Arriba Espanha!!! Ricardo Silva – de Valência, especial para o Autoracing

Ricardo Silva – de Valência, especial para o Autoracing:  Quando olho para a Espanha em crise, eu me lembro da potência que descobriu a América. Mas a jornada dos Silva começou no país que descobriu a pátria amada idolatrada, salve, salve. De forma que ao escrever tento alinhar as emoções para celebrar a navegação dos Silva desde Lisboa até Valência.

Na verdade, esta navegação começou vinte seis anos atrás. Quando meu pai consertou máquinas de lavar para comprar ingressos para a nossa primeira corrida de Fórmula 1. Assim como ele também consertou muitas máquinas para auxiliar os meus estudos nas escolas de engenharia.

Logo depois de partirmos de Lisboa, nas curvas da estrada, nós percebemos o significado de road track, pois as curvas nos faziam lembrar que muitas pistas usavam e usam trechos de estradas para o desafio da velocidade. Porque na verdade, diferentemente dos Estados Unidos, nas estradas da Europa as curvas é que são para serem percorridas a cento e vinte quilômetros por hora, despertando um prazer ausente em longas retas sonolentas de freeways Americanas.

Flores estão presentes nos canteiros centrais das estradas. Após entrar na Espanha passamos a ser observados por imponentes touros, que na verdade são imagens a beira da estrada, que parecem te desafiar a encarar as curvas como o touro encara o toureiro. Mas não é este o desafio da Fórmula 1, acelerar sem medo da morte?

Mas porque mencionar coisas do passado, como descobridores da América, num texto sobre a moderna Formula 1? É que a arquitetura moderna de Valência contrasta com a tradição de Lisboa e Madrid. Isto nos lembra que na busca pelo futuro da categoria, ou seja, pelo dinheiro, o velho mundo está ficando para trás, como já ficaram Estoril e Jerez de la Frontera.

Quando o futuro da categoria em Valência é assunto de discussão, devido a crise financeira na Espanha, é bom ver que os sentimentos se manifestaram na arena de dura batalha pela vitória. Pois o que comoveu o Alonso foi a alegria de um povo num momento de dificuldade.

É preciso coragem e luta para se superar as crises, a mesma coragem para se atirar nas curvas, da mesma forma como um touro parte para cima de um toureiro, sem medo da morte. Os Espanhóis puderam celebrar a coragem e a vitória de Alonso em Valência. Coragem de quem parte para a curva um de Valência, pelo lado de fora, na luta por posições, como fez Alonso na largada.

A curva um também foi testemunha da coragem ou loucura do Maldonado, ao tentar ultrapassar o Hamilton por fora. Para os saudosos do inglês com a faca entre os dentes, a disputa com o venezuelano até o momento do acidente, nos mostrou que ainda está lá o coração valente do Hamilton. O qual, por vezes, arrisca sua corrida numa disputa de posição.

De que adianta Valentia se não se há a frieza para dar o golpe mortal no momento certo? Foram vários os golpes dados pelo Alonso em seus adversários, na praça de touros de Valência. Num circuito onde não era possível ultrapassar, ele ganhou posições de todas as formas, onde se incluem ultrapassagens por fora e ajuda da sorte. Nada poupou seus adversários de seus golpes. Tais como touros, eles continuarão partindo para cima do Alonso até o final do campeonato. Quando poderão estar combalidos por estes vinte cinco pontos conseguidos pelo Espanhol e esperando apenas pela estocada final.

Mas quem disse que é preciso ser campeão para se conquistar respeito? O Massa não ganhou o campeonato de 2008, mas em Valência eu pude ver o respeito dos espanhóis pelo brasileiro. Isto é o que me dificulta o entendimento dos conflitos em questões de imigração entre os países, uma vez que também fui bem tratado por um povo que vive em plena crise. A qual levou Alonso as lágrima, que neste final de semana conquistou o respeito dos pachecos torcedores brasileiros, que gostam do Hamilton, que é odiado pelos espanhóis. Ironias do destino.

Arriba Espanha!!!

AS – www.autoracing.com.br