Série Os Campeões da F1 – J. M. Fangio 24/06/04

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 21:15
Juan Manuel Fangio

Nome: Juan Manuel Fangio
Nacionalidade: Argentina
Data de Nascimento: 23/06/1911 – Balcarce, Argentina
Data de Falecimento: 17/07/1995 – Balcarce, Argentina

Num país onde Carlos Gardel, Evita e Juan Domingo Perón e Diego Armando Maradona são idolatrados, a galeria dos heróis argentinos destaca um lugar todo especial a Juan Manuel Fangio, ou “el chueco” (o manco) devido ao fato dele ter pernas arqueadas. Desde o seu nascimento no dia 23 de junho, quando na realidade o cartório local indicava dia 24/06, Juan sempre esteve à frente de seu tempo e nem este detalhe roubava a sua alegria.

Filho de imigrantes italianos, o piloto recebeu de seus pais, Loreto e Herminia o nome de Juan Manuel por dois motivos. Juan veio pelo fato de ele ter nascido no dia de São João e de sua família Fangio ser católica fervorosa, e Manuel foi por uma homenagem ao então rei da Itália. Os primeiros tempos dos Fangio se assemelhavam a vida de muitos imigrantes vindos do Velho Mundo, economizando todo o dinheiro que ganhavam e alimentando o sonho de fazer a vida em um novo país.

Com seis anos, Juan Manuel começou a estudar e aos 11 anos começou a trabalhar como aprendiz em uma oficina, onde estaria mais perto das “máquinas infernais”. O jovem lavava e observava cada peça e tentava entender o funcionamento de cada uma delas. Aos 13 anos começou a trabalhar como ajudante de mecânico na oficina dos famosos Studebakers de Miguel Viggiano onde curiosamente, eram preparados alguns carros de corrida e onde nasceu sua paixão por eles.

Fangio e um fã

Anos mais tarde, Fangio contraiu tuberculose e teve o apoio de sua mãe para curar-se o mais rápido possível, tanto que quando conseguiu alta, serviu o exército e jogou futebol. Aos 21 anos abriu sua oficina particular, sempre ajudado por sua família e amigos. O argentino sempre creditou ao automobilismo tudo o que conquistou na vida.

“Devo tudo o que tenho ao automobilismo. Meus amigos chegaram a mim graças ao automobilismo, pois assim nasceu meu galpão e depois passei ao trailer. Amigos que muitas vezes foram muito mais que isso”

A estréia

O dia 24 de outubro de 1936 foi marcante na vida de Juan Manuel, pois marcou sua estréia nas competições. Seus amigos conseguiram um Ford A modelo 1929 para que ele pudesse participar de uma prova no circuito Benito Juarez, onde largando em terceiro, teve sua prova encerrada prematuramente graças a uma biela defeituosa. Os mesmos amigos que o colocaram nesta prova não o deixaram na mão, levando-o várias vezes para corridas em vários cantos da América do Sul.

Depois disso várias vitórias surgiram, como no Grande Prêmio Internacional do Norte, com 9.445 km de extensão, partindo de Buenos Aires a Lima, no Peru, com passagens na Cordilheira dos Andes, ida e volta. Fangio pilotou um Chevrolet nesta prova. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, os carros de corrida foram guardados e Juan passou a se dedicar ao comércio de carros e os sonhos de correr pelo mundo a fora somente quando ele recebesse um sinal. E o chamamento veio. O Automóvel Clube Argentino resolveu organizar provas de carros especiais e no dia 6 de fevereiro de 1949, a bordo de uma Alfa Romeo, Oscar Galvéz venceu em Costanera. Dias depois com uma Maserati, Fangio venceu a prova que abriu as portas do mundo.

Com o apoio do governo argentino, Juan desembarcou na Europa com uma frase que se tornou um mito. “Se puder ganhar apenas uma vez…”, logo na sua chegada, em 49, Fangio venceu sete corridas no continente europeu e em 1950 estreou na Alfa Romeo, formando equipe com Giuseppe Farina e Luigi Fagioli. O argentino terminou a temporada com o vice-campeonato e no ano seguinte, começou a impor sua marca nos circuitos da Fórmula 1, conquistando o primeiro de seus cinco títulos mundiais, marca que permaneceu como recorde da categoria até o ano passado, quando Michael Schumacher obteve seu sexto triunfo entre os pilotos. Para levar seu primeiro título, Fangio contou com a sorte e com uma boa estratégia da equipe da Alfa Romeo, que tinha um carro mais beberrão em relação as Ferrari de Oscar Frolian Gonzáles e Alberto Ascari.

Fangio

1952 foi um ano triste para o piloto, pois sofreu aquele que é considerado por seus historiadores como o maior acidente de sua carreira, em Monza, quando lesionou o pescoço e ficou toda a temporada afastado recuperando-se. O aspecto mais curioso é que ele havia disputado uma prova em Belfast, na Irlanda do Norte no dia anterior e teve que correr para estar em Monza a tempo de disputar a corrida onde sofreu o acidente. Largando em terceiro, Fangio acabou cometendo um erro e pegou um fardo de feno pelo caminho. Como seus reflexos já não estavam muito bons devido ao cansaço, ele ainda acabou voando pelo ar. Fangio foi arremessado para fora do carro e esteve algumas horas entre a vida e a morte. Nem isso conseguiu afetar o seu humor “Estava a duas horas de Monza, a duas e meia de formar o grid e a três de entrar no hospital”

Em 1953, já recuperado atuou pela Maserati e terminou a temporada com o vice-campeonato. Em 1954 Fangio passou para a Mercedes, que o autorizou a disputar as primeiras provas daquele ano pela Maserati enquanto seus carros não ficavam prontos. Naquele ano, Juan abriu uma série de quatro títulos consecutivos. Em 55 ganhou um novo companheiro de equipe, de quem recebeu os maiores elogios de sua vida, Striling Moss. O inglês sempre disse que aprendeu muito com o argentino.

Em 56, Fangio passou para a Ferrari, onde obteve seu quarto título, mas não tinha toda a admiração de Enzo Ferrari, que o respeitava apenas pelo fato de vencer pela marca, tanto que no ano seguinte, o argentino voltou para a Maserati e obteve aquela que é a maior vitória de sua carreira. Na disputa do Grande Prêmio da Alemanha de 1957, Fangio teve um problema no seu reabastecimento e passou a descontar a diferença que tinha para os ponteiros. Faltando uma volta para acabar a corrida, Juan passou pelas duas Ferrari oficiais, deixando o público e seus rivais admirados com esta proeza, tanto que Mike Hawrthorn, um dos pilotos que foi superado nesta manobra, sempre dizia que se “não tivesse encostado, tenho certeza que o velho diabo teria me passado por cima”

Em 1958, Fangio foi envolvido em um episódio que marcou a história política de Cuba. O piloto foi seqüestrado pelo “Movimento 26 de Julho”, chefiado por Oscar Lucero, como forma de protestar contra a ditadura de Fulgêncio Batista e neste mesmo ano, o piloto disputou sua última corrida na F1, no Grande Prêmio da França terminando a prova na quarta colocação. Seu Maserati não estava competitivo neste dia e como sinal de respeito, Hawthorn, que venceu esta corrida, decidiu não colocar uma volta no argentino. No fim desta prova Juan tentou saber notícias de Luigi Musso, que sofreu um acidente e pediu para que o levassem ao hospital onde o italiano estava sendo atendido. Ao chegar ao local, um médico disse que Fagioli havia falecido e Fangio pediu para vê-lo. Ali o argentino colocou um ponto final em sua carreira.

Ocasionalmente Juan aparecia em alguns eventos e acabou tornando-se presidente da Mercedes-Benz da Argentina. Quando Ayrton Senna apareceu com toda a intensidade, Fangio acabou revelando-se um admirador do talento do brasileiro, e, quando o brasileiro morreu, Fangio estava brigando contra o câncer, tanto que apenas uma semana depois da morte de Senna soube da notícia e chorou como “um pai que acabou de perder o filho”.

Uma curiosidade sobre o piloto é que em novembro de 1992, ele comprou uma briga com o parlamento da província de Buenos Aires, que queria aprovar uma lei proibindo pessoas com mais de 80 anos de dirigir veículos. Na época, o pentacampeão mundial tinha 81 anos e protestou: “Se este projeto de lei passar e a polícia me parar numa estrada, azar. Vou continuar dirigindo”, declarou.

Em 51 GP’s, venceu nada menos que 24, marcou 28 poles e 23 melhores voltas. Fangio morreu devido a complicações renais.

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