Dakar: Por Que, Afinal?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011 às 19:21

dakar2011-largadaSão 9500km em alta velocidade ao longo de 15 dias, com 24 acidentes fatais com competidores em 31 edições. Mesmo assim, janeiro após janeiro, mais de 400 pilotos e um exército de 2500 pessoas entre equipes de apoio, organização e imprensa encaram o rali Dakar.
 
Afinal de contas, por quê? Em busca de respostas, durante o dia de descanso no sábado (8/1), perguntou-se para algumas das maiores estrelas do mais difícil rali do mundo qual o fascínio que os motiva a arriscar a vida no Dakar: 
 
CARLOS SAINZ (Espanhol, atual vencedor e líder na categoria Carros): “Meu motivo para estar no Dakar é o mesmo pelo qual participei das centenas de ralis em que competi ao longo da minha carreira: a paixão pelo automobilismo e por vencer. Quando estreei no Dakar trouxe um objetivo claro, de me tornar o primeiro espanhol a vencer a prova entre os Carros. Tenho muito orgulho por haver atingido esse objetivo”.
  
MARC COMA (Espanhol, bicampeão e atual líder na categoria Motos): “É uma pergunta que eu mesmo frequentemente me faço, e muitas vezes não consigo responder. Mas o Dakar é parte integral da minha vida já há muitos anos. Essa é minha nona participação, e minha vida gira em torno do rali – em torno da preparação dia após dia para me manter competitivo e em condições de vencer a próxima edição. Tenho orgulho de ser parte da família do Dakar, tanto que, quando parar nas motos daqui a alguns anos, pretendo competir entre os carros”.
 
CYRIL DESPRES (Francês, tricampeão e atual segundo colocado entre as motos): “Bem, você sabe por que é um jornalista? É um pouco complicado de responder, não? Motos são a coisa de que mais gosto desde que era criança. Comecei como mecânico na adolescência, depois passei a competir em alguns enduros e finalmente no rally cross-country, onde consegui meus melhores resultados. Graças a isso passei a viver do Dakar, e desde então não me fiz mais muitas perguntas… Acho que no momento em que você começa a questionar por que está no Dakar, a hora de parar está chegando”.
 
NASSER AL-ATTIYAH (Catarense, vice-campeão em 2010 e atual vice-líder entre os carros): “O Dakar para mim sempre foi um sonho de infância, que batalhei muito para concretizar. Primeiro minha família me obrigou a terminar meus estudos. Quando finalmente meu pai permitiu que eu me tornasse um piloto profissional, agarrei a chance com as duas mãos e me esforcei ao máximo para chegar a um alto nível. Existem muitos pilotos de rali no Oriente Médio, mas eles normalmente sofrem quando competem no exterior. Por isso fui desde cedo para a Europa, para evoluir e ganhar experiência para atingir o topo; me sinto muito feliz e sortudo por haver chegado lá, pilotando para um time como a Volkswagen Motorsport”.
 
VLADIMIR CHAGIN (Russo, hexacampeão e atual vice-líder na categoria Caminhões): “Esse é meu 18º Dakar, e nenhum deles foi igual aos outros. O Dakar junta os melhores carros e caminhões, equipes e pilotos do mundo, e só poder fazer parte disso já é em si uma motivação. É claro que a maior motivação de todas é chegar ao topo do pódio, mas simplesmente estar aqui já é um prazer enorme. Acredito que todas as pessoas aqui no acampamento do Dakar não poderiam viver sem as emoções do rali”.

GINIEL DE VILLIERS (Sul-africano, vencedor do Dakar em 2009 entre os Carros e atual quarto colocado): “No fim das contas, o que mais importa é que essa é a corrida de resistência mais dura do planeta. É o desafio máximo para homens e máquinas, e é isso que me atrai como piloto para seguir voltando ao Dakar, ano após ano. É uma das ‘Grandes Aventuras Humanas’ que existem; mentalmente e fisicamente, não há nada no automobilismo que se compare ao Dakar”.
 
FIRDAUS KABIROV (Russo, bicampeão e atual líder entre os Caminhões): “Trabalho como engenheiro na fábrica da Kamaz, então foi assim que o meu interesse por acelerar um dos nossos caminhões no Dakar começou – o rali é o teste máximo para os nossos produtos. Me sinto feliz pelo nosso caminhão ser resistente e rápido o suficiente para que sejamos competitivos no Dakar”.
 
NANI ROMA (Espanhol, vencedor em 2004 entre as Motos, atual 19º entre os Carros): “O Dakar faz parte de nossas vidas. É o meu trabalho e como ganho meu sustento, mas também é uma forma de conhecer coisas novas, além de ser uma grande aventura. Durante muitos anos você se prepara para conseguir encarar uma corrida assim, e ter a chance de acelerar nos desertos imensos é indescritível. Nada se compara; é quase uma filosofia de vida”.
 
LUC ALPHAND (Francês, vencedor em 2006 entre os Carros, ausente em 2011 devido a lesão): “No início você quer apenas descobrir como é. Quando criança via na TV as imagens do deserto, a vastidão dos espaços abertos, e ficava fascinado. Quando finalmente fiz meu primeiro, não terminei – então quis voltar no ano seguinte para terminar. Consegui na segunda tentativa, e então comecei a querer ganhar um… É um pouco como quando você põe a mão para ver se a água da piscina está boa, e antes que tenha percebido já está mergulhando no fundo. Terminar um Dakar dá um senso de missão cumprida indescritível”.
 
RUBEN FARIA (Português, atual 5º colocado entre as Motos): “Comecei a andar de moto com cinco anos, e a fazer motocross ainda na adolescência. Acredito que todos os pilotos sonham em encarar um Dakar. Finalmente fiz minha estreia em 2006, e estar aqui se torna simplesmente um vício, quase uma droga. Às vezes quando as coisas dão errado durante uma especial eu me pergunto por que estou aqui e juro nunca mais voltar. Mas duas semanas depois da chegada, já estou planejando o Dakar seguinte”.
 
KRIS NISSEN (Alemão, chefe da equipe Volkswagen Motorsport, atual líder e vice-líder entre os carros com Carlos Sainz e Nasser Al-Attiyah): “Toda montadora quer ter seus produtos vistos como os mais duráveis de maior desempenho, e nenhuma outra forma de esporte a motor testa isso tão duramente quanto o Dakar. No âmbito pessoal, o desafio logístico de gerir uma estrutura tão complexa e torná-la um time vencedor é o que mais me atrai”.

EB – www.autoracing.com.br

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