Analistas aconselham a Red Bull a se focar na pista

Damon Hill e Johnny Herbert

A batalha pelo título mundial nesta temporada desse a primeira corrida se desenhou entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, embora às vezes pareça ser travada principalmente fora da pista pelos chefes de equipe Christian Horner e Toto Wolff, principalmente pelo primeiro, que quando viu que tinham mais carro para vencer as primeiras corridas, adotou uma posição de extrema agressividade em todas as declarações e atitudes.

Parece um parquinho de crianças

Johnny Herbert, que há vários anos é comentarista in loco da Sky F1, não gosta dos jogos políticos entre Red Bull e Mercedes. Em uma entrevista à Revista da Fórmula 1, ele diz que o que importa para todos que apreciam o esporte é a dura batalha na pista entre Verstappen e Hamilton, mas que está irritado com as briguinhas entre Wolff e Horner.

“Faz parte do jogo, mas o principal não deveria ser sobre eles, deveria ser sobre os pilotos”, diz o ex-piloto de Fórmula 1. “Este campeonato é sobre Max e Lewis, eles são os gladiadores. O que importa aqui são os pilotos, acho que seria melhor se os donos das equipes fossem menos proeminentes. Às vezes parece um parquinho de crianças.”

Péssimos perdedores

Herbert, ele próprio um piloto na Fórmula 1 entre 1989 e 2000, que entre outras guiou pela Benetton, Lotus e Sauber, cita a corrida de Silverstone como um exemplo. Na época, a Red Bull tentou fazer com que fosse imposta a Hamilton uma penalidade mais pesada pela colisão com Verstappen na primeira volta. “Qual foi o objetivo disso?”, Herbert se irrita. “Eu entendo muito bem o que eles queriam alcançar, mas parece que na Red Bull eles são péssimos perdedores.”

As “provas” que a Red Bull produziu ela mesma para tentar convencer a FIA que Hamilton merecia uma punição maior do que a dada durante a corrida, foram tão bizarras que viraram motivo de chacota no paddock da F1.

Marc Priestley, ex-mecânico da McLaren e um atual comentarista respeitado de Fórmula 1, vê semelhanças do que aconteceu entre Ferrari e McLaren quando ele estava na equipe inglesa.

“Essa guerra de palavras na mídia faz parte do jogo, mas aumentou demais nas últimas semanas”, disse ele. “Era praticamente a mesma coisa entre Ferrai e McLaren quando eu estava lá. As equipes protestavam uma contra a outra irracionalmente, tentando pegar uma a outra, mantendo as ‘coisas’ deliberadamente muito secretas uma da outra.”

Priestley acha que a Red Bull deu um tiro no pé ao exagerar o incidente do GP da Inglaterra, quando Hamilton e Verstappen se tocaram e o holandês bateu e saiu da corrida. “A forma como eles jogaram com a mídia e com sistema de apelação ao longo das duas semanas, ficou muito ruim para a Red Bull.”

Foco na pista

Segundo o analista de 44 anos, a equipe austríaca precisa deixar para trás o que aconteceu em Silverstone e em Hungaroring. A equipe tem três semanas para fazer isso, agora que estamos nas férias de verão. “No final das contas, eles têm um carro que pode ganhar o campeonato e eu adoraria vê-los continuar a correr na pista e manter o foco nisso.”