Alonso: “Eu preciso destruir os pontos fortes dos outros”

sexta-feira, 19 de agosto de 2022 às 9:37

Fernando Alonso

A agitação no mercado de pilotos da Fórmula 1 causada por Fernando Alonso se deve à habilidade que ele continua mostrando na pista.

Apesar de ser o piloto mais velho do grid aos 41 anos, ele vem provando em 2022 que ainda está no auge de sua capacidade – adicionando os benefícios da experiência ao talento natural que demonstrou ao longo de sua carreira.

Um aspecto que tem sido fascinante neste ano é ver a atenção aos detalhes do piloto da Alpine quando se trata de encontrar todas as vantagens competitivas possíveis.

No GP da Áustria, por exemplo, ele passou algum tempo limpando sua posição no grid durante o treino livre da manhã de sábado, esperando que isso lhe desse uma largada melhor.

Mas não foi a única vez que ele fez um esforço adicional para extrair uma vantagem. Quem observou Alonso atentamente durante as voltas de formação do grid antes do GP da França percebeu que ele estava saindo do pitlane muito devagar.

Aquela falta de velocidade lhe permitiu virar bruscamente para a esquerda no fim e limpar a pista, emborrachando o lado interno da curva 1 e o externo da curva 2.

A intenção dele era ultrapassar outros pilotos naqueles pontos na largada quando eles achassem que o circuito estaria sujo demais lá.

Foi exatamente o que aconteceu, com Alonso fazendo uma ótima largada e deixando Lando Norris e George Russell para trás nas partes do traçado que ele havia limpado minutos antes.

Alonso confessa que sente grande prazer quando pequenos momentos assim são notados e diz que tudo faz parte de seu grande instinto competitivo – explorar seus pontos fortes e os pontos fracos dos outros.

“Sim, eu sou esse tipo de cara”, sorriu ele em uma entrevista ao motorsport.com antes de sua ida para a Aston Martin ser anunciada. “Eu preciso extrair 100% e destruir quaisquer pontos fortes que os outros tenham. Porém, eu faço isso em tudo o que pratico, quando jogo qualquer coisa”.

“Eu costumava jogar tênis, e jogando com alguém bom, eu colocava a bola bem alta. Assim, você quebra o ritmo deles porque eles estão acostumados a bater muito forte na bola. Jogando com profissionais, a bola chega muito veloz para eles, então eles estão acostumados com isso”.

“Mas quando você coloca a bola alta, eles cometem erros porque ela chega suavemente. Portanto, eu consigo jogar tênis melhor quando coloco a bola alta. É minha única chance de batê-los, então eu faço isso automaticamente. Não é só nas corridas que eu preciso destruir os pontos fortes dos outros e tentar maximizar os meus”.

Alonso tem certeza que sua experiência na F1 lhe dá vantagens claras, o que lhe permite fazer um julgamento melhor sobre quais áreas ele precisa focar.

“Eu creio que a experiência certamente ajuda de muitas maneiras”, afirmou ele. “As largadas, a percepção das coisas, o gerenciamento dos pneus, os pit-stops, como você chega nos mecânicos”.

“Também a maneira como você aborda o fim de semana: a importância dos treinos livres ou a falta dela às vezes. Quando você é jovem, presta bastante atenção em todas as voltas que faz; até mesmo o TL1 é como a última volta do campeonato. Então, acho que você compreende essas coisas”.

“Muitas melhorias foram feitas nas condições chuvosas e úmidas. Normalmente, corridas na chuva são uma loteria, as coisas mudam rapidamente – muitos safety cars, linhas secas que aparecerão mais tarde. Portanto, há mais oportunidades”.

“Nem toda volta é a última. Eu costumava cometer erros em coisas desse tipo, no começo das provas, que agora tento evitar. E isso só vem com a experiência e seus próprios erros”.

Alonso não sente que a idade trouxe algum prejuízo, principalmente depois de dois anos afastado da F1 que lhe permitiram recarregar suas baterias.

“Em termos de aspectos negativos, é difícil dizer algo porque eu não estou sentindo falta de nada que tinha quando era mais jovem”, comentou ele.

“Em 2018, eu senti que estava mentalmente exausto com todo o marketing, viagens e coisas assim. Eu precisava daqueles dois anos fora. Agora, eu me sinto bem. Não sei se foram só aqueles dois anos que me ajudaram ou se é uma abordagem diferente que tenho”.

Acima de tudo, Alonso se considera uma versão muito melhor de si em seu retorno à F1 do que quando sua primeira passagem pela categoria terminou.

“Eu creio que, assistindo as corridas de fora, às vezes você não entende coisas e comportamentos diferentes”.

“Não é só seu próprio cockpit e sua própria estratégia, então talvez eu tenha uma compreensão melhor de como a prova se desenvolve. E também as diferentes categorias onde corri: acho que eles me ensinaram coisas diferentes”.

“Há diferentes filosofias e técnicas de pilotagem. Não é que elas não se aplicam a um carro de F1, mas quando você perde o carro, escapa de traseira, talvez minhas mãos e pés estejam fazendo algo que eu não soubesse antes porque só pilotava carros de F1. De certo modo, eu me sinto mais no controle das coisas agora”.

 

LS - www.autoracing.com.br

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