Meu Brasil brasileiro

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019 às 11:41

GP do Brasil de 2019 de Formula 1

Por: Bruno Aleixo

O Brasil, meus amigos, não é para amadores. Definitivamente. Depois do enorme rombo causado pela realização das Olimpíadas de 2016, no Rio, e da Copa do Mundo, com estádios caríssimos erguidos em diversas partes do país, em 2014, mais um evento esportivo promete trazer problemas paras os combalidos cofres públicos nacionais: a Fórmula 1. Sim, um evento que, tradicionalmente, traz bons resultados ao Estado de São Paulo e, consequentemente, ao país, passou a ser alvo de uma guerra fiscal entre paulistas e cariocas, com patrocínio do Governo Federal.

Com certo estarrecimento, li aqui no Autoracing, na semana passada, que o Rio de Janeiro ofereceu 60 milhões de Trumps para passar a receber a Fórmula 1, no autódromo ainda inexistente de Deodoro. Para a construção da pista, o governo carioca aprovou a captação de 302 milhões de Talkeis em incentivos fiscais. Sabem o que isso significa? Que o Rio de Janeiro permitirá que a empresa (ou as empresas) que se interessar em financiar a construção do autódromo deixará de recolher impostos, perfazendo esse total aí de cima (sabem o que funcionava exatamente dessa forma? Sim, ela, a criticadíssima e vilanizada Lei Rounet! Não é curioso?). Então, amigos, o Rio de Janeiro, que há alguns anos não vem pagando salários, por exemplo, de professores e policiais, terá uma drástica diminuição em sua arrecadação, em prol da construção de um autódromo.

O mais interessante, é que a Fórmula 1 já tem uma casa pronta no Brasil: Interlagos, pista na qual a categoria correu, até esse ano, sem que o governo tivesse que pagar um centavo para recebe-la. Sim, é possível que na renovação para 2021 em diante, seja necessário pagar, pois a Liberty tem outra política (direito dela, diga-se). Os paulistas ofereceram 20 milhões de doletas pela prova, mas isso não chega perto dos exorbitantes 60 oferecidos pelo Rio. A reportagem dá conta de que uma comitiva de políticos esteve em Abu Dhabi (olha só, mais dinheiro público!!) para apresentar o projeto a Lewis Hamilton. Em sua coletiva antes do GP do Brasil, o inglês criticou a construção de uma nova pista, em um local de preservação ambiental (no que ele está certíssimo).

Alguém, por favor, poderia me explicar qual o sentido disso? Dois estados brasileiros brigando para ver quem oferece mais, o que só vai onerar um evento que vinha para o país gratuitamente até hoje! Custava apenas as reformas anuais a serem feitas em Interlagos, o que era tranquilamente suprido pela arrecadação do evento! E, o mais incrível: se fossem apenas os dois estados brigando, ainda se poderia entender, mas com o Governo Federal atuando fortemente em favor de um? Um dos integrantes da citada comitiva de Abu Dhabi, é deputado federal eleito por São Paulo, filho do atual Presidente da República!

Sabem qual será o resultado disso? Em virtude da guerra, o Brasil passará a pagar muito caro para ter a Fórmula 1. Muito caro. O que se ganha com o evento, passará a produzir uma margem de lucro ínfima, isso se não fechar no vermelho. E essa possibilidade é bem forte, caso a prova se mude para o Rio, pois a construção do autódromo vai custar um absurdo. É uma situação absolutamente inacreditável.

Ah, e antes que joguem pedras, ninguém aqui é contra o fato de o Rio de Janeiro ter um autódromo. Pelo contrário, é até merecido, depois da sacanagem que fizeram com Jacarepaguá (aliás, alguém teria uma explicação razoável do porque foi necessário destruir o autódromo, sendo que havia uma área aparentemente grande, em Deodoro?). Mas, cabe a pergunta: esse é o momento? Não estariam os cariocas carentes em áreas mais importantes (vejam o que a cidade sofreu com as chuvas esse ano, por exemplo)? E, por fim, lembrem-se das lições aprendidas na Copa e nas Olimpíadas: grandes eventos, no Brasil, nada mais são do que portas abertas para a corrupção. E nada parece indicar que com Deodoro será diferente.

A conclusão é simples: os nobres políticos brasileiros vão conseguir uma grande façanha. Ou o país passa a pagar caríssimo pelo evento, ou a Liberty se cansa do amadorismo daqui e se manda. E o Brasil vai perder a F1. Esse país, definitivamente, não é para amadores.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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