A melhor temporada de estreia desde Lewis Hamilton?

Oscar Piastri

A incrível temporada de estreia de Oscar Piastri tem deixado muitos aclamando o piloto da McLaren como uma estrela em ascensão.

As habilidades de Piastri não são surpresa para quem assistiu sua carreira nas categorias de base. Impressionar desde o início é uma característica comum do australiano, que conquistou títulos como estreante na Fórmula 3 e na Fórmula 2, depois de também ter conquistado o título da Formula Renault Eurocup em 2019.

Mas a ascensão à Fórmula 1 traz uma lista totalmente nova de desafios, como lidar com as configurações do carro mais complexo que ele já pilotou e com a atenção de ter suas habilidades examinadas pela mídia e pelos fãs.

Ele está tendo um desempenho inferior ao companheiro de equipe Lando Norris. Mas uma desculpa, pelo menos por enquanto, é que Norris possui mais quatro temporadas de experiência na F1.

Norris passou por um fim de semana frustrante no Catar, sentindo que deveria ter conquistado a pole na classificação de sexta-feira e na classificação curta de sábado.

No entanto, erros em ambas as voltas inviabilizaram essas poles, com Piastri ocupando o primeiro lugar na classificação curta antes de conquistar a vitória, apesar da pressão de trás – sugerindo que Norris, que é rotulado como um dos pilotos mais fortes do grid, está sendo pressionado de uma maneira nova.

No dia seguinte, Piastri converteu o seu P6 em P2 na primeira curva da corrida e manteve a posição até ao final para subir ao segundo pódio da sua carreira.

Sua velocidade nesta temporada tem sido inquestionável, e a sequência consistente de atuações leva à pergunta; esta é a melhor campanha de estreia que a Fórmula 1 já viu desde Lewis Hamilton?

Indiscutivelmente, a temporada de estreia de Hamilton na F1 pode ser rotulada como a melhor temporada de estreia de todos os tempos, já que ele enfrentou Fernando Alonso e Kimi Raikkonen pelo título mundial, perdendo por um único ponto.

Nos anos que se seguiram, houve 55 pilotos novatos entre as estreias de Hamilton e Piastri.

Estes incluem nomes de destaque como Max Verstappen, Carlos Sainz, Daniel Ricciardo, Lando Norris e Charles Leclerc, para citar alguns.

A abordagem ponderada de Piastri durante toda a temporada resultou em poucos erros, mas o maior deles ocorreu na Holanda, quando ele bateu o carro nas barreiras durante o TL2.

Foi um erro que sempre aconteceria num ano de estreia e, em comparação com outros estreantes na área, ele manteve sua reputação limpa, por causa do seu ritmo.

Progressão junto com a equipe

Além disso, ele conseguiu progredir junto com a recuperação demonstrada pela McLaren, que evoluiu seu carro de um competidor na parte de trás do grid para um consistente desafiante ao pódio em questão de meses.

Piastri entrou em sua primeira campanha na F1 com muitas voltas em seu currículo, depois de participar de um extenso programa de testes com a Alpine durante seu ano fora do grid.

Isso lhe deu uma base para construir este ano e ele quase não errou. Apesar de ser um nome novo na F1, seu hype pré-estreia deixou apenas uma sensação natural ao ver seu nome no topo da tela de cronometragem.

Poucos esquecerão a disputa que ocorreu entre McLaren e Alpine por Piastri antes mesmo de ele assumir o volante em um fim de semana de corrida. Isso elevou a pressão e o escrutínio ao máximo para um novato, de quem se esperava que mostrasse do que ele era feito.

Piastri não deixou que os holofotes da F1 o afetassem. Ele adotou uma abordagem conservadora para um fim de semana de corrida que tem sido evidente durante todo o ano. Sua diferença para Norris no início do fim de semana costuma ser bastante grande, já que ele evita ultrapassar o limite muito cedo.

Mas quando os tempos de volta contam, Piastri está em forma e reduz a desvantagem para Norris e até fica à frente dele na tabela de tempos às vezes – algo que ele conseguiu nas últimas três classificações no Catar e no Japão incluindo a classificação curta.

Maior fraqueza

É verdade que a diferença entre a dupla volta a crescer no que diz respeito à corrida. Uma área de fraqueza que tem sido consistente de Piastri durante todo o ano é a gestão dos pneus, um fator que foi bastante prejudicado no Catar, já que os pilotos puderam forçar tudo em meio à duração máxima imposta de 18 voltas por jogo de pneus.

Norris parecia ter um ritmo de corrida mais forte, mas recebeu ordens da McLaren nas últimas fases da corrida para não atacar.

A gestão de corrida tem sido o maior défice durante todo o ano entre os dois pilotos da McLaren, mas a experiência é o melhor professor para Piastri superar esse problema.

O chefe da equipe McLaren, Andrea Stella, falou no Japão sobre como o foco principal de Piastri (P3) após a corrida foi a diferença de 19 segundos para Norris (P2) na bandeira quadriculada, ao invés da alegria de conquistar um pódio na F1.

A postura madura de buscar sempre se aprimorar, mesmo nos melhores dias, tem mostrado as qualidades de um competidor que pode ir longe na F1. Se esta temporada de estreia é o seu ponto de partida, quem sabe quanto sucesso ele poderá obter antes que seu tempo na F1 acabe.

Embora a temporada de estreia de Hamilton continue sendo ‘a referência’, não se pode tirar o que Piastri está conseguindo.

O próximo fim de semana de F1 de 20 a 22 de outubro terá corrida curta novamente na desafiadora pista de Austin, no Texas. Será um grande desafio para Oscar Piastri.