Bernie Ecclestone: Falta de coragem causou o fiasco na Bélgica

Bernie Ecclestone

O ex-supremo da Fórmula 1 Bernie Ecclestone disse que o GP da Bélgica deveria ter acontecido e acusou os diretores do esporte de falta de coragem.

O evento Spa-Francorchamps, atingido pela chuva, foi abandonado após apenas duas voltas atrás do safety car, com Max Verstappen declarado o vencedor à frente de George Russell e Lewis Hamilton.

O diretor de corrida da FIA, Michael Masi, determinou que a pista era insegura, com o grid de acordo.

Mas os chefes da F1 cortejaram críticas pela forma como lidaram com o espetáculo, com Hamilton classificando o GP como uma farsa e exigindo que os 75.000 espectadores, que ficaram na chuva por quase quatro horas na esperança de uma corrida, sejam reembolsados.

Mas Ecclestone, que dominou o esporte por 40 anos, disse à agência de notícias PA: “Eu teria dito às equipes e aos pilotos às 15h, ‘está chovendo, estamos preparados para adiar por uma hora e espero que o tempo melhore. Mas não importa o que aconteça, a corrida vai começar às 16h e então depende de você se vai participar ou não’.

“’Se você quiser arriscar, depende de você e se você não quiser, não faça. Se você acha que é perigoso correr rápido, vá mais devagar’”.

“Mas agora é um grupo diferente de pessoas e eles não tiveram coragem e não querem correr risco algum.”

“Eles poderiam ter feito duas voltas, cinco voltas, 50 voltas ou nenhuma volta, mas a decisão deveria ter sido de cada piloto.”

Ecclestone continuou: “Em um esporte perigoso, coisas podem acontecer e pessoas podem morrer.”

“Quando as pessoas estão limpando janelas em grandes blocos de escritórios, o andaime pode cair e eles podem morrer. E eles não recebem uma quantia enorme de dinheiro por fazer isso.”

“Disseram a essas pobres pessoas que estavam lutando no Afeganistão que tinham que ir lá e lutar e não era escolha delas. Era perigoso e muitos deles morreram.”

“Se estivéssemos no exército e nos dissessem que teríamos que ir para o Afeganistão, poderíamos ter dito,‘ droga, isso não parece seguro, mas temos que ir, não temos escolha ’.

“No caso de ontem, os pilotos deveriam poder escolher. Se eles quisessem arriscar para ganhar pontos, então era com eles. Se você quisesse aguentar firme e dar muito mais voltas para ter certeza de que venceu a corrida, isso é o que você poderia ter feito.”

Os chefes da F1 estão sob pressão por completarem duas voltas atrás de um safety-car para garantir um resultado válido, com o heptacampeão mundial Hamilton sugerindo que o motivo foi financeiro.

O CEO da F1, Stefano Domenicali, rejeitou a afirmação de Hamilton. Fica entendido que as discussões ocorrerão esta semana entre a F1, seu corpo diretivo, a FIA e as equipes para evitar uma repetição da vergonha de domingo.

Ecclestone concluiu: “Não concordo com tudo o que Lewis diz, mas ele é inteligente o suficiente para resolver as coisas e, neste caso, ele estava obviamente certo. Você consegue pensar em alguma outra razão além de dinheiro? Eu não consigo.”

“Obviamente houve muita pressão. Se cancelassem a corrida, o promotor teria que devolver todo o dinheiro ao público. Tenho certeza de que eles ainda teriam que pagar a taxa de corrida ao detentor dos direitos comerciais, e as empresas de televisão também estão sob contrato, então a pessoa que sofreria mais do que qualquer outra seria o promotor.

“Não ficou nada bom para a Fórmula 1.”