Schumacher critica Marko por “lavar roupa suja” em público
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025 às 8:56
Christian Horner e Helmut Marko
Ralf Schumacher voltou ao centro do debate ao criticar Helmut Marko por, segundo ele, “lavar roupa suja” em público após deixar a Red Bull no fim da temporada 2025 da Fórmula 1.
O alemão reagiu sobretudo ao tom adotado pelo austríaco ao comentar sua saída e direcionar ataques diretos a Christian Horner.
Antes de tudo, vale lembrar que Marko encerrou uma trajetória de mais de duas décadas na estrutura de Milton Keynes. Ao longo desse período, atuou como consultor de automobilismo da Red Bull GmbH.

Além disso, comandou o programa de jovens pilotos, papel que definiu grande parte da identidade esportiva da equipe. Como resultado, o austríaco ajudou a levar 17 pilotos – ou 18, incluindo Arvid Lindblad, que estreia em 2026 – à F1.
Dessa forma, construiu um legado difícil de ignorar. Não por acaso, participou diretamente da formação de campeões mundiais como Sebastian Vettel e Max Verstappen, além de vencedores de corridas, como Daniel Ricciardo e Pierre Gasly.
Saída conturbada e críticas públicas
Ainda assim, Marko não deixou a Red Bull de forma discreta. Pelo contrário, classificou o comunicado oficial sobre sua saída como “cheio de bobagens”. Em seguida, atacou Horner de maneira contundente. Segundo ele, o britânico teria conduzido “jogos sujos” nos bastidores.
Além disso, Marko afirmou que Max Verstappen teria conquistado o título de pilotos de 2025 caso Horner tivesse sido demitido mais cedo. Portanto, essa declaração elevou a temperatura política dentro do paddock e gerou reação imediata.
Diante desse cenário, Schumacher não hesitou em responder. Em entrevista à Sky Sports Deutschland, ele destacou que Marko teve chances concretas de agir no passado, principalmente quando Dietrich Mateschitz ainda estava vivo.
“Era evidente que existiam dois lados”, afirmou o ex-piloto de Jordan, Williams e Toyota. “Gosto de Helmut, mas preciso lembrá-lo de que, mesmo durante a vida de Dietrich Mateschitz, ele poderia ter demitido Horner”.
O papel de Mateschitz e as oportunidades perdidas
Naquele período, conforme explicou Schumacher, Marko e Mateschitz mantinham uma relação muito próxima. Inclusive, ambos teriam se unido em torno de uma causa específica. Segundo o alemão, eles até planejavam um grande negócio juntos, embora sem revelar detalhes.
Mais importante ainda, Schumacher revelou que Mateschitz já demonstrava insatisfação com Horner. De acordo com o ex-piloto, o fundador da Red Bull não considerava o então chefe da equipe leal. Isso consequentemente gerava desconforto interno.
Mesmo assim, nenhuma mudança ocorreu naquele momento. Porém, com a morte de Mateschitz, o equilíbrio de forças mudou de forma significativa. A partir daí, Horner fortaleceu sua posição graças à relação com o acionista tailandês Chalerm Yoovidhya, construída de maneira estratégica ao longo do tempo.
Por isso, Schumacher avaliou que o lado austríaco do grupo perdeu influência. “Depois da morte de Mateschitz, Horner ganhou uma posição muito forte. Assim, tanto o lado de Salzburgo quanto o próprio Marko ficaram praticamente sem poder”, explicou.
“Roupa suja” exposta fora de hora
Na sequência, Schumacher foi direto ao acusar Marko de expor conflitos que poderiam ter sido evitados no passado. Para ele, esse ponto define toda a controvérsia.
“Ele está certo em parte”, reconheceu o seis vezes vencedor de GPs. “No entanto, isso também é lavar roupa suja que ele próprio poderia ter impedido. Essa é a realidade agora”.
Enquanto isso, Marko afirmou que o lado austríaco da empresa quase conseguiu convencer Yoovidhya a afastar Horner. Ainda assim, a demissão só ocorreu em julho, logo após o GP da Inglaterra.
Como consequência, Horner recebeu um acordo de saída estimado em £52 milhões. Desde então, manteve silêncio absoluto enquanto cumpre o período de “quarentena” que termina em abril, quando poderá retornar à F1.
Concordância no conteúdo, discordância na forma
Ao analisar a postura de Horner, Schumacher destacou a ambição do britânico. “Ele queria chegar ao topo do grupo, em parte graças à força do lado tailandês. Agora, isso foi recompensado com uma soma principesca”, afirmou. Por isso, na visão do alemão, o silêncio atual faz sentido.
Apesar disso, Schumacher deixou claro que concorda com parte das críticas feitas por Marko. No entanto, questionou o momento e a forma das declarações. “Acredito que o lado de Salzburgo como um todo não esteja satisfeito com o que foi dito”, avaliou.
Mesmo assim, o alemão foi enfático ao comentar o impacto da gestão Horner. “A equipe foi um desastre. Ela se desintegrou e perdeu muita gente. Isso aconteceu por causa dele e da forma como operava, pelo menos internamente”.
Segundo Schumacher, criou-se a percepção de que Horner havia conquistado tudo sozinho e não precisava de ninguém. Como resultado, a Red Bull perdeu profissionais valiosos. Além disso, passou a ter dificuldades para atrair novos talentos.
“Demorou muito para resolver isso, sempre em consulta com o lado tailandês”, concluiu. “Marko está certo no conteúdo. Porém, eu teria preferido que ele dissesse isso quando ainda estava no cargo, com dignidade e calma. Portanto, esse comentário tardio não soa nada elegante”.
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