Campeões da Indy na F1 – Jacques Villeneuve (vídeo)

segunda-feira, 4 de maio de 2020 às 13:42

Jacques Villeneuve – Indianápolis 1995

Por: Bruno Aleixo

No segundo episódio da nossa espetacular série “Campeões da Indy na F1”, vamos falar daquele que, certamente, teve os maiores êxitos ao trocar a categoria americana pelo europeia. Jacques Villeneuve, o canadense falastrão e muito rápido que fez sucesso de cara.

O fiasco da participação de Michael Andretti, em 1993, não foi suficiente para minar a confiança de Bernie Ecclestone de que a aproximação da F1 com o mercado norte americano passava pela participação de pilotos da Indy na categoria. Assim, em 1995, o chefão entrou novamente em ação para ajudar Frank Williams a contratar Jacques Villeneuve para a temporada de 96. Mais uma vez, era uma tacada promissora: a Williams terminara o ano de 1995 com uma dupla de pilotos de qualidade questionável e Frank precisava de alguém para tirar Damon Hill da zona de conforto. Além disso, o filho de Gilles Villeneuve experimentava um crescimento absurdo de sua carreira na Indy, sagrando-se campeão de 95 e vencedor das 500 milhas de Indianápolis daquele ano. Veloz e carismático, o perfil do canadense poderia ajudar a F1 na descoberta de novos ídolos, após a morte de Ayrton Senna, em 94.

Para não repetir o mesmo erro cometido na adaptação de Michael Andretti pela McLaren, a Williams colocou o canadense em um extenso programa de testes iniciados já em 95, nos circuitos de Silverstone e Jerez de la Frontera. A F1 já não contava mais com os componentes eletrônicos que tanto complicavam os carros em 93 e, com isso, a adaptação foi menos traumática.

E os resultados logo vieram. Na estreia, em Melbourne, Villeneuve marcou a pole position, liderou a maior parte da prova, teve uma disputa de tirar o fôlego com Damon Hill e só não venceu a corrida porque enfrentou problemas com o motor Renault de sua Williams. A primeira vitória viria três corridas mais tarde, em Nurburgring. Villeneuve levou a disputa do título com Hill até a última corrida, no Japão, mas terminou o ano com o vice-campeonato. É preciso dizer, que 96 foi um ano todo da Williams: Michael Schumacher estava em seu primeiro ano de Ferrari e a Benetton, que tinha um bom carro, apostou na combalida dupla Berger e Alesi.

Já em 97, Villeneuve foi alçado à condição de primeiro piloto da equipe, tendo ao seu lado o promissor Heinz Harald Frentzen, que fora contratado para o lugar de Hill (Frank Williams nunca teve apego a campeões. Villeneuve fez uma boa temporada. Na realidade, assistindo às corridas de 1997 recentemente, percebi que tinha na memória uma temporada mais espetacular do canadense do que realmente foi, o que não apaga em nada o brilho de sua atuação em Jerez de la Frontera, pista na qual o título seria decidido entre ele e Schumacher. Numa disputa tão parelha a ponto de os três primeiros colocados no grid de largada terem feito O MESMO tempo, Villeneuve tentou a ultrapassagem na parte final da prova e o alemão jogou a Ferrari em cima da Williams. Schumacher se deu mal, ficou fora da prova, e Villeneuve seguiu para se tornar campeão do mundo, apenas no seu segundo ano na categoria. Finalmente aparecia um piloto capaz de desafiar o reinado de Schumacher, então bi-campeão.

A vigarice de Schumacher
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Mas, a partir de 98, a coisa começou a degringolar. A Williams perdeu o motor Renault, e passou a competir com um motor genérico da marca francesa, montado pela Mecachrome. O ano acabou sendo um fiasco e Villeneuve obteve, como melhor resultado, um terceiro lugar no GP da Alemanha.

Sem perspectivas na Williams, o canadense resolveu apostar no projeto da British American Racing e entrou de sócio na empreitada a partir de 99. Erguida sobre os escombros da clássica Tyrrell, a BAR parecia promissora, com chassis preparados pela Reynard. No primeiro ano, com os fracos motores Renault Mecachrome, os resultados foram ruins. No segundo ano, com a chegada da Honda, as coisas melhoraram um pouco, mas longe, muito longe da expectativa inicial. Com isso, em 2001, Craig Pollock, empresário de Villeneuve, deixou o time, sendo substituído por David Richards. Foi então que Jacques perdeu espaço na liderança da equipe e, depois da chegada de Jenson Button, em 2003, ficou claro que o ex-campeão já não era mais o mesmo. Antes do fim da temporada, Villeneuve foi substituído por Takuma Sato, que marcou pontos logo na sua estreia, no GP do Japão.

Sem equipe, Jacques partiu para um ano sabático em 2004, que foi interrompido pelo convite da Renault, para substituir Jarno Trulli, demitido há três provas do fim da temporada. Mesmo sem marcar nenhum ponto, Villeneuve acabou chamando a atenção da Sauber, que o contratou para a temporada de 2005.

Fora de forma, Villeneuve terminou o campeonato atrás de Felipe Massa, o outro piloto do time. Ainda assim, com a saída de Felipe para a Ferrari, em 2006, a Sauber decidiu continuar apostando no velho campeão canadense, especialmente porque tudo mudaria no time: a BMW havia adquirido a operação e a equipe ganharia a potência extra dos motores alemães, o que era bastante promissor. Mas Villeneuve já não era mais o cara, definitivamente. Depois de se envolver em diversas batidas e rodadas bizarras, a BMW decidiu substituí-lo pelo polonês Robert Kubica, então piloto de testes do time. Acabava ali a carreira de Jacques na F1.

Jacques Villeneuve campeão da F1 em Jerez 1997

Ainda que tenha sido campeão mundial em 97, sempre ficou a impressão de que Villeneuve foi menos do que poderia ter sido. Ainda hoje, tem sua parcela de fãs, mas sua marca na F1 poderia ter sido mais expressiva.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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