A Red Bull te dá asas. Por Fernanda de Lima

quinta-feira, 26 de setembro de 2013 às 16:51
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Singapore Flyer - a maior Roda Gigante do mundo

Quando pensamos em roda gigante, parque de diversões é a primeira coisa que nos vem à mente, correto? Em segundo, a nossa infância, e, possivelmente, até um encontro romântico. Mas você sabe quando surgiu a primeira roda gigante?

Alguns registros sobre a primeira roda gigante que se tem conhecimento datam de 1615, na antiga Constantinopla. Mas a primeira que entrou para a história mesmo, foi a famosa “Roda de Ferris”, apresentada ao público na Exposição Universal de Chicago, em 1893. A uma altura de 80,4 metros e pesando 71 toneladas, a roda gigante projetada e construída por George Washington Gale Ferris Jr., comportava 36 cabines, cada uma com capacidade para até 60 pessoas.

115 anos depois da “Roda de Ferris”, chegamos ao exagero que o mundo atual pode nos proporcionar: a “Singapore Flyer”. Inaugurada em 2008, a roda gigante de Cingapura é o símbolo de toda a luxuria que gira em torno de um dos mais espetaculares, ao menos visualmente, GPs de Fórmula 1.

Ao amanhecer, ao entardecer, ao anoitecer, qualquer hora do dia parece ser fora da órbita comum no circuito de Marina Bay. A “Singapore Flyer” tem uma altura equivalente a um prédio de 45 andares. Com 178 metros, ela é a maior roda gigante do mundo. Só por esse detalhe ela já seria alvo dos curiosos. As 28 composições são equipadas com ar condicionado e lá no alto proporcionam visões exuberantes de Cingapura, e, quando o tempo está espetacularmente bom, até da Malásia e da Indonésia.

Tudo em Cingapura parece girar em perfeita sintonia, e se não está em perfeita sintonia, eles buscam os melhores “mecanismos” possíveis para isso. A roda gigante que quer, além de tudo, proporcionar a sensação de “voar” aos seus “tripulantes”, no início, girava no sentido anti-horário. Mas os mestres do feng-shui* disseram que o sentido da roda gigante estava afastando a “boa fortuna” da cidade. Pois bem, apenas meses depois de sua inauguração, a “Singapore Flyer” estava se movendo ao contrário.

Não há explicações ou comprovações científicas de que as técnicas do feng-shui realmente funcionem. Mas quem vai questionar uma tradição milenar capaz de fazer uma estrutura de 240 milhões de dólares se mover pro outro lado? Assim como, quem é capaz de questionar um piloto e uma equipe que colocam 2 segundos de vantagem em cima do segundo colocado logo após a largada de uma prova?

Se Sebastian Vettel e Red Bull são adeptos do feng-shui, eu não sei, mas a sintonia entre carro e piloto não poderia ser mais perfeita. Outra vez a dupla foi impecável para vencer mais um GP na temporada. Novamente, sem ninguém para ameaçar o domínio de Vettel, ele liderou de ponta a ponta (perdeu a liderança por alguns míseros segundos para Rosberg que deu o bote na largada, mas não se sustentou). Nem a entrada do safety car foi capaz de mudar o vento de direção. E ao que parece, nem a chuva e raios e trovões tira o campeonato desse menino.

Pra não deixar tudo tão monótono, deu pra sentir uma leve ameaçazinha a Vettel no fim do treino de classificação. A Red Bull disse que o tempo feito pelo seu menino de ouro já era o suficiente, que não havia mais a necessidade de mantê-lo na pista. Vettel disse que ainda poderia tirar mais se precisasse. É praticamente uma humilhação correr contra essa Red Bull. Fora dos treinos, Vettel precisou somente roer as unhas e torcer para que seu tempo não fosse batido. E não foi. Nico Rosberg chegou perto e só.

Com a pole garantida, Vettel fez uma corrida só dele. A roda gigante de Sebs não gira, com ele não tem essa de altos e baixos. Nessa “Singapore Flyer” austríaca/alemã os voos são cada vez mais altos, a visão a cada prova mais exuberante e a cada vitória passam a avistar de longe as ilhas que vem se tornando seus adversários.

Todos os outros precisam de algo além do feng-shui para fazer a “Roda de Vettel” girar, ou seguirão disputando pelo resto da temporada as posições entre o 2º e o último colocado.

Não bastam exímias largadas, sair da 7ª posição e chegar em 2º, ou largar em 13º e mesmo com dores, alcançar o 3º posto no pódio. Foram performances exemplares de Fernando Alonso e Kimi Raikkonen? Sem dúvida. Mas não foram suficientes, em partes porque os carros não são suficientes.

No ritmo que caminha a “Roda de Vettel”, o tetracampeonato poderá vir três provas antes da disputa final em Interlagos, já no GP da Índia, 16ª etapa do Mundial. Com a 13ª “volta” do campeonato completada, os números estão assim: Sebastian Vettel, 247 pontos, Fernando Alonso, 187, Lewis Hamilton, 151, Kimi Raikkonen, 149 e Mark Webber, 130. Reparem que a diferença de Sebs para Alonso, segundo colocado, é maior que a diferença, por exemplo, de Alonso para Webber, 4º colocado.

O alemão está começando a incomodar muita gente, e nesse momento não só por suas vitórias, mas por declarações como essa: “Enquanto muitas pessoas estão na piscina no início da manhã de sexta-feira, nós ainda estamos trabalhando muito duro e nos esforçando ao máximo”. Quando li, lembrei imediatamente de Niki Lauda. Alguns já estão associando Vettel a chatice. Chato? Pra quem? Possivelmente pra Ferrari, Mercedes, Lotus…

A comemoração após vencer em Cingapura no último domingo resume o posicionamento de Vettel frente a tudo isso: “YES, I’M LOVING IT”.

Com a pole, a vitória e a volta mais rápida da prova é para estar amando tudo isso mesmo.

Sebastian Vettel. 1h59m13.132s (32.6s em cima do 2º colocado). A Red Bull te dá asas…

pit stop 1: Tanto Alonso quanto Webber mereciam punições pelo episódio da carona proporcionado no fim da corrida. O australiano só foi punido por ser a terceira advertência, como foi a primeira do espanhol, passou ileso. A prova de amizade deveria ser selada com quedas de posições de ambos no próximo grid de largada.

pit stop 2: Vamos agradecer a McLaren, que com toda a sua ruindade (e só por causa disso) proporcionou algumas disputas bacanas no fim da prova.

*feng-shui é uma técnica milenar chinesa de harmonização dos ambientes. Feng significa vento e Shui significa água.

Fernanda de Lima

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