Symonds: Pesquisa sobre as ultrapassagens na F1 é vital

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011 às 10:00

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As equipes da Fórmula 1 e seus chefes deveriam se unir e investir muito tempo e recursos a fim de entender melhor de quantas ultrapassagens a categoria realmente precisa. Essa é a opinião do ex-diretor técnico da Renault, Pat Symonds.

Em uma entrevista ao site Autosport falando sobre o estado da Fórmula 1 atual, Symonds disse: “Não precisamos de toneladas de ultrapassagens – mas talvez de um pouco mais do que temos agora. Para ser honesto, se você olhar para 2010, talvez tenha sido quase ideal. Foi significativamente melhor do que os anos anteriores”.

“Eu disse muitas vezes antes, mas as ultrapassagens devem ser como um gol no futebol, e não uma cesta no basquete. Esse é o nível que você quer. Contudo, uma das coisas interessantes é que, tendo trabalhado em um dos Grupos de Trabalho de Ultrapassagens (OWG), e inclusive olhado no ano passado, ninguém nunca disse ‘isso é exatamente o que queremos'”.

“Uma das melhores pesquisas foi conduzida pela FOTA, porque eles realmente contataram as pessoas fora do automobilismo. A FOTA se dirigiu ao mundo. As pessoas disseram que queriam mais ultrapassagens, mas não foi tão forte quanto você poderia pensar. Portanto, eu realmente não acho que uma audiência sofisticada queira ver os carros trocando de posição a cada volta”.

Symonds acredita que os esforços para elaborar regras melhores no passado foram atrapalhados por chefes técnicos que não sabiam exatamente qual era o objetivo. Ele acha que uma meta clara ajudaria a categoria.

“Se vamos melhorar as ultrapassagens, precisamos saber qual é o nosso objetivo – e se nossa meta é ter o dobro do que temos agora, podemos trabalhar nisso. Se é ter o triplo, também podemos. Precisamos de uma meta, temos de acabar com alguns dos mitos – e precisamos colocar um pouco de dinheiro e pesquisa nisso”.

Symonds disse que a urgência para conduzir uma investigação detalhada a respeito do papel das ultrapassagens na Fórmula 1 está aumentando por causa das mudanças que os carros sofrerão a partir de 2013.

Nos bastidores, o trabalho visando introduzir designs de baixa pressão aerodinâmica com mais efeito solo ao invés de depender das asas para produzir mais aderência está progredindo. As propostas, que foram elaboradas por Patrick Head, co-proprietário da Williams, e Rory Byrne, ex-projetista da Ferrari, estão sendo apresentadas às equipes para análise.

Apesar das conversas sobre o retorno do efeito solo na Fórmula 1 ter aumentado as esperanças em relação a corridas melhores, Symonds não está tão convencido. “Há muitas pessoas dizendo que o efeito solo é melhor para ultrapassagens. Mas eu adoraria saber como elas sabem disso, porque nunca foi feito nenhum trabalho nisso”, afirmou ele.

“O único trabalho em túnel de vento que foi feito nas ultrapassagens é o recente do OWG e um anterior da GPMA (Grand Prix Manufacturers’ Association). Ambos sugeriram que se você tentar produzir a pressão aerodinâmica pela carenagem, isso será muito afetado pela turbulência. Então, a pouca evidência que existe sugere que não seria uma coisa tão boa”.

“Eu conversei muito detalhadamente com Rory sobre o trabalho que ele e Patrick (Head) fizeram, e nós conversamos por telefone durante muitas horas sobre isso. Mas tudo está sendo feito em CFD (Dinâmica de Fluidos Computacional) e não foi feito nenhum trabalho nas ultrapassagens. Nada. Portanto, é bastante preocupante, não é?”

“Há muito menos pressão aerodinâmica. Então, é possível argumentar que, se houver menos pressão, o efeito será menor, esse é o lado bom, mas o resto – absolutamente nada sugerindo que será melhor, e talvez algumas evidências mostrando que poderá ser até pior. Portanto, na minha opinião, seria negligente introduzir essas regras sem analisar o efeito das ultrapassagens. E esse é um trabalho complicado – porque não acredito que você pode fazer isso em CFD, não quando tem um carro tão diferente”.

“Uma coisa que nos prejudicou no último OWG é que só pudemos trabalhar com modelos em escala devido ao tamanho do túnel. Alguém precisa investir dinheiro e dizer ‘vamos até a Mercedes usar um dos grandes túneis que não está sendo utilizado, vamos ter modelos maiores e fazer o trabalho de modo apropriado’. Vai custar mais dinheiro – mas a Fórmula 1 tem dinheiro. É hora de investi-lo nela própria”.

LS – www.autoracing.com.br

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