O Sonho que não se tornou realidade

sexta-feira, 28 de novembro de 2014 às 13:18

Ayrton Senna em Aida - Japão

Colaboração: Alexandre Costa

A partir do momento que Alain Prost anunciou sua aposentadoria após conquistar seu quarto título mundial no GP de Portugal em 1993, a Williams e Ayrton Senna firmaram um acordo válido pelos próximos dois anos.

Desde a temporada de 1992, a equipe de Frank Williams se tornara imbatível nas mãos de Nigel Mansell e Alain Prost. Finalmente em 1994, a F-1 teria o melhor piloto pilotando o melhor carro e, muitos imaginaram que Senna poderia repetir os feitos de 1988, quando teve um carro praticamente imbatível em mãos, porém sem Prost, Mansell e Piquet presentes no grid no ano de 94, o paddock da F-1 comentava que o piloto brasileiro poderia sim vencer todas as 16 corridas da temporada, pois seu talento somado ao imbatível conjunto Williams-Renault davam essa ideia.

Porém em 94 a F-1 implementou novas regras, ou seja, havia banido toda e qualquer ajuda eletrônica nos carros, para que o talento do piloto fosse novamente o fator determinante durante as corridas e, a Williams não poderia dar sequência no desenvolvimento do chassi de seu novo carro (FW16) equipado com a tão revolucionária suspensão ativa e todas as demais ajudas de pilotagem presentes nos chassis de 1992 e 1993.

Com isso, o carro desenvolvido pela Williams ficou muito aquém do esperado por Senna e, o piloto brasileiro apelidou o carro de “cadeira elétrica”, pois segundo ele era impossível de se manter o carro na pista, devido ao fato de ser muito traseiro e nervoso na entrada e saída de curvas. A Benneton por sua vez desenvolveu um chassi muito bom e contando com o piloto alemão Michael Schumacher, em franca ascensão queria provar a F-1 e ao mundo que tinha totais condições de desafiar Senna e a Williams.

Na primeira etapa da temporada, disputada no Brasil, Senna conquistou a pole position, porém durante toda a primeira parte da corrida foi seguido de perto por Schumacher e na primeira parada para troca de pneus e reabastecimento (outra novidade introduzida pela F-1 naquela temporada), Senna e Schumacher entraram na mesma volta no box e, o alemão saiu na frente e foi abrindo vantagem.

Somente na parte final da corrida, Senna começou a descontar a diferença de cinco segundos, mas com um carro nervoso nas mãos acabou cometendo um erro na curva que leva a subida da Junção e rodou deixando o motor morrer. Schumacher com isso abriu a temporada vencendo a corrida com Senna não completando.

A segunda etapa da temporada seria disputada em um circuito em que a F-1 jamais havia corrido anteriormente, ou seja, GP de Aida disputado no Japão. Nos treinos classificatórios novamente Senna conquistou a pole porém com uma vantagem muito pequena para Schumacher.

Na largada, o piloto brasileiro patinou e permitiu a Schumacher assumir a ponta. Na freada para a tomada da primeira curva, Senna tenta uma manobra arriscada para recuperar a liderança mas Schumacher não dá espaço e Senna é obrigado a dar uma carga maior na frenagem e, com isso, Mika Hakkinen que vinha logo atrás acerta a traseira da Williams fazendo Senna rodar e se isso ainda não fosse o bastante, Luca Badoer (estava substituindo Jean Alesi nesta etapa), não consegue desviar e acerta em cheio a lateral do carro de Senna que abandona a corrida logo na primeira volta. Schumacher sem adversários na corrida, ruma tranquilo para seu segundo triunfo e, na classificação do mundial, ele está vinte pontos à frente de Senna que mais uma vez não havia pontuado.

O piloto brasileiro sabia que o campeonato era longo, porém teria muito trabalho pela frente para descontar uma diferença de 20 pontos diante de um conjunto perfeito formado por Benneton-Schumacher, chegando a Ímola palco da terceira etapa muito pressionado por uma vitória e um resultado satisfatório.

Porém como todos sabem, o sonho de se tornar tetracampeão pela Williams foi tragicamente interrompido na sétima volta do GP de San Marino disputado no dia 01/05/1994, onde Senna se preparava para fazer a curva Tamburello em sétima marcha a mais de 300km/h e a barra de direção de sua Williams se rompeu fazendo com que o carro do piloto brasileiro se chocasse violentamente contra o muro de concreto e, com o impacto a barra de suspensão se danificou atingindo a viseira de seu capacete, fazendo com que o brasileiro tivesse uma morte cerebral instantânea naquele momento.

Infelizmente os fãs e o mundo da F-1 ficaram sem respostas para o que poderia ser o maior duelo da história da categoria entre Senna e Schumacher, pois o piloto alemão parecia naquele momento um adversário muito mais completo do que o grande rival de Senna, o piloto francês Alain Prost.

Alexandre Costa
Sorocaba. São Paulo

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