F1 – O texto que não escrevi

segunda-feira, 30 de setembro de 2019 às 2:06

GP da Rússia 2019

Eu, Adauto, ia escrever uma coluna sobre o GP da Rússia, afinal o pessoal tem me cobrando novas colunas. Na verdade eu estava começando a escrever quando recebi o texto abaixo do David Tremayne.

Pensei: “Oba, talvez aqui tenha algo que eu não tenha pescado durante a corrida! Vou ler agora…”

E então, quando acabei de ler pensei: “Que fdp esse David, meu texto ia parecer um plágio do dele!”

Aí resolvi não escrever e simplesmente traduzir o texto dele, preto no branco (só para contrariá-lo em alguma coisa).

A Ferrari deveria ter vencido, mas nada é preto e branco na Formula 1

Por: David Tremayne

Então, quem acertou e quem errou?

A Ferrari deveria se sentir enganada ou cometeu um erro grave que lhes custou o GP da Rússia?

A Mercedes executou um plano de corrida perfeito ou simplesmente teve sorte?

Como sempre na F1, as respostas estão em zonas cinzentas, nunca em preto e branco.

A Ferrari tinha o carro mais rápido, isso é certeza. Seja o que for que eles inventaram em sua UP – no passado, quando a Ferrari e a Mercedes tinham algo parecido para para a classificação, isso era chamado de ‘modo festa’, mas agora Lewis Hamilton começou a se referir à atual vantagem de potência da Ferrari na classificação e na corrida como ‘modo a jato’ – foi complementado desde Cingapura por modificações aerodinâmicas que finalmente proporcionaram a aderência que faltavam desde o início da temporada. O resultado foi o carro mais rápido da F1, e muitas reclamações da Mercedes e da Red Bull.

Isso permitiu que a Ferrari se tornasse a equipe dominante na classificação, assim como a Mercedes costumava ser desde que a fórmula turbo-híbrida foi inaugurada em 2014, quando foi realizado o primeiro GP da Rússia. Isso, por sua vez, lhes dá uma posição de controle, e hoje em dia isso é muito, muito importante (devido a aerodinâmica dos carros, que dificulta demais as ultrapassagens).

Se Lewis Hamilton tivesse feito o undercut em Sebastian Vettel na volta 19 do recente GP de Cingapura, por exemplo, ele teria conseguido a posição de pista vencedora da corrida. Em vez disso, ele conseguiu apenas o P4.

Mas a Ferrari tem uma propensão inata de arrancar a derrota das garras da vitória.

Desta vez, não há dúvida de que a intervenção de um safety-car virtual na volta 27 os machucou gravemente e entregou a corrida à Mercedes.

Antes disso, porém, a rivalidade entre Charles Leclerc e Sebastian Vettel já havia ameaçado desconectar os dois.

O plano era que Leclerc ficasse à esquerda ao sair da linha de largada da pole position, negando assim o segundo acesso mais rápido de Hamilton no seu vácuo e, em vez disso, dando-o ao terceiro mais rápido Vettel, alinhado logo atrás dele. Isso funcionou com perfeição, embora crucialmente Vettel já tivesse derrotado Hamilton na largada, graças ao seu composto mais macio e aos médios nos quais a Mercedes havia escolhido se classificar e iniciar a corrida na esperança de continuar com um primeiro stint mais longo e, portanto, apenas talvez – ser capaz de passar pelos Ferraris depois nos pitstops.

A rigor, isso significava que Vettel não precisava do vácuo, o que o catapultou para uma vantagem que ele deveria devolver após algumas voltas, quando os carros vermelhos se estabelecessem em P1 e P2. Quando ele não devolveu, mas continuou fazendo voltas mais rápidas e abrindo vantagem, Leclerc começou a ficar inquieto.

Foi nesse ponto que o campeão de Hamilton afetou a estabilidade da Ferrari, porque ele estava dando tudo para manter a pressão, tentando tornar mais difícil para a Ferrari pensar direito e tomar decisões rápidas.

Mesmo com isso, no entanto, a Ferrari deveria ter vencido.

Leclerc trocou seus pneus na 22ª volta. Quando Vettel entrou na volta 26 – muito mais tarde do que a Mercedes havia previsto no que eles esperavam ser pneus menos duráveis ​​- a liderança foi devolvida ao companheiro de equipe. Mas o carro de Vettel sofreu um problema com seu MGU-K, um dos componentes de captação de energia de sua UP. E foi aí que a Ferrari cometeu o erro que lhes negou a vitória. Disseram a Vettel para parar o carro e ele o fez na curva 15, a três curvas do box. Isso desencadeou o safety-car virtual que lhes custou tanto, porque permitiu à Mercedes trocar os pneus de Hamilton e Valtteri Bottas nessa volta e, assim, reduzir pela metade seus tempos de parada e voltar com Hamilton à frente de Leclerc.

Há problemas para desligar corretamente esses carros complexos, a fim de evitar o risco de choques elétricos, mas muitos achavam que isso poderia ter sido resolvido, se a Ferrari tivesse instruído Vettel a fazer um pit, caso em que não haveria necessidade do safety-car virtual.

Então, quando o acidente de George Russell na volta 28 acionou o safety-car na volta 29, a Ferrari colocou Leclerc para trocá-lo de volta para os mesmos pneus macios que a Mercedes usara (lembre-se de sua estratégia de pneus invertidos na classificação), e isso o deixou em terceiro atrás de Bottas.

Com a posição na pista sendo tão importante quanto é na maioria dos circuitos da F1, o monegasco não conseguiu ultrapassar finlandês, e Hamilton acelerou para sua 82ª vitória e manteve o histórico perfeito da Mercedes em Sochi.

Entendeu o que eu quis dizer sobre nada ser preto e branco na F1?

David Tremayne

Obs: Bem, há várias coisas que o David não tocou no texto dele, mas eu também não ia escrever, senão ia ficar meio sem ter o que dizer no Podcast Loucos por Automobilismo de amanhã…

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