2016: Sem perspectiva no mundial de F1? Vamos ver…

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016 às 14:19

Felipe Massa - GP do Brasil 2015

Colaboração: Victor Manoel de Oliveira Nunes

Terminada uma temporada na Fórmula 1, análises do ponto de vista de chefes de equipes, pilotos, jornalistas e fãs, além de corriqueiras, são um tanto quanto contrastantes. Geralmente quem anda na frente enaltece e alguns que ocupam posições intermediárias fazem-se de vítimas, transmitindo a responsabilidade a terceiros, quando a essência do esporte é o coletivo. Faz parte do jogo.

Advindo de duas temporadas completamente dominantes, resultado do magnífico sistema híbrido construído pela Mercedes AMG, propiciando em 38 corridas, 36 pole positions, 32 vitórias e 25 voltas mais rápidas, é comum aos apreciadores do esporte, diante da escassez de vencedores distintos, apresentarem consigo sentimento desestimulante ao início do próximo campeonato.

Clichês de ano novo vida nova, que tudo será diferente, não se aplicam precisamente e necessariamente na F1. À propósito, 2016 realmente será sem perspectiva quanto a competitividade?

A estabilidade das regras, os ajustes pontuais concernentes à volta do escapamento duplo (novas polêmicas e interpretação da regra no limite?) no escopo de aumentar o som dos carros; a confusa regra da escolha de 2 entre 3 tipos de compostos apresentados pela Pirelli por etapa às escuderias; e o relaxamento nas regras dos motores, com a devida anuência da Mercedes, ao qual as 25 fichas que as montadoras teriam direito, deveriam usa-las até o início da temporada, foi aumentada para 32, podendo ser utilizadas no decorrer do campeonato, é um alento, mas não a segurança que a competitividade como um todo estará mais evidenciada.

Vale destacar que a fornecedora de pneus admitiu em 2015 o conservadorismo na escolha dos compostos e por consequência, considerou-se dentre as culpadas, na ausência de emoção nas corridas; além disso, segundo o regulamento, no artigo 24.2 “Os competidores devem informar à FIA, não menos que 8 semanas antes do início de cada evento realizado na Europa e 14 semanas para fora da Europa, que especificações de pneus de tempo seco desejam usar para cada um de seus pilotos no evento”. (Conforme matéria veiculada pela Autoracing em 09 de dezembro de 2015.)

Uma Fórmula 1 de maior equilíbrio entre as equipes, desde a disputa pela liderança/campeonato, às posições intermediárias, e variações nas estratégias que permitam as etapas serem imprevisíveis é o que queremos. E mesmo que atualmente as regras o tornem, porque não utópicas o aludido ideal, acompanhar o mundial não necessariamente tornará um “fardo”. Afinal, depende do referencial.

Não é desconhecido que o regulamento hoje prepondera a força das unidades de potência em detrimento da aerodinâmica. Todavia, não podemos esquecer que advindos de temporadas dominantes, recentemente (2009, 2011), a F1 nos anos seguintes (2010, 2012), contra todos os prognósticos, apresentou das mais belas disputas de toda a história. Logo, nem tudo é certo. Nem tudo está perdido.

Mesmo que acontecesse domínio avassalador novamente, 2016 deverá trazer uma perspectiva otimista aos amantes da F1. As variáveis, incertezas e angústias existem e sob esse prisma, ratificado é o anseio pelo começo dos testes, cada vez mais escassos; Iniciarão dia 22 de fevereiro; em apenas 8 sessões no circuito da Catalunha.

Inevitavelmente, e por competência, a Mercedes, atual bicampeã mundial de pilotos e equipes, é a grande favorita. Contudo, a crescente rivalidade entre Hamilton e Rosberg, somada as ameaças de Toto Wolff no qual os interesses das Flechas de Prata prevalecem sobre os individuais; bem como o real limite da curva de crescimento das flechas de prata, e a possível (?) falta de confiabilidade das novas unidades de potência, são elementos inicialmente enigmáticos; que somente no decorrer do certame, obteremos respostas contundentes.

O avanço apresentado pela Scuderia de Maranello entre as temporadas 2014/2015 não devem ser vistas como mera obra do acaso. Isto posto, a pergunta que permanece é: a Ferrari superará as expectativas e finalmente disputará roda a roda o campeonato contra a Mercedes? Ou novamente frustrará os tifosi ao não conseguirem desenvolver a máquina no nível da montadora germânica?

Lembrando que o uso do túnel de vento na Itália pela Haas, interpretado por alguns, no limite das regras, no intento de também desenvolver as peças para a Cavallino Rampante (?) contribuirá de modo incessante pelo crescimento mais agudo dela?

Imperioso mencionar ainda que a Ferrari depois de 4 temporadas, voltará a utilizar as suspensões push rod; assim como arquitetura do motor um pouco diferente e traseira mais compacta.

Ferrari é Ferrari. Logo, após irem bem nos testes, Marchionne, humilde, aduziu que a Rossa iria brigar pelo titulo e ser campeã em 2018, talvez antes. Findado o ano, sabemos que disputar no pelotão da frente é obrigação. E qualquer resultado diferente disto, poderá gerar início de crise na região da Emilia Romagna.

A Williams de orçamento limitado, motor Mercedes readequado, novo carro construído com bastante antecedência, distinto do atual e dupla de pilotos com contrato finalizando ao término de 2016, poderá disputar pódios em maior frequência, ou entrará na curva descendente, decorrente do crescimento das outras escuderias… (Red Bull, quiçá Mclaren?)

Sucumbirá Felipe Massa à pressão de Lance Stroll, filho do bilionário canadense e ex-membro da academia de jovens pilotos da Ferrari e auxiliado pelo competente e vitorioso ex-engenheiro de Schumacher, Luca Baldisseri? A ver.

Continuará a turma dos energéticos a destilar toda responsabilidade à Renault depois de quase ficar sem motor? Será um período de transição como Horner afirmou? O quão a “parceira” Ilmor de Mario Illien irá ajuda-los? E a Tag Heuer, patrocinadora nessa história? Caso Kvyat e Ricciardo apresentem constância e excelente nível de pilotagem, o que farão com o garoto prodígio Verstappen?

A Force India permanecerá crescendo depois de 136 pontos e 5º lugar nos construtores? Vijay Mallya continuará sócio, ou a dívida com a dona da Johnny Walker e o difícil, mas provável (?) acordo junto a Aston Martin o fará repassar o comando integral da equipe? Hulkenberg voltará a ser o super hulk, ou Perez confirmará que é bom piloto e a passagem pela Mclaren em 2013 foi ponto fora da curva?

A melhor notícia dos últimos meses na Fórmula 1 foi o regresso da Renault como equipe de fábrica. Atolada em dívidas acumuladas ao longo dos anos, a Lotus perdeu inúmeros profissionais gabaritados para as concorrentes, que a deixou fragilizada.

Excelente saber que o novo velho team de Enstone, através do CEO, o brasileiro Carlos Ghosn, não medirá esforços e dinheiro para reconstruí-la e devolver ao lugar que acostumamos a vê-la na década de 2000. Nem que para isso, seja preciso tentar a contratação de um grande piloto para 2017.

Fernando Alonso? Alguns da mídia internacional já propagam essa informação. Ou Bottas, Rosberg, Massa… O fato é: Maldonado e Palmer não são pilotos para levarem a Renault de volta ao topo.

O retorno dos propulsores Ferrari na escuderia de Faenza seria uma tentativa da Red Bull em comparar o rendimento da unidade 2015 e o novo sistema da Renault? A Toro Rosso andará continuamente na frete da matriz? E os jovens competentes pilotos Sainz e Verstappen, mais experientes, o que farão de novo neste consistente projeto do inglês James Key?

A Sauber e seus recursos limitados, mesclando dupla de pilotos boa a razoável, o que fará? Tendo em vista a Haas ser a nova queridinha de Maranello, Monisha Kaltenborn já não nega possível parceria com a nipônica Honda em 2017.

Ano decisivo para Felipe Nars ratificar merecer oportunidade em equipe de fábrica (Renault?), ou até mesmo a Williams; Nesta, creio ser difícil, pois não é do feitio em Grove colocar dois jovens pilotos, e Stroll pela quantia vultosa que está trazendo, é o favorito.

Talvez, a equipe mais chamativa para os seguidores em 2016: a McLaren. Depois do 2015 desastroso, dos piores na história; queremos vê-la no mínimo, disputando colocações decentes (intermediária). É crescente as duvidas concernentes ao quão será o ganho da unidade híbrida japonesa. Alguns falam em 2s, 2,5s, outros até em 3s. Vamos aguardar, porque não esqueço a alta cúpula afirmar em determinado momento do campeonato, que estariam lutando na frente.

Um alento é a terceira volta mais rápida na corrida de Abu Dhabi de Alonso, o samurai. Desta feita, será interessante acompanhar o quão Fernando estará integrado e motivado com a equipe. Repetição de desempenho, embora não acredite, poderá quem sabe decretar a aposentadoria do espanhol na F1.

Button, sem a musa Michibata, fará a última temporada, abrindo o caminho para o campeão de recordes da GP2 em 2015, Stoffel Vandoorne? Enquanto isto, o belga correrá no Japão? Eis a questão.

As conversas no final do ano passado com a Red Bull foram bem instigantes. Estariam as latinhas certas que o trabalho e “produto” diferenciado da Honda, apesar de problemático inicialmente, era plenamente “fácil” de ser corrigido e o potencial imenso, a ponto de alcançar a equipe de Brackley? Tudo apenas questão de tempo?

O chassi da McLaren, e a maior interação entre Peter Prodromou e os engenheiros japoneses, levarão às glorias? Por sinal, dúvida que cismo há meses: a turma de Woking lançou enquete perguntando aos fãs qual pintura eles preferiam no exterior do bólido. Para alguns o laranja, outros, o branco e vermelho. A escolha destoou o propósito, fazendo-a perder a identidade e elegância que conquistou nessas décadas. Os pífios resultados foram determinantes? E a possível volta à “elite” contribuirá para o retorno as “origens”?

A Manor seguirá no fim do pelotão com os motores híbridos de Stuttgart, e parceria técnica junto à escuderia de Grove no fornecimento de componentes de suspensão e transmissão, ou apresentará salto de qualidade a ponto de sonhar em pontuar esporadicamente?

Pascal Wehrlein, mais jovem campeão do DTM conseguirá um assento na nanica? Segundo Toto Wolff, € 4 milhões (em torno de R$ 18 milhões) dificulta e diminui a possibilidade de acordo. Salienta que os valores pleiteados ainda irão destruir a F1.

A estreante norte americana Haas é uma incógnita positiva. A parceria técnica com a equipe italiana diz muito ao ponto de ser considerada a Ferrari B de cor amarela. Pontuar regularmente? Quem sabe. Posso estar enganado, mas creio que disputará posições intermediárias junto a Sauber, principal adversária.

Grosjean e Gutierrez? Boa dupla para o início. O francês experiente e cada vez mais consistente e o mexicano oriundo da “famiglia Ferrari”, possui um “caminhão de dinheiro” (leia-se patrocínio) advindo de Carlos Slim. Olho neles Kimi Raikkonen.

Será uma longa, dicotômica e adversa, mas prazerosa jornada em 21 países das mais variadas culturas, do oriente ao ocidente, no hemisfério sul ao norte. Mas todos com a única certeza: para montarmos o quebra cabeça, devemos atentar aos mínimos detalhes. A fluência no encaixe das peças cingirá no decorrer das etapas. Boas perspectivas? Haverá, basta acompanhar.

Victor Manoel de Oliveira Nunes
Natal – RN

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