempenho de um carro com chassi sem apêndices aerodinâmicos, com pneus largos, as asas ainda sem aquelas restrições relativamente sofisticadas de meados dos anos 70/80, efeito solo em toda a aerodinâmica do carro e saias laterais (e talvez até mesmo um ventilador traseiro), em conjunto com um potente motor turbo de 1,5 litros, suspensão ativa, telemetria de primeira linha e outras melhorias do mundo tecnológico.

A combinação mais poderosa das tecnologias seria o efeito solo e a suspensão ativa. O efeito solo baseia-se tecnicamente em uma altura muito baixa mas consistente para o carro ser mantido no solo pela suspensão, para que o efeito de pressão do ar sugue o carro para baixo seja feito de forma perfeita. Já a suspensão ativa é projetada para manter o carro na mesma altura o tempo todo para maximizar o desempenho da aerodinâmica em diferentes tipos de traçados. A combinação dessas duas tecnologias permitiria que os carros tivessem não necessariamente uma maior velocidade em linha reta, mas os ganhos de velocidade em curvas seriam enormes e extremamente perigosos. Basta imaginar esses carros contornado curvas extremamente velozes como a Parabólica em Monza ou como a antiga Peraltada no México.

Em princípio a ideia parece ser ótima, mas na realidade seria completamente perigosa e colocaria a segurança de muitas vidas em risco e, mesmo um piloto de grande talento como Gilles Villeneuve seria intimidado pela performance e altíssima velocidade atingida pelos carros. Para se ter condições de pilotar um carro com todas essas tecnologias, os pilotos seriam obrigados a usar macacões especiais (de pressão, modelo parecido com o utilizado pela força aérea) para evitar que se ocorram desmaios após seis ou sete curvas devido a intensidade da Força G.

Além disso, os pilotos muito provavelmente teriam também que aprimorar ao máximo seus reflexos, pois com o aumento da velocidade, consequentemente o tempo de reação seria menor para se tentar qualquer tipo de manobra. A segurança das pistas teriam também que ser totalmente diferentes, ou seja, guard-rails e áreas de escape especiais teriam que ser construídos para garantir a segurança dos pilotos no caso de um acidente, pois o risco para pilotos e espectadores seriam enormes e, as consequências de um carro se acidentar a mais de 300km/h seriam trágicas.

A razão para a FIA adotar esses regulamentos técnicos restritos para a F1 é limitar deliberadamente o desempenho e a velocidade final, não para tornar as corridas mais tediosas para assistir ou participar, mas para deixá-las mais seguras para todos os envolvidos direta ou indiretamente.

Os regulamentos técnicos da F1 incentivam a excelência em uma área de desempenho do carro de cada vez. Isso permite para a F1 ser o auge do projeto do carro e tecnologia, tornando-se o campo de testes escolhido pelas principais montadoras, assim, ao mesmo tempo mantendo um limite para o que pode ser alcançado, de modo que os ganhos de desempenho são explorados e testados de forma gradual e com segurança. Uma vez que esse pico de desempenho é alcançado, o mesmo é deliberadamente limitado ou proibido, para que velocidades absurdas não sejam alcançadas nos circuitos.

Como a F1 tem sido periodicamente o campo de testes de montadoras, os novos regulamentos são frequentemente colocados em prática para limitar as invenções e ousadia de projetistas, engenheiros e de todas as montadoras envolvidas.

Diante do cenário atual, sabemos que a tecnologia avança dia após dia, e devido a esse fato os carros podem potencialmente se tornar cada vez mais rápidos e perigosos, caso novas regras de segurança não sejam criadas, e isso é um fator que pode colocar em risco a vida dos pilotos e, devido a esses fatos que a FIA se torna cada vez mais exigente no cumprimento das regras.

O que mais vem sendo discutido nos últimos regulamentos da F1, é o desejo de se manter o esporte relevante para a tecnologia do carro de rua. Para impedir que se torne uma corrida de desenvolvimento aerodinâmico sem nenhum benefício para carros de rua, a FIA recentemente começou a exigir um conjunto de regras que respeitem mais o meio ambiente. Como resultado, os motores turbos estão de volta, cilindradas foram reduzidas e o KERS tem um maior potencial combinando os projetos de pesquisa da FIA e a entrada do grupo técnico de trabalho, as novas regras devem garantir que a F1 tenha um futuro como esporte e como um exercício técnico, em fase das crescentes regulamentações governamentais de emissões e outras preocupações ambientais.

Porém, nada disso pode limitar o espetáculo ou o carisma que a F1 sempre teve. E este é o grande equilíbrio que o regulamento procura alcançar, mas que nem sempre consegue.

AS - www.autoracing.com.br

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