Acordos e Desacordos

quarta-feira, 30 de março de 2016 às 18:36
Aston-Martin-F1

Aston Martin F1

Colaboração: Ricardo Arcuri

Um anuncio interessante balançou todo o mundo da Formula 1 na ultima semana. A montadora britânica Aston Martin, mundialmente conhecida por produzir carros esportivos, assinou um contrato de parceria com a equipe Red Bull. Tal contrato incluiria, além do nome da icônica montadora na carenagem dos carros rubro-taurinos, o projeto de um carro esportivo de altíssimo desempenho, com a assinatura de Adrian Newey.

Quem conhece a categoria há algumas décadas, sabe que projetos assim, exceto se tiver uma enorme quantia em dinheiro envolvida, são com segundas intenções envolvidas. Na coluna dessa semana, vamos destrinchar esse assunto, que é muito mais complicado do que pode parecer.

As conversas entre a AM e a Red Bull não são novidade. Ainda no ano passado e no desespero da equipe em achar um fornecedor de motores para substituir a fracassada “parceria” com a Renault, existia um flerte com a montadora para ser a fornecedora da unidade de potencia. Ainda que seja uma marca de excelência no que faz, a Aston Martin não possui uma grande estrutura de pesquisa e desenvolvimento, o que não possibilitaria produzir a complicada unidade de potencia atualmente existente na Formula 1. Assim, entendemos que o interesse na época era outro.

A AM possui diversos acionistas e um deles, ainda que minoritário, é a Daimler, dona da marca Mercedes-Benz. A ideia seria aproveitar a parceria para obter os motores Mercedes da F1 de forma corporativa, que seria perfeito para as intenções da equipe austríaca. Como querer nem sempre é poder, esbarraram em dois problemas: Primeiro, que a AM receberia tais motores sem seu nome embutido, o que destruiu a intenção de expandir a marca através da F1. Segundo, pela recusa do alto escalão da equipe Mercedes, que via no rápido chassi dos Reds uma ameaça direta a sua hegemonia. Tais motivos já seriam suficientes para o negocio desandar, mas um acontecimento alheio a este traz ainda mais tempero a essa novela.

Em novembro, chegou a meu conhecimento através de fonte muito confiável que a Aston Martin estaria envolvida em um eventual processo de venda da Force India. Basicamente, Vijay Mallya vendeu sua empresa de bebidas na Índia alguns anos atrás para a Diageo, fabricante de bebidas alcoólicas donas das marcas Smirnoff e Johnny Walker, com a condição de continuar como CEO da empresa. Após descobrirem que alguns contratos da empresa de Vijay eram um tanto quanto obscuros, este se retirou da função, na condição de a Diageo lhe avalizar um empréstimo de US$ 130 milhões. A dívida não foi paga e ela seria quitada agora com ações da equipe. A Aston Martin entraria com uma parceria, aproveitando seu reconhecido nome para elevar o nome da equipe, através de marketing.

Como puderam observar, esse é uma verdadeira “novela mexicana”. Ainda acho que há muita água para passar por baixo dessa ponte e acredito que alguns fatos vão se desenrolar ainda. Com posse de tais informações, podemos fazer uma analise pessoal de como devem ficar as partes envolvidas nessa novela. O que vocês acham que pode acontecer?

Ricardo Arcuri
São Paulo – SP

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