A inteligência por trás da força 05/08/05

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 23:01
Axel Plasse

Axel Plasse passou toda a carreira na Renault. Sua experiência na Fórmula 1 começou em 1993, inicialmente como o responsável pelos testes de dinamômetro e, mais tarde, como engenheiro de testes em colaboração com a equipe Williams. Quando a Renault saiu da categoria em 1997, Axel voltou sua atenção para os motores usados em carros de produção, mas retornou ao mundo das competições em 2000. Como líder do projeto RS25, o motor que está ajudando a Renault a liderar o Campeonato Mundial de Construtores, ele conhece os mais importantes e valiosos segredos do atual motor V10 utilizado atualmente pela Renault.

1 – Você deve ter ficado feliz quando o RS25 venceu sua primeira corrida…
Axel Plasse: Muito. A temporada começou bem para a equipe Renault F1 Team. O motor é ainda mais competitivo do que imaginávamos. Agora nós sabemos, por exemplo, que a velocidade máxima de nosso motor está entre as melhores do grid. Do ponto de vista da confiabilidade, não prevemos problemas. Tivemos uma quebra no Bahrain, mas as temperaturas lá eram muito mais quentes do que esperávamos. Isso nos levou além dos limites pelos quais o motor foi preparado, e em uma situação assim tudo pode acontecer.

2 – Qual eram as orientações que vocês receberam antes de começar o projeto?
Axel Plasse: O motor foi projetado para combinar inovações apresentadas na versão RS23, que tinha o ângulo da bancada de cilindros mais aberto, com o conceito mais convencional utilizado no propulsor do ano passado, o RS24. As orientações que nos foram dadas podem, de fato, ser resumidas em duas palavras: campeão mundial. Este V10 precisa ser a base de nossa campanha para a conquista do título.

3 – Então, trata-se de uma mescla do que de melhor existiu nos dois últimos motores Renault V10…
Axel Plasse: É exatamente isso. A cada etapa do projeto, nossa filosofia foi perguntar qual dos predecessores apresentou a melhor resposta para um dado problema: o RS23 ou o RS24? Levamos em consideração uma longa lista de fatores, da confiabilidade e desempenho a informações de nossos fornecedores e do departamento de compras.

Motor Renault

4 – A potência era uma prioridade?
Axel Plasse: Potência é sempre uma prioridade para um construtor de motores, mas não é a única. Nós queríamos que o RS25 fosse um motor eficiente nas corridas, o que significava garantir que fosse fácil de utilizar. Nós não pretendíamos que ele fosse uma obra de arte em termos de projeto de engenharia ou que utilizasse tecnologia apenas para ser de vanguarda. A meta era bem realista. Precisávamos de um motor que trabalhasse quase sem ser notado no carro. Mas, acima de tudo, ele precisava fazer bem o seu trabalho.

5 – As mudanças no regulamento atrapalharam o programa de desenvolvimento do RS25?
Axel Plasse: Na verdade, não. Nós fizemos apenas pequenas mudanças para adaptá-lo às novas regras e analisamos cada componente de diversas formas. Mas não nos deparamos com nenhum problema insuperável. Entre 2003 e 2004, o fator confiabilidade foi multiplicado por 1,6. Já entre 2004 e 2005, ele dobrou. Se você analisar estes dois números, verá que esta não é uma diferença enorme.

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6 – O orçamento era um limitador quando vocês projetaram o novo motor?
Axel Plasse: O fator financeiro foi observado ao longo de todo o projeto do RS25. O custo de cada componente teve que ser mantido sob controle. Foi uma preocupação permanente.

7 – Qual é o programa de desenvolvimento previsto para o RS25?
Axel Plasse: Nossa filosofia é a de favorecer grandes desenvolvimentos ao invés de pequenas mudanças. Nós preferimos introduzir quatro grandes inovações do que dez pequenas modificações. Por exemplo, a especificação B do motor, usada pelos dois carros na Espanha, marcou um grande passo à frente já que nós conseguimos melhorar o desempenho ao longo da corrida, ao mesmo tempo em que reduzimos o peso. Novas inovações chegarão em breve, representando mais ganhos de competitividade importantes.

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