Campeões da Indy na F1 #3: Alessandro Zanardi (vídeo)

segunda-feira, 11 de maio de 2020 às 20:46

Alessandro Zanardi – Ganassi

Por: Bruno Aleixo

No terceiro episódio da nossa espetacular série “Campeões da Indy na F1” vamos falar de Alessandro Zanardi, um piloto marcado por um gravíssimo acidente, que acabou por fazer nascer um dos caras mais incríveis que o esporte já viu. E, nesse caso, muito, mas muito maior que o piloto um dia sonhou ser.

Nas pistas, Zanardi talvez seja o maior caso de bipolaridade automobilística da história do esporte. Ao mesmo tempo em que foi um dos maiores nomes da Fórmula Indy, suas passagens pela F1 foram fraquíssimas, tendo o piloto marcado apenas um ponto marcado em 44 corridas disputadas, sendo uma temporada inteira pela Williams.

Mas vamos do começo: vice campeão da Fórmula 3000 em 1991, Zanardi chegou à F1 ainda naquele ano, como grande revelação. Naquela mesma temporada, a equipe Jordan, que estreava na F1, enfrentava um imbróglio com um de seus carros. Após uma briga com um taxista na Hungria, Bertrand Gachot foi preso e acabou substituído por Michael Schumacher, um então desconhecido piloto, no GP da Bélgica. A performance de Schumacher chamou a atenção de Flávio Briatore, que o levou para a Benetton, no lugar de Roberto Moreno. O brasileiro, então, conseguiu patrocínio para duas provas pela equipe de Eddie Jordan, os GP’s da Itália e de Portugal. Para as últimas três corridas, a equipe irlandesa deu a Zanardi a chance de estrear na categoria. Mas os resultados não vieram.

Para a temporada seguinte, Zanardi arrumou um vaga na Minardi, substituindo Christian Fittipaldi, que se acidentara na França. Nas três corridas que disputou, o italiano conseguiu vaga no grid em apenas uma, o GP da Alemanha, prova que ele acabou abandonando. Em 1993, Zanardi obteve seu primeiro contrato mais longo, com a Lotus já em situação de pré-falência. Marcou seu primeiro ponto no GP do Brasil daquele ano, com um sexto lugar. Mas o carro era ruim demais e nem ele nem o companheiro Johnny Herbert puderam fazer qualquer coisa relevante. Nos treinos para o GP da Bélgica, Zanardi bateu forte na Eau Rouge, lesionando a perna e ficando de fora do resto do ano.

Em 1994 Zanardi voltou a disputar corridas pela Lotus, mas em um esquema de revezamento com gente como Phillipe Adams, Pedro Lamy e Éric Bernard. Era o fim do tradicional time inglês, que fechou as portas ao final daquela temporada. Depois de tentar e não conseguir a desejada vaga no segundo carro da Benetton, Zanardi ficou a pé e buscou novos rumos na carreira.

E veio a Indy. Por intermédio do engenheiro Morris Nunn, chegou à categoria americana pela Chip Ganassi, e lá, o Alessandro virou Alex. Entre 1996 e 1998 Zanardi só não fez chover na Indy, aproveitando ao máximo a imbatível combinação do time, que contava com um carro Reynard, impulsionado por motor Honda e calçado em pneus Firestone. Foi um massacre. Entre lances memoráveis, como a ultrapassagem sobre Bryan Herta em Laguna Seca, ou o mergulho em cima de Michael Andretti na última volta em Toronto, foram 15 vitórias e dois títulos, exibindo uma categoria poucas vezes vista.

Ao final de 1998, a equipe Williams havia perdido seus dois pilotos e Frank Williams enxergou no italiano a solução para seus problemas. E assim Zanardi voltou à F1 pela porta da frente, com status de estrela do automobilismo internacional, para a categoria que havia lhe chutado anos antes.

Mas aí, foi só voltar para a Fórmula 1 que a carruagem de Zanardi virou abóbora de novo. Para começar, a Williams vivia um momento conturbado: a equipe já tinha um acordo com a BMW para o ano de 2000, mas até lá precisava continuar utilizando os velhos motores Renault, preparados pela Supertec, insuficientes para levar a equipe para brigar com McLaren, Ferrari e até Jordan. Mesmo assim, Ralf Schumacher ainda conseguiu brilhar em algumas corridas, ao contrário do companheiro italiano. Seu único momento expressivo foi um quarto lugar nos treinos para o GP da Itália. Ao final do ano, o italiano conseguiu a proeza de não marcar nenhum ponto, contra 35 de Ralf, que obteve três pódios na temporada.

O resultado, como não poderia deixar de ser, foi a demissão sumária de Zanardi, que voltou à Indy em 2001, pela então equipe de Morris Nunn, que havia deixado a Chip Ganassi. Em um ano de readaptação à categoria, os resultados foram modestos, até que veio a corrida no oval alemão de Lausitz. Ao fazer sua última parada nos boxes, Zanardi saiu acelerando com pneus frios e rodou na pista de rolagem. Acabou indo parar no traçado e foi acertado em cheio por Patrick Carpentier, em um acidente pavoroso. Com o carro partido ao meio, já dava para ver que Zanardi tinha problemas sérios. E a notícia veio logo: o italiano teve as duas pernas arrancadas na batida. Depois de meses em coma, pode-se dizer que trata-se de um milagre a sua recuperação.

Depois disso, Alex ainda permaneceu por um tempo no automobilismo, correndo em carros adaptados. Chegou a testar um Fórmula 1 da BMW. Mas sua carreira rumou para o ciclismo, categoria na qual tornou-se um símbolo, chegando a conquistar medalhas de ouro nas paraolimpíadas de Londres e do Rio. Sempre com um sorriso no rosto e uma mensagem positiva, Alessandro Zanardi tem uma das histórias mais incríveis do esporte, um alento para todos nós, especialmente em tempos tão difíceis.

As vitórias de Zanardi na Indy
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Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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AS - www.autoracing.com.br

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