Bernie, o salvador. Parte 2

terça-feira, 13 de outubro de 2015 às 18:02
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Bernie Ecclestone

Por: Adauto Silva

Há apenas quatro corridas para o final desta temporada, ninguém sabe o futuro das duas equipes da Red Bull. Ninguém?

Vamos ver…

O desencanto de Dietrich Mateschitz com a Formula 1 tem crescido depois que sua equipe principal deixou de ser competitiva com a unidade de potência Renault. Apesar de ter vencido os dois campeonatos (pilotos e construtores) por quatro anos consecutivos na era V8, a fabricante francesa não conseguiu produzir um pacote competitivo com os novos V6 turbo híbridos.

Depois de conquistar apenas três vitórias em dois anos, Mateschitz disse que sairá do esporte – levando Red Bull e Toro Rosso com ele – se eles não conseguirem garantir um motor Mercedes ou Ferrari com especificação de 2016.

Mas tanto a Mercedes quanto a Ferrari já declararam que não estão dispostas a fornecer motores atualizados à organização baseada em Milton Keynes.

A Mercedes não está disposta a fornecer nenhum motor para a Red Bull ou para a Toro Rosso, nem mesmo o motor de 2015. Parece existir um problema pessoal envolvendo Dietrich Mateschitz e a Mercedes, como declarou Niki Lauda dias atrás.

A Ferrari poderia fornecer seu motor de 2015 para a Toro Rosso, que já disse que aceita.

Mas isso não resolve a problema, já que quase ninguém acredita que Mateschitz tiraria a Red Bull da F1 e continuaria com a Toro Rosso.

Portanto, se a F1 pretende ter 22 carros no grid para a maior temporada de sua história em 2016 com 21 corridas confirmadas, é necessário encontrar uma solução para a Red Bull.

Por mais que a Red Bull tenha sido arrogante e burra “dispensando” a Renault depois de falar mal de seus motores durante todo o ano – sem ao menos ter outra opção concreta – seria muito ruim, uma tragédia como dito no texto passado, a categoria ter apenas 18 carros no grid de 2016.

E quem está em busca da solução é Bernie Ecclestone, que não conseguiu convencer a Mercedes de nada, mas sensibilizou a Ferrari a pelo menos fornecer o motor de 2015 para a Toro Rosso.

Pelo o que eu conheço de Ecclestone, não se diz “não” a ele em questões graves como essa. Por isso, tenho certeza que um dia a Mercedes vai sofrer alguma consequência deste “não” na mesma proporção. É só aguardarmos…

Agora Bernie negocia com a Renault.

Com a Renault?

Exatamente. A F1 é um negócio grande, enorme. É um dos esportes que mais movimenta dinheiro ao redor do mundo e tem cerca de 500 milhões de espectadores por corrida. Apesar de todo o blábláblá da audiência caindo, nenhum outro esporte sequer chega perto de uma audiência desse porte. E em ambientes assim é muito difícil que vaidades pessoais se sobrepujem à enorme quantidade de dinheiro trocando de mãos.

Quando eu escrevi que a multa que a Red Bull teria que pagar para sair da F1 não era “tão grande”, evidentemente eu estava errado. A multa é enorme, cerca de 500 milhões de euros.

Portanto não é difícil que Bernie convença a Red Bull a engolir algum orgulho, colocar o rabo entre as pernas e continuar com o motor Renault.

Mas e a Renault, que também já declarou que não quer mais fornecer à Red Bull e sim tornar-se uma equipe de fábrica comprando a Lotus?

Bem, aí Bernie tem um ótimo instrumento de barganha. A Renault está tentando convencer Bernie Ecclestone que ela merece o status de “histórica” no campeonato, o que lhe daria acesso a um pote extra de prêmio em dinheiro. Inclusive essa é a razão da Renault de não ter concretizado a compra da Lotus ainda!

Bernie pode muito bem ceder esse status à Renault, caso ela se comprometa a continuar fornecendo motores atualizados para a Red Bull, mesmo comprando a Lotus, até que a Red Bull encontre alguma outra solução num futuro próximo.

Bernie jogou no ar a possibilidade da Cosworth voltar, já que eles têm pronto um projeto do motor atual da F1. Mas Bernie disse isso apenas como parte de sua pressão sobre a Renault, já que depois do fracasso retumbante da Honda em seu primeiro ano, ninguém em sã consciência imagina que a Red Bull aceitaria correr um risco dessa magnitude – sendo cobaia de um motor novo de uma empresa que está fora da F1 desde 2013.

Portanto meus amigos, a maior possibilidade que temos para 2016 é a Toro Rosso de Ferrari 2015 e a Red Bull de Renault 2016.

É isso aí!

Adauto Silva

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