SBK – Depois de duas etapas

quarta-feira, 16 de março de 2016 às 9:48
Jonathan Rea - Kawasaki Ninja ZX-10R

Jonathan Rea – Kawasaki Ninja ZX-10R

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Uma característica fascinante do motociclismo esportivo é o fato de dois pilotos com estilos diferentes, por vezes com equipamentos produzidos por fábricas diferentes, conseguirem percorrer uma pista de 5 km com apenas uma fração de segundo de diferença entre si. Este é o cerne da competição motorizada, detalhes técnicos, competência e talento fazem a diferença. Uma disputa equilibrada nas pistas, com alternância de vencedores, valoriza o espetáculo, aumenta o público nos circuitos e a exposição na mídia.

A dupla vitória de Jonathan Rea na prova de abertura do mundial de SuperBike na Austrália pode ser considerada circunstancial. Na primeira prova Chaz Davies errou a tomada da última curva na última volta e foi ultrapassado a poucos metros da bandeirada, na segunda o mesmo piloto caiu sozinho com sua Ducati enquanto liderava, cedendo a vitória também na última volta. Em ambas as provas o holandês Michael van der Mark com uma Honda acompanhou o bloco da frente e cruzou a linha de chegada a menos de um segundo do vencedor. Um início de campeonato promissor.

Com o precedente de Phillip Island, a expectativa para a etapa da Tailândia eram provas muito competitivas, principalmente depois que van der Mark conquistou a pole e a diferença entre o primeiro e o oitavo lugar no grid da primeira prova foi inferior a 1 segundo. Depois da largada ainda houve alguma disputa até o holandês errar em uma curva e se atrasar, então o espetáculo virou uma briga caseira entre as Kawasaki com a vitória de Jonathan Rea sobre Tom Sykes. O terceiro colocado da primeira prova, a Honda de Michael van der Mark, ficou a absurdos 9.623s do líder. Em provas de SuperBike, 9.623s é uma eternidade, equivalente a uma distância de mais de 400m na pista.

A prova de domingo foi uma reedição do sábado, a disputa entre as duas Kawasaki acrescida da participação coadjuvante da Ducati de Chaz Davies, que não brigou pela liderança, mas permaneceu perto aos líderes até a bandeirada final. A vitória foi de Tom Sykes, seguido pelo campeão de 2015 Jonathan Rea.

O resultado das provas disputadas no circuito de Chang acendeu um alerta no mundo da SuperBike, a possibilidade de que o mundial de 2016 se limite a uma disputa exclusiva entre pilotos da mesma equipe, uma reedição do que tem acontecido na Fórmula 1 nos últimos anos. A Kawasaki venceu 18 das 26 provas da temporada de 2015 e as 4 disputadas este ano. Em termos de campeonato depois de duas etapas, quatro provas, Jonathan Rea da Kawasaki Racing Team acumula 95 pontos, seu colega de equipe Tom Sykes tem 66, Michael van der Mark da Honda Racing 65, Chaz Davies da Aruba.it Ducati Racing 55 e Sylvain Guintoli da PATA Crescent Yamaha completa os atuais cinco primeiros com 40 pontos.

A próxima etapa está programada para de 1 a 3 de abril, em Aragon. O comportamento das motos da SuperBike varia com as características da pista, topologia, traçado, asfalto mais ou menos abrasivo e com maior ou menor aderência influenciam muito o desgaste de pneus e equilíbrio ao atacar uma curva ou retomar velocidade. O piso e o desenho da pista da Austrália equalizaram o desempenho entre as equipes, o circuito de Chang favoreceu as Kawasaki, Aragon promete uma disputa mais equilibrada.

Se houver uma supremacia das Kawasaki a temporada pode adquirir uma previsibilidade que torna os espetáculos monótonos, afasta patrocinadores a não estimula outros participantes, lembrando que ninguém quer ser coadjuvante em um campeonato mundial que é reconhecido por eleger a melhor SuperBike que pode ser adquirida no mercado

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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