A perspicácia de Ross Brawn prevalece novamente

terça-feira, 25 de junho de 2013 às 7:55
Ross Brawn - Formula 1

Ross James Brawn

O veredicto de sexta-feira passada dado pelo Tribunal Internacional da FIA foi uma vitória para a Mercedes, mas acima de tudo foi mais uma demonstração da perspicácia do chefe da equipe, Ross Brawn.

A Mercedes pode ter perdido sua chance de participar do próximo teste para jovens pilotos, mas escapou de punições potencialmente muito piores, que poderiam incluir a suspensão de uma ou mais corridas ou confisco de pontos.

Para Brawn foi mais um encontro com a justiça da FIA onde ele saiu como vencedor.

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Benetton em Interlagos - 1994

1994 – Opção 13
A primeira vez que Brawn enfrentou a justiça da FIA foi em 1994 quando a equipe Benetton foi acusada por Charlie Whiting de usar controle de tração – que havia sido banido do regulamento – no carro de Michael Schumacher. Após a corrida em San Marino a Benetton foi formalmente acusada de usar controle de tração naquela corrida.

Ross Brawn conseguiu provar para a FIA que, apesar do controle de tração ser a famosa “Opção 13”, tal opção não aparecia no menu para o piloto e a FIA não conseguiu provar que o dispositivo foi usado naquela corrida.

 

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Benetton em chamas na Alemanha

1994 – Reabastecimento
Também em 1994 logo após o GP da Alemanha, quando o carro de Jos Verstappen pegou fogo no box durante o reabastecimento, a Benetton foi acusada de remover o filtro do equipamento que abastecia os carros durante os pitstops.

Mas Ross Brawn conseguiu provar para a FIA que eles tinham permissão para remover o filtro. Uma carta entre a equipe Larousse e a Intertechnique (empresa fabricante do equipamento) mostrando como remover o filtro foi o bastante para a Benetton escapar de alguma punição.

 

 

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Irvine e Schumacher na Malásia

1999 – Bargeboards
Em 1999 já na Ferrari, a equipe conseguiu uma dobradinha no Grande Prêmio da Malásia, mas ambos os carros não passaram na vistoria após a corrida por causa dos bargeboards

A desclassificação da Ferrari foi um golpe duplo: Eddie Irvine perdeu sua vitória e a entregou para Mika Hakkinen, que daria ao piloto da McLaren pontos suficientes para ganhar o campeonato com uma corrida de antecedência.

A equipe fez o seu apelo em uma audiência convocada às pressas, durante o intervalo de duas semanas antes do final da temporada no Japão. O caso, explicado por Brawn, foi que os comissários da FIA tinham medido os bargeboards a partir de um ponto de referência incorreto no F199.

O tribunal decidiu a favor da Ferrari, que conseguiu sua vitória de volta e a decisão foi para a corrida final em Suzuka. Mas o título ficou com Hakkinen, que venceu o GP do Japão depois de um desempenho medíocre de Irvine.

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Montoya persegue Schumacher em Monza

2003 – Pneus Michelin
Em meio à polêmica sobre a participação da Mercedes no teste “secreto” para a Pirelli durante a coletiva de imprensa da FIA no GP do Canadá, Brawn foi intensamente questionado numa sala lotada de jornalistas, além de diversos rivais. Mas ele se manteve imperturbável e fez questão de deixar claro que a decisão de participar do teste havia sido dele.

Sua defesa calma e sem emoção trouxe à mente um encontro semelhante dez anos antes. A Ferrari e seu fornecedor de pneus, Bridgestone, haviam feito um lobby com sucesso para a FIA mudar a forma como eles mediam os pneus. Isto obrigou a Michelin, fornecedora da Williams e principal rival na época, a mudar rapidamente o tipo de construção de seus pneus.

Durante uma tensa coletiva de imprensa em Monza, Patrick Head, diretor-técnico da Williams, colocou forte pressão em Ross Brawn. Head afirmou que a Ferrari havia instigado a mudança na aplicação das regras forçando a Michelin a mudar a construção de seus pneus, que era a mesma das 38 corridas anteriores, sem nunca ter tido alguma objeção.

Brawn manteve-se firme, mesmo quando todos riram devido a sua insistência em afirmar que o momento da petição da Ferrari à FIA não foi programado para prejudicar a Michelin, mas devido a Bridgestone ser “uma empresa extremamente ética” e relutante em levantar a questão.

Mas a Ferrari já havia vencido a batalha importante e dois dias depois eles ganharam a real, na pista. Começou então uma sequência de oito vitórias consecutivas para Ferrari e Bridgestone, período em que Schumacher e Ferrari conquistaram os títulos de 2003.

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Brawn GP - Difusor duplo em 2009

2009 – Difusor duplo
A saída repentina da Honda da F1 no final de 2008 levou Ross Brawn, que havia se juntado a eles apenas um ano antes, a assumir a equipe. Após dois anos sombrios, a Honda tinha feito um esforço extraordinário no projeto do carro de 2009, em tempo para uma grande revisão do regulamento técnico.

Mas a concepção do difusor do carro, agora chamado Brawn BGP-001, era uma fonte de controvérsia – como era também nos carros da Williams e Toyota. Os difusores ‘duplos’ exploravam uma área cinzenta no regulamento e aumentavam muito a pressão aerodinâmica produzida pela parte de trás do carro.

O debate sobre a legalidade dos carros tomou conta do noticiário antes da temporada começar. Mas todos os seis carros passaram pela vistoria dos comissários no GP da Austrália e a equipe de Ross Brawn fez a primeira fila na classificação e uma dobradinha na corrida em seu primeiro GP.

Red Bull, Renault e Ferrari protestaram e o assunto foi parar no tribunal de apelação da FIA, que retificou a decisão dos comissários. No fim todos copiaram, ou tentaram copiar o difusor duplo da Brawn, mas já era tarde. A Brawn GP foi a campeã do mundo em seu primeiro ano de vida, tanto de pilotos quanto de construtores.

AS - www.autoracing.com.br

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