Laurent Mekies assume Red Bull com missão de segurar Verstappen
quinta-feira, 10 de julho de 2025 às 13:19
Laurent Mekies
A prioridade máxima: manter Max Verstappen
Laurent Mekies, o engenheiro francês escolhido para substituir Christian Horner no comando da equipe Red Bull na Fórmula 1, assume o cargo em meio à maior turbulência da história da equipe. Seu primeiro grande desafio é claro: convencer Max Verstappen a permanecer.
Embora o tetracampeão mundial tenha contrato até o fim de 2028, há brechas que, se for possível explorá-las, podem levá-lo a vestir outras cores. A imprensa diz que a Mercedes segue cortejando o piloto, e nos bastidores se discute se a saída de Horner foi um movimento calculado da Red Bull para agradar o clã Verstappen.
A tensão com Horner e o “Team Verstappen”
A remoção de Horner das operações da equipe parece ter sido uma tentativa de acalmar os ânimos dentro do paddock, especialmente após as denúncias de assédio sexual — das quais ele foi inocentado em duas investigações internas. Ainda assim, o “Team Verstappen”, que inclui seu pai Jos, já demonstrava um tremendo incômodo com a permanência de Horner.
Jos Verstappen, ex-piloto de F1 e figura central na carreira do filho, chegou a dizer que a equipe se desintegraria se Horner continuasse. As tensões cresceram à medida que figuras chave como Adrian Newey e Jonathan Wheatley deixaram a equipe, reforçando a percepção de uma Red Bull em decadência estrutural.
A crise técnica e a queda de desempenho
Desde o GP de Miami em 2024, a McLaren vem dominando o cenário técnico. Foi naquele fim de semana que Newey se despediu do pit lane da Red Bull e a McLaren estreou um pacote de atualizações que começou a virar o jogo.
Embora Verstappen tenha conquistado quatro poles nesta temporada — igualando o líder Oscar Piastri —, o carro simplesmente não entrega ritmo de corrida. A Red Bull até mantém o segundo carro mais veloz em média, mas isso já não é suficiente. O holandês reclama de sobresterço, subesterço e, principalmente, da instabilidade aerodinâmica, tornando difícil colocar o carro “na janela ideal” de desempenho.
Os novos motores de 2026: potência elétrica, desafios e riscos
As mudanças técnicas previstas para a temporada de 2026 representam um divisor de águas para a Fórmula 1 moderna. Pela primeira vez, o regulamento exigirá que a parte elétrica da unidade híbrida seja responsável por cerca de 50% da potência total — um salto expressivo em relação ao padrão atual, que gira em torno de 20%.
Por consequência, o MGU-K (Unidade Geradora de Motor – Cinética), responsável por recuperar energia durante as frenagens, terá um papel ainda mais central no desempenho em pista. Para funcionar de maneira eficaz, ele precisará ser muito mais potente, confiável e eficiente. Isso exigirá uma calibração precisa com o motor de combustão interna (ICE), especialmente em trechos de aceleração, onde a entrega de torque elétrico pode causar instabilidades no carro.
Além disso, o consumo de combustível será limitado a 70 kg por corrida, com a obrigatoriedade do uso de combustível 100% sustentável. Portanto, os motores terão de operar com altíssima eficiência térmica, algo que nem todas as fabricantes conseguem atingir com consistência.
Red Bull Powertrains e a parceria com a Ford
Neste cenário técnico altamente desafiador, a Red Bull parte com uma vantagem e uma desvantagem. Por um lado, está desenvolvendo pela primeira vez sua unidade de potência própria, através da divisão Red Bull Powertrains. Por outro, não possui histórico comprovado como fabricante de motores na F1 — o que levanta dúvidas sobre sua curva de aprendizado.
Para compensar isso, a equipe fechou parceria com a Ford, que contribui com expertise em tecnologia automotiva e integração eletrônica. Ainda assim, muitos especialistas do paddock acreditam que o desenvolvimento interno exige mais do que competência técnica: é preciso tempo, sinergia entre os departamentos e uma direção clara.
Enquanto isso, a Mercedes é amplamente considerada a mais adiantada no novo ciclo. Segundo rumores do paddock, seu novo motor já está em testes de bancada avançados. O feedback inicial indica que seu MGU-K de alta voltagem apresenta desempenho superior na recuperação de energia e entrega de torque — fatores que podem fazer a diferença já nas primeiras corridas de 2026.
A preocupação dos Verstappen com o cenário de 2026
É justamente esse contexto que está no radar de Max Verstappen e de sua equipe pessoal. Embora ele não precise tomar uma decisão imediata, o tricampeão sabe que o ciclo de 2026 pode reorganizar completamente a hierarquia da F1.
Ele pode optar por permanecer na Red Bull e esperar para ver como o novo projeto se desenrola. No entanto, se ele já estiver convencido de que a Red Bull não terá como competir com Mercedes ou McLaren nesse novo cenário técnico, talvez seu contrato o possibilite a antecipar sua saída para não desperdiçar os melhores anos de sua carreira com um carro que não vencerá.
Portanto, a introdução da nova geração de motores não apenas impacta o desenvolvimento técnico, mas pode influenciar diretamente a maior decisão contratual da Fórmula 1 atual.
O dilema do segundo piloto: filosofia em xeque
Desde que Daniel Ricciardo saiu da Red Bull em 2018, nenhum companheiro de Verstappen conseguiu se aproximar de seu nível. O carro da Red Bull é desenvolvido com base no estilo agressivo de Max, que prefere uma frente reativa e aceita uma traseira nervosa. Os demais segundos pilotos da equipe não conseguem lidar bem com esse comportamento, o que os lança em espirais negativas de desempenho.
Yuki Tsunoda, promovido da Racing Bulls, também não entrega resultados. O problema parece não estar apenas nos pilotos, mas na própria filosofia de desenvolvimento da Red Bull, voltada exclusivamente para Verstappen. Se o carro já não é dominante, essa abordagem se torna um peso.
A reconstrução começa com Mekies
Com um perfil técnico e discreto, Laurent Mekies representa uma mudança radical em relação a Horner. Engenheiro de formação, Mekies passou por Arrows, Minardi, FIA, Ferrari e recentemente liderou a Racing Bulls. Agora, assume a Red Bull com a missão de reverter o êxodo técnico e restaurar a confiança na estrutura.
Além da saída de Newey, a equipe perdeu Rob Marshall (McLaren), Jonathan Wheatley (Sauber/Audi) e Will Courtenay, estrategista que também vai migrar para a McLaren. Horner tentou barrar essa última transferência, possivelmente por sua relação conflituosa com Zak Brown.
Um novo clima na Red Bull?
A gestão Horner havia transformado a Red Bull em um ambiente paranoico. Qualquer conversa com jornalistas gerava desconfiança interna. Com a sua saída, espera-se que esse clima tóxico desapareça.
Essa mudança de atmosfera já seria um ganho considerável. Mas para recolocar a Red Bull no topo da Fórmula 1, Mekies precisará mais do que um bom ambiente. Ele terá que reestruturar a equipe técnica, redefinir prioridades e — acima de tudo — convencer Verstappen de que o projeto ainda vale a pena.
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