F1 – Qual filosofia, cara-pálida?

quarta-feira, 30 de agosto de 2017 às 20:23
Paddy Lowe

Paddy Lowe

Por: Adauto Silva

Hoje o diretor técnico da Williams, Paddy Lowe veio com um papo furado que “vamos mudar a filosofia do carro em 2018”.

Qual filosofia, cara-pálida? Você já deixou estragarem o carro deste ano!

Como? Veja.

A Williams mudou o carro na Áustria em desacordo com a filosofia que vinha tendo nos últimos três anos e se deu muito mal. É lógico que o Lowe não vai dizer isso, porque ele devia ter visto que mudar a filosofia do carro no meio da temporada seria uma tremenda cagada. E foi.

Mas qual é a filosofia dos últimos três anos? Fácil, carro com aerodinâmica estilo-míssil, ou seja, pouco downforce e menos arrasto ainda, para o carro andar demais na reta tentando compensar a baixa velocidade em curvas. Funcionou relativamente bem em pistas de alta. É só pegar o histórico dos últimos anos (fora 2017) em Silverstone, Áustria, Monza e até um pouco em Spa, Canadá e Abu Dhabi.

Eles iam mal em pistas de baixa e mais ou menos no resto, ou seja, pistas de média velocidade sem grandes retas e com mix de curvas de média também.

Com essa filosofia eles conseguiram um excelente P3 no Campeonato de Construtores de 2014 e 2015, ainda mais considerando que o orçamento deles era – e ainda é – menos da metade do orçamento das quatro grandes; Mercedes, Ferrari, Red Bull e McLaren. Menos também que o da Renault.

Em 2016 a fórmulazinha de carro-míssil já não foi tão bem e eles terminaram o ano em P5. A Force India fez um carro melhor, tinha um pouco mais de downforce que o da Williams com praticamente o mesmo arrasto, então a Force India ia melhor que a Williams nas pistas de média.

O carro deste ano tem a mesma filosofia de carro-míssil, mas mais parecida com a Force India de 2016, ou seja, um pouco mais de downforce, mas também com um pouquinho mais de arrasto.

Esse tipo de carro é difícil de guiar, pois anda muito nas retas e faz pouca curva, então o piloto tem que se virar muito em cima dos pneus porque a aero gruda menos que os outros nas freadas e curvas. Esta é uma – talvez a principal – razão de Lance Stroll ter tido tamanha dificuldade no começo do ano. O carro é mega-sensível em freadas, contornos e saídas de curva.

Então resolveram colocar um monte de downforce na atualização da Áustria num carro que não foi projetado para isso. O resultado é o que estamos vendo, o carro ganhou muito arrasto, pouco downforce e ficou extremamente lento, inclusive detonando os pneus, coisa que não acontecia antes.

O ideal – usando a lógica – seria voltar o carro para o que ele era antes do GP da Áustria e desenvolvê-lo de acordo com a filosofia de seu projeto original.

Quer mudar a filosofia? Mude para 2018, porque esse ano estragaram tudo a partir da Áustria.

E Paddy Lowe tem muita culpa no cartório. Para quem não tinha entendido, taí a razão de ele ter sido demitido pela Mercedes.

Adauto Silva
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