É só o começo

quinta-feira, 24 de março de 2016 às 17:02
Fernando Alonso

Fernando Alonso

Colaboração: Ricardo Arcuri

A espera acabou. Começou neste final de semana a temporada 2016 da Formula 1. Ainda que no âmbito técnico as mudanças sejam praticamente nulas, nas regras temos muito o que conversar. Vamos falar de mudanças e também de como as equipes se portaram nessa primeira corrida.

Começo falando sobre o polemico e promissor sistema de classificação por eliminações. O sistema consiste de eliminações gradativas de pilotos de acordo com que o tempo vai passando, deixando a ideia da “guilhotina”, ou seja, com o corte a medida que os pilotos vão ficando para trás. Ainda que no Q1 houve uma disputa até o ultimo minuto, no Q2 aconteceu o que se temia: carros desistindo de tentar e a fase em questão terminar o período sem carros na pista. No Q3 foi ainda pior, com a desistência da maioria logo no começo. Todos os oito tentaram tempos, mas na segunda metade do Q3 ninguém mais tentaria nada, como se “já soubessem” que o melhor de seus carros foi atingido. Isso formou um verdadeiro anticlímax.

Passado o treino, podemos avaliar que a ideia pode ser boa, mas não será sempre totalmente eficaz. Se o intuito era prover disputas eletrizantes sempre, já sabemos que não funcionou. Ainda assim, a ideia é interessante e vale avaliar nas próximas provas o comportamento geral. Para o Q3, acredito que os 14 minutos existentes sejam demais. Para uma fase com poucos carros, um tempo diminuto pode tornar as coisas mais dinâmicas, com eliminações começando quase que automaticamente.

NA PISTA
A corrida mostrou o que os treinos de pré-temporada falavam. A Mercedes continua soberana, mas não com aquela diferença de antes. A Ferrari é a rival direta, precisando ainda adquirir mais velocidade e confiabilidade de seu novo motor (o incidente com Raikkonen mostrou que a alta temperatura de funcionamento ainda é um ponto fraco).

Sobre a terceira força, a Red Bull esteve na frente da Williams nessa corrida. Seu motor mostrou o esperado e ainda não é dos mais fortes, mas seu carro andou muito redondo, como poucas vezes vi. Detalhe que essa é a primeira vez que a equipe corre com um motor dedicado ao carro e isso pode estar sendo um diferencial, em um chassi reconhecidamente eficiente. Sobre a Williams, ainda vale esperar o bico novo, que ainda não terminou de ser produzido e que deve gerar algo em torno de 3 décimos de segundo por volta em velocidade. Com tal valor, se realmente for a real, as forças estarão bem equivalentes.

No meio do grid, sem muitas surpresas. A estreante Renault mantem o local que antes era da Lotus e a Toro Rosso mostrou vir forte. Seu carro bem refinado e o uso do forte e confiável motor Ferrari do ano passado são as receitas para estar na metade de cima do grid. A McLaren está também exatamente onde eu esperava, porem com ressalvas. Como no ano passado, o motor Honda continua fraco, andando junto aos de base Renault (de fabrica e o TAG-Heuer). Porem, seu criticado chassi mostrou ser bastante rápido, colocando o conjunto no meio do grid. Novamente, os olhos estão sobre a gigante nipônica, que precisa continuar correndo contra o tempo em prover recursos para tirar o bom carro dessa situação medíocre.

A surpresa e decepção do começo da temporada ficam nas equipes do fim do grid, começando pela decepção Manor. Poucos se lembram que seus carros se arrastavam ano passado por causa da situação de urgência entre a quase falência e o começo da temporada. Para este ano, tiveram tempo e recursos para fazer um novo carro e seriam empurrados pelo melhor motor da categoria. Ainda assim, ocuparam o ultimo lugar do grid, com diferenças em relação aos concorrentes semelhantes aos tempos “do improviso”. O período de desculpas acabou e eles tem de mostrar serviço. Caso contrario, acho difícil que sobrevivam as próximas temporadas.

A surpresa, que foi geral, ficou pela estreia da Haas. Ainda que Gutierrez tenha batido, Grosjean contou com uma ótima tática de pit stops (se aproveitou da nova regra de pneus, largou com o médio e não trocou mais) e terminou numa excelente 6ª posição. Porem amigos, não vamos nos iludir. O carro da Haas é simples e bem construído, mas os tempos em velocidade bruta os colocaram a frente apenas da Manor. Ou seja, o carro não é tão rápido quanto pareceu de fato. Foi apenas a primeira corrida e esse aprendizado pode gerar ainda mais evolução, mas não acredito que situações como essa deverão se repetir nas próximas provas, especialmente se não houver surpresas no andamento da corrida.

RAPIDINHAS
• Max Verstappen era mais rápido, tinha aval da equipe para ultrapassar o companheiro Carlos Sainz Jr. e não conseguiu. Ficar chorando isso no radio não faz bem a ninguém, muito menos a ele. Cresça e acelere, Max!
• Fernando Alonso sofreu um acidente que assustou. Assustou inclusive ao Gutierrez, que o causou sem intenção. O fato de levantar voo durante o capotamento realmente preocupou. Mas costumo dizer que o F1 é um carro extremamente seguro e ver Alonso saindo do carro apenas com tonturas e enjoos mostrou mais uma vez que podemos confiar na segurança desses ótimos carros.

Ricardo Arcuri
São Paulo – SP

Quer ver todos os textos de colaboradores? Clique AQUI

Os artigos publicados de colaboradores não traduzem a opinião do Autoracing. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre automobilismo e abrir um espaço para os fãs de esportes a motor compartilharem seus textos com milhares de outros fãs.

AS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.