Sonhos de uma Noite de Verão

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 às 17:03
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Enzo Ferrari e Patrick Tambay

Colaboração: Flávio Peres

(Esteja preparado de antemão, porque esta coluna envolve doses maciças de humor e criatividade).

Vou aproveitar este espaço de opinião dos torcedores, tão gentilmente disponibilizado pelo Autoracing, para escrever de maneira mais descompromissada, passional, e, até, um pouco delirante sobre o futuro próximo da F1. Permitam-me sonhar e agir efetivamente como um mero torcedor, ao menos esta vez. É porque tem faltado romantismo e poesia a esta F1 de hoje.

De início, lembro-me que Dom Enzo Ferrari apreciava os pilotos, suas personalidades, os desafiava, mas gostava de dar a entender que era mais importante a vitória da “machina” Ferrari do que a dos pilotos. É conhecida a história, onde o já consagrado e renomado Jackie Stewart compareceu a uma reunião com figuras da Ferrari e o próprio “cappo”. Até, que em determinado momento, o escocês expressou sua pretensão salarial, e, o comendador falou algo no sentido de “quem esse inglês pensa que é”? Conquanto tenha dito em italiano, Stewart entendeu o “inglese”, levantou-se e disse: “Inglês não! Escocês!”. Lógico, a Ferrari continuoua investir em pilotos ainda não consagrados.

A Mercedes venceu tudo este ano. Foi uma vitória monumental. Mas, agora, atingido o objetivo principal, gostaria de ver o risco, o desafio. Preparem-se. Gostaria que a Mercedes corresse o risco de dispensar o campeão Lewis Hamilton (ou melhor, de não renovar com ele). Calma, a ideia original é negociar com a Red Bull e trocá-lo pelo também excepcional piloto Daniel Ricciardo (esse monstro que venceu três corridas com um motor bem menos potente, e, de quebra, colocou no bolso um tetracampeão mundial). A Mercedes diria e mostraria ao mundo sua força na F1. De que é capaz de vencer sem o piloto considerado o mais talentoso (Hamilton) ou o mais capaz (Alonso). Hamilton ficaria furioso e tentaria vencer a equipe alemã de qualquer maneira, com a excelente Red Bull e com o motor Renault já um pouco mais potente para o próximo ano!

Mas e se a Red Bull não topar? Vou lembrar-lhes porque Ferrari é um nome romântico, uma lenda que se mistura à própria história do carro. Ali pelo ano de 1982 (estou com preguiça de procurar e esta coluna é amadora…), Patrick Tambay, que corria com a modestíssima Theodore, teve de abandonar a categoria e lançou um curioso: “se houver de retornar à F1 será somente pela Ferrari ou a Renault, aquelas que efetivamente respeitam seus pilotos”. O meio da F1 não perdoa e ele virou piada. Alguns meses depois, a Ferrari o anunciava (e foi curioso, ver a manchete da primeira vitória, “o esforçado Tambay vence”; da segunda, “o bom Tambay vence”; da terceira, “o talentoso Tambay vence”…). Bom, mas agora que vocês entenderam, voltemos ao ponto: e se a Red Bull não topar a troca Hamilton-Ricciardo? Pois é, o caminho da rua para o inglês (digo, McLaren), e chamariam ou o Jenson Button, ou, seguindo a ousadia do comendador, o desempregado Adrian Sutil.

Mas, continuemos com os delírios. Para 2015, o GP para os pontos dobrados não seria mais Abu Dhabi. Seria Monte Carlo, molhada artificialmente em falta de chuva (chove e para não precisa de interferência por que já é mais divertido naturalmente). A um, porque Mônaco voltaria a ter ultrapassagens e separar os jovenzinhos dos adolescentes (…); a dois, porque seria uma prova onde a maior potência do motor Mercedes não faria diferença (circuito de baixa e ainda molhado…). Garanto que os jovens voltariam a gostar do GP de Monte Carlo e ele recuperaria toda sua aura de magia, desafio e imprevisibilidade. Ah! Adotaria esse sistema de treino na quinta-feira e descanso na sexta-feira, que acontece em Mônaco, em todos os GPs! Além de ser muito mais legal (para eventos com os fãs, festas etc e tal), também propicia uma chance melhor das equipes médias e menores encontrarem um acerto mais adequado, tornando as coisas mais equilibradas.

Bom, eu falei das históricas Mercedes e Ferrari. E estou com saudades da Alfa Romeo! Aí que vi, dia desses, que a Caterham e a Marussia foram autorizadas a correrem com o carro do ano passado. Já que a FIAT detém as marcas Ferrari e a Alfa Romeo; já que a Red Bull tem uma equipe satélite (a Toro Rosso); já que a Toro Rosso corria com o chassi da equipe principal no começo de sua existência; e, como mencionado, pode-se usar – em medida excepcional – carros do ano passado, Carl Haas estrearia sua equipe já no campeonato de 2015, e seria a Alfa Romeo (o motor bem modificado e potente seria também Alfa…), correndo com o carro da Ferrari em 2015 – e o estadunidense ainda iria vender os carros de luxo dessa marca nos E.U.A… Em 2016, Alonso passaria a ser dono de uma equipe espanhola, e ela seria a Pégasus! (Para quem não conhece a história, Dom Enzo tinha um desafeto espanhol, Wifredo Ricart, quando trabalhava na Alfa Romeo, e, quando saíram de lá, passaram a fabricar seus carros esportes, respectivamente a Ferrari e o Pégasus – rivalidade que foi interrompida com a 2ª Grande Guerra).

Alonso também lançaria carros esporte de luxo da Pégasus (depois da ideia, eu quero uma representação no Brasil…). Também em 2016, após recuperarmos todo o dinheiro desviado e com o pré-sal indo de bem a melhor, teríamos uma equipe nipônica-brasileira, a Petrobrás-Toyota. O motor seria japonês, a estrutura aquela dos japoneses na Alemanha, mas a administração da equipe em si, seria brasileira, com Nélson Piquet senior, Gil de Ferran… Uma vaga de piloto para o Brasil e a outra para o Japão.

Bom, já deu para desopilar o fígado, e, como já me respondeu o mestre Edgard Melo Filho em um programa do “Loucos”: “sonhar não custa nada”…

Flávio Peres
Poços de Caldas – MG

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