Alonso, Hamilton e a situação de Pérez

quarta-feira, 5 de julho de 2023 às 11:52

Fórmula 1

A Fórmula 1 é um ambiente tão competitivo que, mesmo entre companheiros de equipe, certa dose de hostilidade é esperada e inclusive aceitável. Em 2007 vimos um exemplo marcante disso, quando o espanhol Fernando Alonso e o britânico Lewis Hamilton correram pela McLaren e lutaram ferozmente pelo título — que acabou indo para o finlandês Kimi Raikkonen, da Ferrari — até a última corrida da temporada.

Dezesseis anos depois, esses dois pilotos travam uma disputa bem diferente. É verdade que diversas plataformas de apostas e jogos online, as quais oferecem estatísticas e cotações sobre os principais eventos esportivos ao redor do mundo, consideram questão de tempo até que o holandês Max Verstappen, da RBR, se torne tricampeão do Mundial de Pilotos. Contudo, esses sites mencionam Alonso e Hamilton como nomes a levar em conta num campeonato que não incluísse o holandês.

Um mexicano no caminho

Atualmente o espanhol conduz uma Aston Martin, e o britânico uma Mercedes. Na classificação geral, ambos estão atrás tanto de Verstappen quanto de seu companheiro de equipe, o mexicano Sergio Pérez. A clara superioridade da RBR sobre as demais escuderias faz parecer que mesmo a luta pelo vice-campeonato está decidida. Mas, considerando o quão pouco solidário Verstappen tem sido, essa é uma perspectiva menos óbvia.

Tal avaliação leva em conta primeiramente o que se viu no mais recente GP da Áustria, realizado em 2 de julho na cidade de Spielberg. Na penúltima volta, Verstappen liderava com vantagem bastante confortável sobre Charles Leclerc, da Ferrari, e solicitou parada para troca de pneus. O motivo era simples: ganhar o ponto extra pela volta mais rápida da corrida, que até aquele momento pertencia a Pérez.

E como esquecer do GP de São Paulo de 2022? Aquela foi a penúltima prova do ano, e Verstappen já era o campeão. Pérez, por outro lado, encontrava-se numa disputa ponto a ponto com Leclerc pelo segundo lugar geral. Foi por esse motivo que, perto do fim, com o holandês em sexto e o mexicano em sétimo, este solicitou àquele que o deixasse ultrapassá-lo. Para a decepção tanto de Pérez quanto da RBR, o pedido foi negado.

O mal-estar causado pela atitude de Verstappen foi enorme. Christian Horner, chefe de equipe da RBR, pediu desculpas a Pérez e (após uma reunião entre todas as partes interessadas) disse em relação à derradeira corrida, em Abu Dhabi: “se o Max puder ajudar de alguma forma, irá ajudar”. Como Verstappen venceu e Leclerc terminou em segundo nos Emirados Árabes, o vice-campeonato ficou mesmo com o piloto da Ferrari.

Uma rivalidade mais amistosa

Alonso e Hamilton podem tirar proveito dos desentendimentos internos da RBR para revitalizar uma rivalidade que parecia esquecida. 2007 foi o único ano em que os dois lutaram pelo mesmo objetivo. Entre 2010 e 2013 o espanhol foi três vezes vice-campeão, enquanto o britânico foi no máximo quarto colocado. Entre 2014 e 2021 Hamilton foi sempre campeão ou vice, e em alguns desses anos Alonso nem sequer esteve na F1.

Em 2023 o piloto da Aston Martin começou melhor, terminando em terceiro lugar em três das quatro primeiras corridas e em segundo em duas das quatro corridas seguintes. Nesse mesmo período o piloto da Mercedes foi duas vezes segundo e uma vez terceiro colocado. Mas, como a temporada é longa — serão 22 provas ao todo —, Hamilton tem condições de terminar à frente nessa disputa ao fim do GP de Abu Dhabi, em novembro.

Para os fãs de automobilismo, mais importante do que tudo isso é perceber que hoje é muito maior o respeito entre Alonso e Hamilton. A antiga inimizade entre os dois tornou-se cada vez menos acentuada, a ponto de ambos reconhecerem a admiração que sentem um pelo outro. Isso mostra que é possível lutar com todas as forças para vencer e, ao mesmo tempo, esforçar-se para dar um exemplo de civilidade aos mais jovens.

AS - www.autoracing.com.br

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