Efeito solo

terça-feira, 12 de abril de 2022 às 12:50
Chaparral-2J

Chaparral 2J

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

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Aspirador de pó, mangueira de jardim, furacão, o que estas três coisas tem haver com o tão falado “efeito solo” da F1 atual?

Bem, então, vamos começar no longínquo 1970 e o Chaparral 2J, cuja alcunha deriva da junção dos nomes de seus idealizadores Jim Hall e James Sharp, dois ricos texanos ligados a exploração de petróleo e automobilismo. Partícipe naquele ano da série Can-Am, categoria protótipo, foi sem dúvida o primeiro carro a utilizar efeito solo.

Motor de alumínio Chevrolet, 650 HP, câmbio semiautomático três velocidades, 800 kg., diferenciava-se dos demais pela estética quadrada, reta, sem as grandes entradas de ar, aerofólio ou formato de cunha comum á época. Uma traseira singular, a começar pelas rodas totalmente cobertas, dois ventiladores e um engenho Rockwell 247cc dois tempos, dois cilindros, 45 cavalos, usado em motos de neve.

Saias de plástico policarbonato, material leve, flexível e muito resistente, cobriam as laterais visando aprisionar o ar embaixo do carro e manter seu fluxo constante. Ventiladores ligados atuavam como exaustor, capazes de expulsar 11.600 metros cúbicos de ar por minuto, conforme velocidade do carro. Mas também, tal qual um “aspirador de pó”, sugava detritos do asfalto, poeira, óleo, resíduo de borracha, jogando toda sujeira na cara do piloto que vinha logo atrás.

Jackie Stewart dirigiu o Chaparral na etapa de Watkins Glen e se disse impressionado pela forma estável do carro em qualquer situação, nas curvas de alta é fantástico. Já Enzo Ferrari debochou: Eles inventam essas geringonças porque não conseguem fazer motores potentes como os nossos. O 2J nunca venceu sempre alguma coisa quebrava ou não funcionava direito.

Nos carros de corrida para obtenção do efeito solo, engenheiros trabalham com a energia, fluxo, pressão de um fluido e seu potencial gravitacional. Uma equação proposta por Bernoulli no século XVII, demonstrada pelo físico Giovanni Battista Venturi em 1797 (Efeito Venturi). Através do teorema podemos explicar a sustentação de um avião no ar devido diferença de pressão nas asas da aeronave.

Quem já não assistiu pela TV um “furacão” desencravando cobertura das casas? O vento em alta velocidade rente, sobre telhados provoca no local uma zona de baixa pressão, contudo a pressão interna do imóvel aumenta tornando-se maior que a externa, isto gera uma força ascendente capaz de empurrar e arrancar o telhado.

“Mangueira de jardim”: Ao se comprimir o bocal do tubo flexível de borracha, a velocidade de saída da água aumenta, o jato vai mais longe, sem alterar fluxo e quantidade do líquido entrando e passando pela mangueira.

O efeito solo usa conceitos do furacão, nesse caso invertendo a pressão, e da mangueira de jardim. Parte do ar captado é direcionada para debaixo do carro, estrangulado em um ponto de saída mais estreito e dirigido para o alto, ganha velocidade superior ao vento que passa sobre o veículo. Está criada uma zona de baixa pressão abaixo do F1, mesmo modo à pressão aumenta em cima do carro, compelindo a máquina contra o chão.

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP

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