A Formula 1 2012 é uma loteria?

terça-feira, 22 de maio de 2012 às 17:34
Pneus da Formula 1 - 2012
Pneus da Formula 1 – 2012

Cinco corridas, cinco vencedores diferentes. Para quem estava acostumado com um ou no máximo dois carros (equipes) vencedores por temporada, o ano de 2012 começou bastante diferente. Imprevisível, e para a maioria, bastante empolgante.

Mas porque a Formula 1 está parecendo tão imprevisível e deixando alguns puristas com a pulga atrás da orelha?

Certamente a proibição de todas as “invenções” dos últimos anos – notadamente o difusor duplo, o Duto-F e em 2011 o difusor soprado a quente pelo escape, serviram para aproximar os carros. Além disso, com a aerodinâmica cada vez mais restrita, os engenheiros ficam com menos espaço para tirar algum coelho da cartola.

Os motores também estão congelados por questões de custos. As diferenças de performance entre os motores Ferrari, Mercedes e Renault são praticamente irrisórias. O Mercedes é considerado o mais potente, mas apenas de 2 a 3%. O Renault compensa isso na economia, gasta de 5 a 6% menos combustível e o da Ferrari está na mesma média.

Então restam os pneus. A Formula 1 em geral, FIA, FOM e as equipes pediram à Pirelli para que eles fizessem pneus que proporcionassem corridas com mais alternativas, pneus mais imprevisíveis, pneus que contivessem grandes diferenças entre os compostos macios, médios e duros. Tudo isso para que as equipes pudessem trabalhar com estratégias mais variadas. E assim foi feito. Os pneus realmente são surpreendentes, bastante sensíveis à temperatura e tipo de asfalto. Além de tudo, a novidade é que eles tem uma janela de pico que também varia junto com a temperatura ambiente e tipo de asfalto.

Mas, por causa disso já tem gente reclamando que a coisa virou loteria. Virou? Vejamos…. A única zebra até agora foi Pastor Maldonado ter vencido na Espanha. As outras corridas foram vencidas pelas equipes grandes, McLaren, Mercedes, Ferrari e Red Bull.

E mesmo a vitória de Pastor, que foi incontestável e absolutamente merecida, provavelmente não teria acontecido se Lewis Hamilton tivesse largado da pole que ele cravou em Barcelona.

Portanto eu não considero que o campeonato esteja uma loteria. Uma vez que as “receitas” antigas estão proibidas, é necessário encontrar uma receita nova, que até agora ninguém encontrou. A Mercedes tentou o Duto-W, que se mostrou insuficiente para fornecer uma vantagem determinante. A Sauber tem uma solução na traseira chamada de efeito Coanda, que parece muito boa – tanto que foi copiada pela Ferrari e Red Bull, mas que também não faz milagre.

Eu acredito que assim que alguma equipe, cujo carro seja bom, entender as novas variáveis dos pneus e conseguir acertar seu carro de acordo com estas variáveis, ela terá grande chance de dominar o campeonato.

Os pneus são bons, consistentes, e pelo que dizem dois dos melhores técnicos da F1 atual, não há diferença de qualidade entre eles. Veja o que eles mesmos disseram sobre isso no vídeo abaixo…

No minuto 2:41 Adrian Newey diz: “Não há duvida que são muito sensíveis (os pneus) e parecem imprevisíveis, mas só parecem. Tenho certeza que são previsíveis, nós apenas ainda não aprendemos como prevê-los.”

Depois Sam Michael: “É o mesmo para todos e isso que é importante. E são consistentes. Por consistência eu quero dizer que quando você coloca um pneu no carro ele tem o mesmo comportamento do próximo pneu e isso é o mais importante de tudo. O fato de fazer o pneu funcionar ou não é o desafio da equipe e do piloto.” 

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Adauto Silva

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