Ben Sulayem: “Eu sei quem está me atacando”

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024 às 9:45

Mohammed Ben Sulayem

Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA, diz saber quem dentro da Fórmula 1 está por trás dos ataques contra ele.

Eleito em dezembro de 2021 para chefiar a federação que governa o automobilismo, Ben Sulayem prometeu energia renovada e uma abordagem inovadora visando impulsionar a FIA para o futuro.

Mas seus dois anos até agora foram controversos, repleto de tensões e disputas, não apenas com a F1, mas também dentro da própria organização da instituição.

A liderança conturbada de Ben Sulayem começou em 2022 com o relatório insubstancial da FIA sobre os eventos que marcaram o final da temporada 2021 da F1 em Abu Dhabi, que não conseguiu abordar a essência do que havia dado errado.

Depois disso, seguiu-se uma briga com a F1 sobre os pilotos que usavam joias e roupas íntimas não regulamentadas, com Lewis Hamilton aparentemente sendo o alvo das regras tediosas.

Na sequência, Ben Sulayem criticou publicamente os pilotos que se manifestavam sobre questões políticas ou de direitos humanos, uma opinião que não os deixou impressionados.

Enquanto isso, havia descontentamento na F1 em relação às operações de controle de corrida da FIA e decisões dos comissários, principalmente nas questões dos limites de pista.

A decisão unilateral da FIA de lançar um processo de inscrição para identificar possíveis novas equipes de F1 adicionou outra camada de tensão com a Formula One Management, que se mostrou contra a expansão do grid desde o início.

Porém, a F1 ficou totalmente indignada em janeiro de 2023 quando Ben Sulayem postou uma série de tweets questionando o valor inflacionado da categoria em resposta aos rumores de que o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita havia feito uma oferta de $20 bilhões para comprá-la da Liberty Media.

Preocupações adicionais foram levantadas pouco depois, quando um artigo arquivado em um site ressurgiu e revelou declarações misóginas de Ben Sulayem. Nessas observações, ele disse que “não gosta de mulheres que se acham mais espertas que os homens, pois na verdade não são”.

Em fevereiro, a FIA anunciou que seu presidente se afastaria do envolvimento diário com a F1.

No entanto, esse compromisso durou pouco, com Ben Sulayem presente em todas as corridas e continuando a comentar publicamente os assuntos da categoria – principalmente as perspectivas de adicionar uma 11ª equipe ao grid após o sinal verde da FIA para o plano da Andretti-Cadillac de entrar na F1.

Mas espere, ainda não acabou! O final de 2023 foi marcado por mais duas histórias geradoras de conflitos.

Toto Wolff, chefe da Mercedes, e sua esposa Susie Wolff enfrentaram uma investigação sobre um potencial conflito de interesses. No entanto, a FIA desistiu rapidamente do caso em 48 horas.

Pouco antes do Natal, foi revelado que Steve Nielsen, diretor esportivo de F1 da FIA, havia pedido demissão após permanecer no cargo por menos de um ano.

Foi relatado que Nielsen ficou frustrado com a relutância da FIA em abordar as mudanças que considerou necessárias, expressando insatisfação com a direção da organização.

Curiosamente, apesar da turbulência causada pela FIA e por seu presidente, Ben Sulayem acredita que está sendo consistentemente atacado pela F1 e insiste que não é facilmente enganado.

“Eu sei quem me ataca. E eles acham que não sei”, disse ele em uma entrevista recente à Motorsport-Magazin.

“Você realmente acha que eu estaria nesta posição se tivesse pessoas estúpidas ao meu redor? Claro, minha equipe é muito inteligente. O paddock é um habitat muito pequeno, todos se conhecem”.

“Eu sei quem vazou ou inventou algo sobre mim. E o que faço? Eu sorrio para eles. Sei quem está por trás disso, então sorrio para eles”.

“Só peço sinceridade. Não estou interessado no preço das ações ou na venda de ingressos. Só precisamos de honestidade. Essa é a minha missão”.

A crescente tensão entre a F1 e a FIA trouxe de volta o velho espectro de uma categoria dissidente. Ben Sulayem riu da especulação.

“Algumas pessoas estão falando em uma divisão”, acrescentou ele. “Eles realmente acham que os grandes construtores disputariam um campeonato sem ter um órgão regulador?”

“Eles realmente acham que iriam investir? Acham que isso se tornaria outro (World Wide) Wrestling e você sabe quem vai ganhar? Onde alguém investe e repentinamente eles mudam as regras?”

“Não, o importante é ter regras claras primeiro e depois você pode investir. Aquilo (Wrestling) é um espetáculo”.

“Aqui temos um espetáculo, mas com um órgão dirigente, um espetáculo com regras e fazemos com que seja justo e bem controlado. O resto é com você, sua equipe e seus pilotos”.

“Digo apenas uma coisa, e de maneira modesta e clara: não chegará o dia em que acordaremos sem a FIA”.

“Em relação aos outros, é diferente. A Liberty tem todo o direito de vender, portanto poderia haver outra realidade e amanhã a F1 não estaria mais com eles. Teríamos de nos relacionar com outros”.

“Eu respeito a Liberty. Eles estão aqui para lucrar. São pessoas inteligentes e eu os apoio”.

Ben Sulayem insiste que tudo o que a FIA deseja é “clareza e justiça” em suas negociações com os detentores dos direitos comerciais da F1.

“Não estou envolvido no preço das ações ou na venda de ingressos – só precisamos de justiça aqui, essa é a minha missão”.

“Nós definimos clareza entre nós e a FOM, Liberty Media. Isso é bom. Precisamos entender quem eu represento – o chefe da casa”.

“Não somos um prestador de serviços. Continuo dizendo isso e também acredito. O atrito às vezes é saudável para trazer à tona o que há de melhor”.

 

LS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.