Campeões da Indy na F1 #4: Juan Pablo Montoya (vídeo)

segunda-feira, 18 de maio de 2020 às 14:07
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Juan Pablo Montoya

Por: Bruno Aleixo

O quarto episódio da nossa espetacular série “Campeões da Indy na F1” vai contar a história de um colombiano muito doido, que empolgou fãs de automobilismo ao redor do mundo enquanto esteve nas pistas: Juan Pablo Montoya.

Piloto de notável desempenho nas categorias de base, Montoya foi contratado pela Williams como piloto de testes em 1998. Naquela pré-temporada, aliás, o colombiano surpreendeu a todos em Jerez de la Frontera, virando tempos mais rápidos do que o então campeão mundial, Jacques Villeneuve. A temporada acabou sendo fraquíssima para a equipe inglesa que, ao final do ano, perdeu seus dois pilotos, Villeneuve e Heinz Harald Frentzen. Frank Williams, então, contratou a jovem promessa Ralf Schumacher e trouxe da Indy o renegado Alex Zanardi, como relembramos no episódio passado.

Sem chances na F1, Montoya foi para a Indy, substituir Zanardi na Chip Ganassi. E como substituiu! Assim como Nigel Mansell já o fizera em 1993, Juan Pablo sagrou-se campeão em sua temporada de estreia, em uma época na qual a Indy ainda contava com pilotos de grande qualidade, como Gil de Ferran, Jimmy Vasser, Michael Andretti, Christian Fittipaldi e Al Unser Jr. (esse, já em fim de carreira, mas ainda combativo).

Em 2000, a Chip Ganassi perdeu o poderoso pacote Reynard-Honda, e partiu para a combinação Lola-Toyota, que não se mostrou tão eficiente. Ainda assim, Montoya venceu três provas naquele ano, além de se sagrar campeão das 500 milhas de Indianápolis, que nessa época pertencia somente à IRL.

Montoya na Indy
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Para 2001, Frank Williams resolveu repatriar seu antigo piloto de testes e lá se foi Montoya para a F1 de novo, dessa vez como titular da equipe inglesa, ao lado de Ralf Schumacher. Nas duas primeiras corridas de 2001, em Melbourne e na Malásia, passou desapercebido. Mas foi em Interlagos que o mundo da F1 conheceu o real potencial do colombiano gordinho, rápido e audacioso. Logo na relargada da corrida, na terceira volta, Montoya jogou a Williams para dentro do S do Senna e surpreendeu Michael Schumacher, que teve que engolir uma das ultrapassagens mais espetaculares da história da categoria. Nessa altura, o autódromo inteiro já torcia por Juan Pablo, que liderava o GP do Brasil com imensa autoridade. Mas aí veio a chuva, e o retardatário Jos Verstappen atropelou a Williams do líder da prova, tirando Montoya da corrida. A arquibancada da reta oposta gritava seu nome como se estivesse num estádio de futebol, enquanto ele voltava a pé para os boxes. Um momento marcante da F1.

A primeira vitória viria em Monza, já no final da temporada. Após um ano de aprendizado, Montoya parecia pronto para disputar o título da F1, mas seus planos tiveram que ser adiados por causa dos adversários: a Ferrari produziu a F2002, um carro tão rápido, que Rubens Barrichello já confessou que ele e Schumacher treinavam de tranque cheio, para não entregar o real potencial do modelo para os adversários. Com isso, Montoya passou o ano em branco em termos de vitórias, mas marcou sete poles ao longo da temporada, provando sua incrível velocidade.

Veio então 2003, a Ferrari passou a enfrentar dificuldades e Montoya se colocou como candidato ao título com duas vitórias ao longo do ano. Mas, a F1 vivia o auge da guerra de pneus e, antes do GP da Itália, o time vermelho apresentou uma reclamação contra a largura dos pneus Michelin, forçando uma mudança que acabou modificando a cara do campeonato. Naquele mesmo ano, o colombiano assinou contrato com a McLaren, para correr a temporada de 2005. Já de saída, Montoya fez sua última temporada pela Williams em 2004, fechando o ano com uma vitória em Interlagos.
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A parceria com Ron Dennis, que prometia bastante, já começou tumultuada. Montoya ficou de fora de duas corridas em 2005, alegando ter se machucado jogando tênis. Mas ninguém engoliu muito bem a história: a desconfiança era de que Juan Pablo machucara-se andando de moto. Naquele ano a McLaren tinha o carro mais rápido do grid, mas o motor Mercedes quebrou diversas vezes, o que tirou Kimi Raikkonen da disputa pelo título contra Fernando Alonso. Montoya, batido pelo companheiro, fechou a temporada com três vitórias e o quarto lugar na tabela de pontuação, o que acabou não sendo um mau resultado.

Montoya na F1
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O problema é que em 2006 a maionese desandou. Completamente fora de forma e sem ambiente na equipe, Montoya demonstrava já não estar mais em sintonia com a F1. Envolveu-se em diversas batidas ao longo da temporada, algumas delas bisonhas, como em Melbourne., quando rodou na volta de apresentação da corrida. A gota d’água veio no GP dos Estados Unidos, em Indianapolis: na largada, ao acertar a traseira do companheiro de equipe Kimi Raikkonen, Montoya causou um verdadeiro strike, que tirou cinco pilotos da disputa. Foi o bastante para Ron Dennis e para o colombiano. Cinco dias depois, em comum acordo (será?), Montoya e McLaren encerraram a parceria. Juan Pablo rumou para a Nascar, num movimento tão incomum quanto surpreendente.

Montoya permaneceu correndo nas barcaças americanas até 2013, quando retornou para a Indy, pela Penske. Em 2015, voltou a faturar as 500 milhas de Indianápolis. Permaneceu na categoria até 2017, quando pendurou o capacete. Hoje, no meio da pandemia do Coronavírus, Montoya tem se divertido no automobilismo virtual. É um daqueles pilotos que marcaram época, não por resultados exuberantes, mas por suas performances sempre cheias de velocidade e habilidade, além do carisma fora do comum. E deixou uma bela legião de fãs para trás.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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