Uma análise do sucesso das novas regras da Formula 1

terça-feira, 19 de julho de 2011 às 14:04
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Os GPs emocionantes da Fórmula 1 em 2011 podem dever muito às novas regras introduzidas neste ano, mas uma análise detalhada no meio da temporada sobre o que aumentou o número de ultrapassagens revelou que o DRS não é a única razão para corridas mais espetaculares.
Os dirigentes da categoria deram um passo ousado neste ano ao introduzir várias mudanças visando apimentar a ação – com as ultrapassagens sendo uma área chave onde as melhorias eram buscadas.
Junto com o retorno da Pirelli, que chegou com uma intenção agressiva de melhorar as corridas por meio de sua escolha do composto dos pneus, a Fórmula 1 também teve a volta do KERS e a introdução da asa traseira ajustável.
Com as regras tendo sido um passo rumo ao desconhecido, a impressão inicial é de que o DRS foi um grande sucesso – com Nico Rosberg declarando no começo deste ano que provavelmente foi a melhor idéia da história da Fórmula 1.
Entretanto, alguns, como Jacques Villeneuve, campeão mundial de 1997, argumentaram que as alterações tornaram a Fórmula 1 artificial.
Então, o quão bem sucedidas elas foram? Estatísticas divulgadas pela Mercedes-Benz antes da metade da temporada agora ofereceram algumas indicações sobre quais fatores tiveram o maior impacto na melhoria do espetáculo.
Nas primeiras nove etapas desta temporada, ocorreram 623 manobras de ultrapassagem no total – um número que leva em conta as ultrapassagens dos carros mais rápidos sobre as três equipes mais lentas, mas desconta as manobras na primeira volta ou aquelas que se deveram a danos.
Descontando as manobras das equipes mais rápidas sobre as mais lentas, o DRS foi responsável por 29 por cento das ultrapassagens em 2011. Elas superaram as ultrapassagens “normais” em quatro ocasiões: Xangai, Istambul, Barcelona e Valencia.
O impacto do DRS variou de circuito para circuito, e em correlação direta com seu posicionamento em cada pista. Em Mônaco e Silverstone, onde o DRS ficou nas curtas retas dos boxes e Wellington, respectivamente, ele foi responsável por apenas oito ultrapassagens no total.
Em Istambul, um circuito onde é notoriamente difícil de passar, a zona do DRS ficou localizada na longa reta oposta antes da curva 12 – e, consequentemente, proporcionou 50 ultrapassagens, o maior número entre todas as pistas.
Portanto, os números tendem a sugerir que, apesar do DRS ter ajudado nas ultrapassagens no geral, ele não tem sido uma influência dominadora. Silverstone, por exemplo, testemunhou apenas seis ultrapassagens com o DRS, mas produziu uma corrida emocionante até a bandeirada. Enquanto isso, Istambul teve 50 manobras auxiliadas pelo DRS, mas não mais memoráveis.
A análise da nova borracha da Pirelli fornece conclusões similares. Enquanto muito foi alardeado sobre a importância dos pneus novos, em média 54 por cento das ultrapassagens foram realizadas quando os pneus tinham uma diferença de menos de cinco voltas de uso – ajudadas ou não pelo DRS.
Em circuitos onde o desgaste é alto, como Barcelona, o número é ligeiramente distorcido, pois os pneus “velhos” – com mais de cinco voltas de diferença – foram responsáveis por 69 por cento das manobras. Entretanto, em Montreal e Silverstone, o desgaste dos pneus – pelo menos diretamente – teve um impacto reduzido.
Assim, as estatísticas sugerem que, apesar do DRS e da nova borracha da Pirelli terem contribuído para as ultrapassagens, eles não se tornaram importantes ou decisivos demais. As manobras normais continuam sendo não apenas possíveis, como também mais frequentes.
Os dados também sugerem que as características individuais de cada circuito podem ter uma forte influência sobre a ação. A Turquia e a China, com suas longas retas, produziram muitas ultrapassagens, enquanto as apertadas ruas de Mônaco prejudicaram tais ambições.
Em circuitos problemáticos, como Valencia, que ainda não teve uma prova realmente emocionante, as novas iniciativas da Fórmula 1 ajudaram a melhorar o espetáculo. Mas elas não alteraram artificialmente o jogo além do reconhecimento – o Canadá ainda produz ótimas ultrapassagens e grandes corridas, Valencia não.
A variação é a chave para o futuro da categoria, e sugere que – pelo menos por enquanto – os dirigentes acertaram inteiramente nas novas regras.

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