Contos da F1
sexta-feira, 22 de agosto de 2025 às 12:54
Luiz Pereira Bueno
Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar
Os artigos publicados de colaboradores não traduzem a opinião do Autoracing. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre automobilismo e abrir um espaço para os fãs de esportes a motor compartilharem seus textos com milhares de outros fãs.
“Existem milhares de histórias na Cidade Nua, esta é apenas mais uma delas” anunciava o locutor de uma série televisiva dos anos sessenta. Pois bem, na mais imperfeita analogia poderia usar o mesmo jargão em relação ao automobilismo.
1 – Grande Luiz Pereira Bueno
Uma equipe brasileira patrocinada pela Souza Cruz (cigarros Hollywood) participou dos 1000 km da Áustria 1972 em Zeltweg, mundial de marcas e protótipos, com os pilotos Luiz Pereira Bueno e Tite Catapani a bordo de um Porsche 908.

Depois do treino classificatório e um ótimo P7 entre 45 carros, Luiz P Bueno alertava: Olha nossa briga amanhã é com o Chevron BMW 2 litros de fábrica, andei atrás dele e quando ultrapassei, o Chevron ficou grudado na minha traseira. O cara é danado.
Anísio Campos, chefe da equipe, retrucou: Você está falando de Rolf Stommelen o campeão da classe 2 litros, pole em Le Mans. Mais cedo, continuou Anísio, um diretor da Bosch me contou que ele também perguntou de você afirmando que na corrida nós seríamos seu grande adversário. Luiz Bueno limitou-se a dizer: Boi Preto Cheira Boi Preto.
Durante a corrida a dupla brasileira acabou eliminada após colisão com a Ferrari de Helmut Marko que sem danos seguiu na prova. Rolf Stolemmen em 1975 foi protagonista de um acidente terrível no GP da Espanha de F1 onde morreram 05 torcedores, Rolf veio a falecer disputando uma corrida na pista de Riverside (EUA) no ano de 1983.
2 – Só na Ferrari uma coisa dessas
Os pilotos da Ferrari Jean Alesi e Gerhard Berger iriam fazer testes na pista de Fiorano com os carros de F1, mas antes disso participaram de uma reunião com Jean Todt na sede da equipe. Ao terminarem a conversa o chefe informou que poderiam pegar um Lancia que estava no estacionamento e usá-lo para chegar a Fiorano.
Chegando no pátio dois carros estacionados lado a lado da mesma marca, um deles básico pouco atraente era o automóvel a ser usado, o outro com grande apelo esportivo, série limitada inspirada no modelo de Rally e bastante potência.
Ambos estavam com as chaves no contato, naturalmente a escolha recaiu sobre o veículo especial. Alesi no volante arrancou cantando pneus esticou a primeira marcha até o limite de giros, segunda, terceira e o carro a mais de 100 km/hora ultrapassou o portão do estacionamento entrando numa rua estreita.
O Lancia derrapou foi de encontro à guia e decolou, após um giro em pleno ar se espatifou no asfalto. Eles haviam acabado de destruir o veículo particular do chefe Jean Todt. Levemente machucado Alesi foi para casa, Berger ileso cumpriu à tarde de testes em Fiorano.
3 – Será possível?
O mineiro Alex Dias Ribeiro fez algumas corridas na F1 durante os anos setenta, homem de muita fé estampava na carroceria de seus monopostos a frase “Jesus Salva”, místico acreditava que Emerson Fittipaldi tinha poderes extrassensoriais.
Para corroborar sua tese citava o GP da Inglaterra 1975 quando Emerson permaneceu na pista de pneus slick embaixo da chuva e todos sem exceção recorreram aos boxes para colocar pneus biscoito. No momento em que o aguaceiro parou o grid inteiro foi para os boxes botar pneus lisos, Fittipaldi contrariando a lógica calçou sua McLaren com pneus de chuva. Poucas voltas depois começou a pingar e os pingos se transformaram em tempestade. Esta foi a última vitória de Emerson na F1.
Reforçando a teoria, Alex narra um episódio acontecido na Argentina 1977: A visibilidade no meu espelho retrovisor era quase zero, após contornar a curva mais rápida do circuito percebi que havia dado uma tremenda fechada no Emerson. Depois do treino fui me desculpar, Fittipaldi calmo falou: Olhei para seu retrovisor e percebi que seus olhos não estavam no espelho então tirei o pé, caso contrário iríamos bater.
Alex Dias Ribeiro virou pastor, palestrante, escreveu livros motivacionais e retornou a F1 em 1999 como piloto do Medical Car, função exercida até 2001.
Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP
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