Análise: Cockpits fechados funcionariam na Formula 1?

quarta-feira, 29 de outubro de 2014 às 10:36

Ilustração da cobertura do cockpit

Os cockpits fechados retornaram à agenda da Fórmula 1 após o acidente de Jules Bianchi no GP do Japão, mas os dirigentes da categoria admitem que é um caminho cheio de grandes dificuldades.

Os testes iniciais das coberturas estilo jatos de caça não foram encorajadores – com a versão de policarbonato se despedaçando nos testes de impacto, enquanto uma cobertura aeroespacial se flexionou demais. Por isso, o foco mais recente tem sido em uma estrutura mais rígida que desviaria destroços voadores da cabeça do piloto.

Falando recentemente sobre o trabalho nessa área, Charlie Whiting, diretor de prova da Fórmula 1, afirmou que a pesquisa revelou algumas complicações não previstas. “É muito difícil encontrar algo que seja forte o suficiente para parar uma roda e permita que o piloto conduza o carro sem ser prejudicado pela presença dessa estrutura na frente dele”, explicou Whiting.

“Uma das coisas que nos surpreendeu durante essa pesquisa de arremessar uma roda com um canhão na estrutura de impacto foi que esperávamos que ela (a roda) saltasse imediatamente. Mas, infelizmente, isso não ocorre. Ela continua por causa da deflexão do pneu. Demora bastante tempo para que ela se movimente para cima além de onde atingiu a estrutura”.

“Portanto, é por essa razão que a estrutura precisa ser tão alta. Descobrimos que ela tem de ser 20 centímetros mais alta do que a cabeça do piloto, o que a transforma em uma estrutura substancial. Não é simples – de fato, a pesquisa ainda está e continuará em andamento até encontrarmos uma solução”.

Apesar da natureza da batida de Bianchi ter colocado em foco uma proteção melhor para a cabeça, Whiting avisou que nenhuma cobertura do cockpit teria sido suficientemente forte para suportar tal impacto.

“As indicações iniciais são de que as forças exercidas na estrutura de impacto, no carro de Jules, por exemplo, superaram amplamente as cargas dos testes. Tenho uma forte suspeita que, naquelas circunstâncias exatas, poderia ser difícil encontrar uma solução, considerando a dificuldade para encontrar algo que impeça uma roda de atingir a cabeça do piloto”.

“Suspeito que provavelmente não será prático tentar tomar providências visando evitar uma repetição daquele incidente, mas não significa que não podemos melhorar. A história mostrou que sempre nos esforçamos para tentar melhorar as coisas. Muitos incidentes ocorreram, talvez nenhum tão sério quanto o de Bianchi, mas tentamos aprender com cada um se possível”.

 

LS - www.autoracing.com.br

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