Bem vinda, Turquia!

terça-feira, 10 de novembro de 2020 às 14:06

Reta principal de Istambul Park

Por: Bruno Aleixo

Quando participei da Superlive dos Podcasts de Automobilismo, no já longínquo mês de maio, me foi perguntado qual pista da F1 eu gostaria que retornasse ao calendário, naquele momento, ainda indefinido. Respondi de bate pronto que seria a Turquia. Pode parecer estranho, já que tenho sintomas graves de saudosismo intenso, e era de se esperar que citasse coisas bem mais antigas, como Dijon, Magny Cours, Ímola ou até mesmo Jacarepaguá. Infelizmente essa última não existe mais, já que acharam que seria uma ótima ideia destruí-la para fazer um centro olímpico, que hoje agoniza sem qualquer tipo de uso por parte do país. Mas fiquemos tranquilos: vem aí o autódromo de Deodoro!

Voltando à Turquia, escolhi essa pista porque acho que é uma das melhores da história mesmo. Da geração de pistas que invadiu a F1 lá pela metade dos anos 2000 é a mais interessante, muito à frente de Bahrain, China, Cingapura e Abu Dhabi. E, vejam vocês, é a única dessas que já não fazia parte do calendário da categoria. Está voltando em caráter de emergência, por causa da pandemia. Prioridade$.

O fato é que teremos, neste final de semana, a chance de vermos essa F1 meio trambolhuda desfilando seus tanques de guerra nas seletivas curvas do circuito de Istambul. Certamente, os carros vão se adaptar muito melhor ao largo traçado turco do que o fizeram na apertada e antiquada Ímola, aquela sim, obra do mais puro e simples saudosismo. Que faz bem, diga-se.

Lembrando das corridas de Istambul, não é que achei uma penca de lances interessantes que ocorreram por lá? Vamos relembrar alguns:

Lewis Hamilton x Jenson Button, 2010:
Como sempre dissemos, ordens de equipe não são uma novidade na F1. O que muda, é a forma como os pilotos lidam com elas. A maneira como impõem respeito tanto ao time quanto ao companheiro. Em 2010, a McLaren reuniu ao volante de seus carros simplesmente os dois últimos campeões de F1 em atividade, Hamilton e Button. É lógico que nenhum dos dois abaixaria a cabeça para um engenheiro burocrata. Sorte nossa.

Ao final da prova, Hamilton foi orientado a poupar combustível. Aceitou fazê-lo, tendo por parte da equipe a garantia de que Button faria o mesmo. Mas o recém chegado campeão de 2009 não quis nem saber, partiu para cima do companheiro que, evidentemente, resistiu ao ataque, produzindo uma das brigas mais marcantes do ótimo ano de 2010. E, de quebra, mostrando que companheiros de equipe podem, sim, brigar com responsabilidade.

Fernando Alonso x Michael Schumacher, 2006
Michael Schumacher e Fernando Alonso protagonizaram uma temporada inesquecível em 2006. Era o ano de despedida do alemão que, depois de um 2005 lamentável, voltava à velha forma. No GP da Turquia Schumacher partiu para cima do rival espanhol nas últimas voltas da corrida, com Alonso se defendendo brilhantemente. Um show de técnica, habilidade, autocontrole e frieza de dois dos maiores gênios da F1.

1ª vitória de Felipe Massa, 2006:
Nesse mesmo GP, em 2006, enquanto Schumacher e Alonso se matavam pelo segundo lugar, Felipe Massa partia para a primeira de suas 11 vitórias na F1. Ele ainda venceria mais duas vezes na Turquia, provando que era bom mesmo naquele traçado. Uma vitória importante que marcava o início da trajetória de um piloto que começou muito bem na Ferrari e que poderia perfeitamente ter sido o próximo brasileiro campeão do mundo (quase foi, em 2008). Infelizmente, o acidente da mola em 2009 somado à perda de confiança com a chegada arrasadora de Fernando Alonso na Ferrari, a partir de 2010, enterraram a carreira do brasileiro.

Sebastian Vettel x Mark Webber, 2010
Se no primeiro tópico lembramos uma briga limpa entre companheiros de equipe, o mesmo GP de 2010 nos trouxe o contra exemplo. Vettel partiu para cima de Webber, os dois bateram rodas e perderam uma dobradinha que parecia definida para a RedBull. É difícil saber de quem é a culpa mas esse acidente lembra bastante a batida entre Vettel e Leclerc, no GP do Brasil do ano passado. Só jogando a bombinha para refletirmos juntos…

Schumacher x Webber, 2005
A temporada de 2005 foi a pior de Michael Schumacher na F1. Com a Ferrari batendo cabeça por causa daquele esdrúxulo regulamento que proibia troca de pneus, o alemão parecia perdido e até mesmo desinteressado. Cometeu inúmeros erros ao longo do ano. Recuperaria a forma na temporada seguinte, antes de se aposentar pela primeira vez.

Porém, nessa batida com Webber, acho que o heptacampeão queixudo não teve culpa. Estava na frente, fez a tomada da curva e levou um empurrão do australiano, que saiu reclamando. Coisa de corrida.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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