Uma verdadeira visão global faria muito bem a CART 01/06/2001)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 21:07

O presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, anunciou a volta da Maserati para o automobilismo de competição no próximo ano, mas ele negou veementemente que a companhia que preside, a Ferrari/Fiat, esteja tentando trazer a Maserati para a F1. Um porta-voz da Ferrari disse que a Maserati iria concentrar seus esforços em outro lugar do mundo das corridas. “Eles definitivamente não estarão na F1”, disse o porta-voz. “Talvez nas corridas GT ou lá na América com as séries CART ou IRL”.
Dito isso, a CART precisa considerar seriamente nossa proposta para correr em Monza ou Ímola como parte de um movimento de expansão na Europa, e como um modo de assegurar a chegada da Maserati/Ferrari na categoria. Apesar da Maserati não ser a Ferrari propriamente dita, certamente irá atrair muitos italianos fanáticos por corridas já que a Ferrari/Fiat é dona da Maserati.

Com o marketing certo junto a todos os fãs tifosi, a CART pode desenvolver o tipo de atração internacional que precisa. Como a CART começa a concorrer com a F1 por parte do mercado mundial de corridas de alto nível, um mercado no qual a demanda ultrapassa de longe a oferta, será muito bom ter mais envolvimento com empresas que tenham uma visão verdadeiramente global.

Não se pode imaginar a Maserati na IRL, simplesmente porque eles obviamente querem uma imagem esportiva internacional e a CART pode dar isso a eles, não só como uma forte presença nos USA, mas também como presença mundial. Para uma empresa que vende carros no mundo inteiro, é natural que a CART seja a primeira escolha da Maserati.

Portanto, nós recomendamos, mais uma vez, que a CART anuncie seus planos para um motor turbo 1.8L para que a Ferrari saiba que eles estão investindo numa fórmula de motor que irá durar 20 anos (podemos lembrá-los que a Ferrari tem larga experiência com motores turbo de rua e F1). Então estaremos ansiosamente esperando o momento em que a Ferrari/Fiat decidirá colocar seu emblema no motor.

Quando isso acontecer, não haverá como parar a CART. Sua popularidade vai subir ao nível da F1, e daqui a alguns anos a CART vai ver que esta decisão foi feita num momento definitivo da sua história, não apenas por manter sua herança do turbo, mas por proporcionar uma plataforma na qual uma empresa de automóveis pode desenvolver tecnologias alternativas de motores. Podemos também lembrá-los que vários fabricantes de carros continuam vendendo legalmente carros de rua turbo, e com demanda de motores menores e combustíveis mais eficientes no futuro. Turbos estão começando a ser vistos de novo como um modo de manter os níveis de performance com motores de menor cilindrada. O desenvolvimento e design de um motor pequeno de 1.8 litros para a CART, vai permitir aos engenheiros aplicar nos carros de passeio, o que aprenderam nas pistas.

A CART pode e DEVE dar aos fabricantes e patrocinadores uma exposição mundial onde audiências anuais de TV são medidas em bilhões por ano, não milhões. A CART já tem um sabor internacional de pilotos e fabricantes. Agora ela precisa acertar com alguns poucos patrocinadores com visão realmente global, implementar o suporte correto de marketing mundial, e aguardar todos os atuais fabricantes de motores da F1, (atualmente considerando começar a sua própria categoria, que seria rival da F1), darem uma olhada na CART e dizer: “Por que estamos gastando tanto na F1 enquanto a CART está agora nos dando presença mundial por uma fração do custo, e por Deus, nós realmente teremos chances de vencer corridas”.

Já é hora da CART se mexer rapidamente (será possível com tantos interesses próprios no caminho?), com um plano de negócios global unificado, sendo apoiado por um plano global de marketing, e uma mentalidade global por cima de tudo. Esta mentalidade global tem que se infiltrar por toda a estrutura… e isto implica desde os mecânicos das equipes até o presidente da organização.

Possivelmente, a maior tarefa que o presidente da CART, Joe Heitzler tem pela frente, não é um novo pacote de TV ou encontrar mais patrocinadores, e sim o de conseguir que suas tropas compreendam e entendam a “visão global”. Mr Heitzler pediu a todos os donos de equipes da CART para ajudarem a desenvolver o próximo plano anual. Infelizmente, nem todos tem a mesma idéia do que é melhor para a CART como categoria de ponta. Eles, com certeza têm seus próprios interesses em vista. Podemos culpá-los?

Usaremos a Toyota e a Philip Morris como dois exemplos: As suas atuais participações na CART são 100% patrocinadas pela Toyota USA e Philip Morris USA, respectivamente. As suas empresas filiais estão focadas nas vendas no mercado global, enquanto seu braço nos USA está focado nas vendas do produto nos USA. Portanto, se você os perguntar, eles dirão que a CART deveria unir suas forças e se concentrar para fazer da CART uma categoria muito forte nos USA. E apesar disto ser meritório, o fato continua a ser de que o mercado americano de automobilismo com NASCAR, ALMS, GrandAm, TransAm, MHRA, IHRA e o IRL está terrivelmente saturado.

O desafio para a CART será manter uma presença forte nos USA (escolhendo suas corridas sabiamente com apenas 50% nos USA) enquanto melhora usa presença global com os restantes 50% das corridas.

Certamente a Toyota USA e a Philip Morris USA não devem ver com bons olhos minha tentativa para que a CART seja uma potência global, acreditando ao invés, que a CART negligenciaria o mercado americano que eles cobiçam. Isto é o esperado.

Entretanto, tanto quanto a NASCAR teve que aturar os berros quando anunciaram que estavam deixando as duas corridas no oval curto de North Wilksboro, NC em detrimento a ovais do tipo superspeedways, que conseguiriam abrigar três vezes mais fãs, ficará a critério da CART ajudar os “Toyotas e Marlboros” a entender para onde a categoria está se dirigindo. Ficará então a cargo deles decidir se cavalgarão junto com o foguete para cima ou pularão fora antes que os motores impulsores sejam ligados, procurando abrigo no refúgio mais tranqüilo de Indianápolis, ou nas praias de areias brancas de Daytona.

Com uma visão global permeando a organização inteira, pelo menos empresas como a Toyota USA e a Philip Morris USA, entenderão para onde a categoria está indo, ao invés de “adivinhar” para onde está indo, como fazem hoje. Se eles decidirem pular fora, a CART terá então, que convencer suas empresas filiais a substituí-los e talvez, com um comprometimento financeiro maior.

Como é que diz o velho ditado? “Você recebe apenas pelo que paga”. Como uma empresa puramente americana, a CART é vista por milhões de olhos, mas como uma empresa realmente global, poderá ser vista por bilhões. Não sabemos quanto a você, mas sabemos o que nós preferimos.

Autor: Mark Cipolloni

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