Audi e Di Grassi, estamos juntos!

quinta-feira, 28 de abril de 2016 às 18:20
Audi WEC 2016

Audi WEC 2016

Colaboração: Victor Nunes

A inserção de novas categorias no automobilismo mundial com alto poderio tecnológico, financeiro, competitividade e pouca politicagem, somada ao avanço das já existentes, corroboraram para que a outrora velha máxima “não existe vida fora da Fórmula 1” esteja em desuso.

É possível construir uma brilhante trajetória sem atrelar-se ao sucesso ou não da temporada que disputou. Se bem que chegar a F1 exige nível, pelo menos teoricamente, de muita competência e luta. Portanto, para poucos.

Isto posto, Lucas Tucci Di Grassi é o piloto em evidência e excelência que denota haver motivação em competições tanto quanto ou mais desafiadoras que a Fórmula 1. Ou vocês acreditam que, em termos de complexidade, a WEC deve a F1?

Cumpre salientar que o jovem paulista com sobrenome italiano, possui feitos notáveis, tais como: vencedor do GP de Macau 2005 (derrotando esportistas do calibre de Vettel, Kubica, Grosjean e Loïc Duval) e primeiro a conquistar o E-Prix na Fórmula E.

Competiu na GP2 Series por quatro temporadas, levando vice-campeonato em 2007. Ao todo, 05 (cinco) vitórias e 21 (vinte e um) pódios. Em 2008, ingressou após 03 (três) rodadas duplas. Finalizou em terceiro, 13 (treze) pontos atrás do campeão Giorgio Pantano.

Vale observar que Lucas participou do Renault F1 Team Driver Development; a posteriori, tornou-se reserva. Foi piloto de testes oficial da Pirelli na F1 e contribuiu significativamente no desenvolvimento dos monopostos da Fórmula Elétrica.

A vasta experiência, adicionada ao caráter, técnica, valores e trabalho em equipe conduziu a união com uma das mais emblemáticas e respeitadas marcas do setor automotivo: a Audi AG. Era realmente o que faltava ao brasileiro para firmar e progredir de vez na carreira. Não diria que foi o recomeço, mas a oportunidade de demonstrar que pertencer ao Team de fábrica, totalmente estruturado e prestígio inconteste, os resultados viriam em questão de tempo.

No Mundial de Endurance, com participações esporádicas (2012 e 2013), e temporadas completas (2014 e 2015), obteve até o momento 08 (oito) pódios em 20 (vinte) corridas. Destaca-se a segunda colocação nas 24 horas de Le Mans. Nesse interstício, surgiu a possibilidade de competir na Audi ABT – Fórmula E.

Relevante lembrar; A ABT Sportsline não é somente equipe de competição; mas preparadora de veículos (focada nos automóveis do Grupo Volkswagen). Recentemente, em comemoração aos 120 (cento e vinte) anos, apresentou o Audi TTS, motor turbo de 2.0, 370 CV.

Pilotando o carro nº 11, Di Grassi em 18 etapas logrou: 04 (quatro) vitórias e 12 (doze) pódios, não contabilizando as duas desclassificações; difíceis de digeri-las até hoje. Talvez pela minha formação, e sopesando na balança as circunstâncias dos fatos (apesar das regras estarem dispostas para serem cumpridas), acredito que as punições foram ultra severas.

Os admiradores da Fórmula E notaram que as vitórias foram conquistadas no braço e sem os pequenos, mas decisivos detalhes (E-prix do México, o peso mínimo permitido é 888 kg. O #11 estava pesando 886,2; Na Alemanha – 2015, por alteração na parte da asa dianteira e proteções das rodas), provavelmente as posições permaneceriam inalteradas. À propósito, não houve má índole da escuderia.

Segundo Di Grassi, a diferença no peso não alterou o desempenho do bólido. Recebeu bandeira quadriculada 5s416 a frente de Jérôme d’Ambrosio. Em Berlim, aduziu que o conserto não modificou a performance. Contudo, acatou a penalidade. A ABT não recorreu. Vida que segue!

Desalentador para os fãs, percebendo esvair a real chance de título… Eis que o imponderável acontece e Lucas de tenacidade peculiar e união indissolúvel junto a Audi ABT, lavam a alma vencendo contundentemente o GP seguinte em terras californianas, assumindo posteriormente, a liderança do campeonato. Ainda há esperança!

É oportuno consignar o quão a montadora de Ingolstadt permanece comprometida com o esporte a motor, despendido quantias consideráveis no desenvolvimento de tecnologias pioneiras e respeito ao meio ambiente. Frisa-se que na construção do novo R18 (WEC), a tecnologia de ponta TDI (Turbocharged Direct Injection) está presente; isto é, maior economia no combustível, menor emissão de gases. Na nova geração, a redução no consumo aproxima-se de 10% (dez por cento).

Verifica-se ainda que a incorporação das baterias de íon-litio – 6MJ (recuperação de energia), montada no eixo dianteiro, resultou no aperfeiçoamento do sistema híbrido em 50% (cinquenta por cento).

No tocante a F-E, a parceria tecnológica entre Audi e ABT, ratifica o empenho e preocupação da montadora alemã em estudar alternativas e desenvolver mecanismos que concretizem a mobilidade neutralizadora de CO2; haja vista o E-Tron Quattro Concept, exibido no Salão de Frankfurt. De fato, a tecnologia de amanhã, hoje; chegou. Ademais, os constantes desafios na mobilidade urbana inseriram novas diretrizes no Grupo VW. A criação da Audi Urban Future é uma das iniciativas.

Deveras constatar que a Schaeffler é responsável pela produção do trem de força na ABT. O limite na potência do motor elétrico é 200KW (268,20 cv) no qualifying. Todavia na corrida, as equipes não poderão ultrapassar os 170 KW (227,97 cv). Exceto quando o competidor receber o Fan Boost (100KJ).

Independente do que aconteça em Londres, Di Grassi é o cara do mundial de Fórmula E. Escrever sobre justiça e esporte, seria bem pretensioso de minha parte; até porque, sabemos que no automobilismo, nem sempre esse binômio está interligado (vide Alonso 2012). Além disso, o nosso objetivo não é querer criar comparações, tampouco discórdia. Afinal, o que é justo para mim pode ser injusto para você e vice-versa.

Assim, importa dizer a Lucas que a nação automobilística brasileira está contigo. A bravura, dedicação e talento, acrescentados de perspicácia e humildade o colocam no rol dos melhores. Novos êxitos serão apenas consequência e consolidação do que construiu até aqui.

Por fim, é uma lástima que a AUDI Sport não participe da F1 pela conjuntura política e esportiva imprevisível da categoria. Entretanto, certa está. É empolgante e exemplar o desenvolvimento e emprego da tecnologia adquirida nas pistas, nos carros de rua. O real cuidado em adotar medidas que minorem o efetivo uso de combustíveis fósseis e a incessante busca pela eficiência sustentável, mantendo o elevado padrão de qualidade; justifica o porquê da Audi ser tão admirada por nós.

Audi e Di Grassi, estamos juntos!

Victor Nunes
Natal – RN

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