F1 – Muita calma nessa hora

segunda-feira, 5 de abril de 2021 às 12:08

Mick Schumacher, Nikita Mazepin e Yuki Tsunoda

Por: Bruno Aleixo

Na última semana, durante a gravação do Loucos por Automobilismo #109 (programa que se perdeu nas ondas da tecnologia e terá que ser gravado de novo essa semana, aguardem) dois questionamentos me chamaram a atenção: um sobre Yuki Tsunoda e outro sobre Nikita Mazepin. Basicamente, as perguntas giravam em torno do mesmo tema, mas em pólos diferentes: que Tsunoda era um ótimo piloto, a ponto de incomodar a Red Bull na definição de seu segundo carro, e que Mazepin seria o pior estreante dos últimos dez anos.

Curioso como todos nós temos a tendência utilizar uma corrida como base para definir o talento de um piloto, ou a falta dele. Eu mesmo, em 2019, caí nessa armadilha ao escrever uma coluna sobre Sebastian Vettel após uma atuação horrorosa do alemão no GP da Itália daquele ano. E olha que Vettel já dava, e continua dando, sinais cada vez mais claros de sua crescente ineficiência como piloto. Mas, de fato, isso não pode ser resumido em uma corrida.

Sim, também fiquei bem impressionado com a estreia do japonês Tsunoda. Andou muito bem, em ritmo consistente, mostrou uma ótima capacidade de ultrapassar (lembrou as manobras do Ricciardo, vocês também não acharam?) e soube se manter longe das confusões. Mas é preciso ter calma. O carro da AlphaTauri parece ser muito bem nascido e, até aqui, praticamente toda a quilometragem que o bom samurai Yuki teve com ele foi na pista do Bahrain. A exceção foram algumas voltas de shakedown em Ímola, que não conta.

Portanto, é preciso esperar as próximas provas para tirar uma conclusão. Nunca é demais lembrar a espetacular estreia de Kamui Kobayashi, em Interlagos, no já distante 2009. O japonês deu trabalho inclusive para Jenson Button e sua poderosa Brawn GP, naquele ano. Depois, vimos que Kobayashi, embora não fosse um mau piloto, longe disso, não passou nem perto de ser um piloto espetacular como esperávamos. Japonês bom, até hoje, foi o Takuma Sato, este sim bem mais consistente, dono de corridas memoráveis. Mas, de novo, nada também muito espetacular.

Do outro lado, Mazepin deixou uma impressão bem negativa, mas ainda não dá pra cravar que ele seria um novo Yuje Ide, como disseram por aí. O russo de 22 anos não deixou boa impressão nas categorias de base, mas principalmente por sua conduta na pista, extremamente agressivo e dono de manobras, muitas vezes, antidesportivas. Porém, Mazepin não é um piloto que não sabe manter um carro em linha reta, como a F1 já teve vários.

As atenuantes também existem neste caso. Ao contrário de Tsunoda, Mazepin pilota uma cadeira elétrica que já era bem incômoda em 2020 e foi apenas adaptada para 2021. O carro da Haas sofre com a tal mudança no assoalho e o próprio Mick Schumacher andou rodando durante o primeiro fim de semana da F1. Menos, mas rodou. Aliás, basta ver a câmera onboard de todos os pilotos para ver como sofreram com a traseira de seus carros. Na Haas, você pode multiplicar esse problema por cinco.

O pai de Nikita Mazepin praticamente comprou a equipe, o que significa que o russo terá tempo de sobra para pôr a cabeça no lugar e se acostumar com o carro. Se ele será ou não o pior estreante de todos os tempos, como alguns já o classificaram, o tempo vai dizer. Eu, pessoalmente, aposto que não. O que não quer dizer que fará história pelo lado positivo também.

Muita calma com análises baseadas só na primeira corrida, em uma pista na qual ocorreu toda a pré-temporada. Podemos cair do cavalo.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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