Coluna de Mark Webber sobre o GP de Cingapura

sexta-feira, 23 de setembro de 2011 às 3:43

Mark Webber em Cingapura 2010

Mark Webber em Cingapura 2010

Coluna de Mark Webber publicada no site da BBC

O Grande Prêmio de Cingapura neste fim de semana é um dos melhores eventos da temporada  – e provavelmente a mais difícil de todos para os pilotos.

São muitas coisas que se somam para que seja assim e eu adoro o desafio e os aspectos de resistência desta corrida.

É uma corrida que dura duas horas, a volta é muito longa e a pista muito exigente, muito repetitiva, com muitas curvas de 90 graus e forte frenagens.

A pista é ondulada, o que é desconfortável no cockpit e faz com que a concentração tenha que ser muito alta o tempo inteiro, e além disso tudo, é extremamente quente e úmido, ainda que a corrida seja à noite.

A televisão simplesmente não faz justiça e você precisa estar lá para entender e apreciar.

É a mesma coisa com outros esportes que são realizados em condições extremas, seja jogando cricket na Índia ou competindo no Aberto da Austrália de Tenis no meio do verão.

Cingapura é, naturalmente, na linha do equador e tenho certeza que alguns de vocês já estiveram lá em férias, ou em algum lugar como o Sri Lanka ou Malásia, e sentiram como o calor pode ser  intenso.

Usamos três camadas de roupas à prova de fogo. Não há ventilação no cockpit – mesmo que seja aberto, o ar é dirigido em torno do piloto tanto quanto possível. Com um motor de corrida atrás de nós, e radiadores nos rodeando, a temperatura excede os 50 º C.

Em uma corrida de Formula 1 não há trégua – é ação de alta intensidade durante toda a duração da corrida com a temperatura do corpo, muitas vezes superiores a 40 º C e sua freqüência cardíaca acima de 170 batimentos por minuto.

É um ambiente espartano; não há conforto e você só tem que ir em frente.

O importante é manter sua hidratação alta, processo que se inicia três ou quatro dias antes da corrida – não se esqueça que temos três horas de sessões de treinos na sexta-feira, e duas horas de treinos e classificação no sábado antes mesmo de chegarmos ao dia da corrida.

É extremamente importante se manter hidratado, e não se trata apenas de sede. Se você desidratar, isto pode ter um efeito importante no corpo e na função cognitiva. Portanto, para nós pode até mesmo tornar-se perigoso.

Temos uma garrafa de bebida no carro, mas por causa do pequeno espaço da cabine e da necessidade de manter o peso baixo, não temos mais que um litro – e eu definitivamente vou perder muito mais líquido do que isso durante o corrida.

Nossa carga de trabalho é ainda maior pelo fato da corrida acontecer a noite.

A iluminação em Cingapura é muito boa, mas ainda requer um esforço um pouco mais do que o normal para calcular o que você está vendo.

Não há luz natural e há inconsistências ao redor da pista: alguns lugares tem mais luz do que durante o dia, alguns têm menos.

Mas essas sutilezas como pouca luz são coisas que você realmente nota a 290 kph. Basta pensar em como é quando você está dirigindo de noite em uma auto-estrada e as luzes piscando e passando por você. Então multiplique …

Finalmente, há o fato de que, em geral, ficamos em horário europeu, apesar de Cingapura estar de seis a sete horas à frente do que isso.

Você toma café da manhã as três ou quatro da tarde. Você deixar a pista por volta das 2 da manhã e tentar obter algum jantar.

É muito surreal, mas valeu muito à pena – é um grand prix muito gratificante e o ambiente duro ajuda a torná-lo dessa forma.

Mark Webber

AS – www.autoracing.com.br

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