Punindo o talento…

domingo, 9 de janeiro de 2011 às 17:14

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Punindo o talento…

Neste final de semana a FIA fez mais uma das suas para equilibrar o campeonato mundial de F1 de forma artificial. Na pista Lewis Hamilton foi brilhante e venceu mais uma. Fora dela a FIA “achou” uma interpretação do regulamento para roubar-lhe a vitória e, de quebra, dar aquela velha mãozinha à Ferrari.

A corrida em SPA vinha, digamos, morna até as voltas finais, quando começou a chover em alguns pontos da pista. Tínhamos Kimi em primeiro – fazendo uma bela corrida -, Hamilton em segundo e Felipe Massa em terceiro. Mas como já estamos nos acostumando a ver, assim que as gotas d’água começaram a cair, Hamilton começou a se destacar. Em pouquíssimo tempo tirou uma diferença de quase 5 segundos para Kimi e chegou para ultrapassar. Ambos estavam para entrar na chicane e Kimi, freando bem antes, obviamente deixou o lado de fora para Hamilton. O inglês foi por fora mesmo, mas Kimi – obviamente de novo, assim como faria qualquer um -, “espalhou” na primeira perna da chicane e Hamilton teve que sair da pista para não bater.

Com isso ele cortou a chicane e ganhou a posição de Kimi, o que é ilegal. Então o que ele teria que fazer? Devolver a posição, assim como todos os pilotos que cometem essa infração, propositadamente ou não, tem que fazer. E ele fez. Deixou Kimi ultrapassá-lo na reta, pelo lado direito e imediatamente manobrou por trás do finlandês preparando-se para a freada do grampo à direita já por dentro. Ambos frearam e Hamilton já por dentro, deixou Kimi literalmente falando sozinho dentro do cockpit.

O que Hamilton fez foi coisa de piloto fora de série mesmo. Foi uma manobra absolutamente legal que exigiu muito talento, ousadia e controle de carro para ser realizada. A manobra foi tão espetacular que conseguiu desestabilizar Kimi de maneira definitiva, já que ele rodou, depois rodou de novo e acabou batendo sozinho ao tentar recuperar-se do choque logo na volta seguinte.

E assim Hamilton venceu a corrida com Felipe Massa em segundo e Kimi praticamente saindo fora da briga pelo título. O pequeno problema é que Hamilton venceu, mas não levou. A FIA e seus comissários cada dia mais bizarros, resolveram aplicar uma punição ao piloto inglês da McLaren. Oficialmente o motivo da punição foi “que ele teria levado vantagem ao cortar a chicane e não devolveu a posição de maneira clara”. Ora, o que seria “devolver a posição de maneira clara”? É ficar atrás, totalmente atrás do carro que você teria que devolver a posição. Isso ele fez, tanto fez que devolveu a posição por um lado e passou pelo outro! Então qual seria o problema? A FIA agora quer refazer as leis da física? Simplesmente ridículo.

Se Hamilton devolveu a posição já se preparando para obtê-la de volta, é porque o cara é ultra competente, extra-classe. Fora a beleza plástica da manobra, a surpresa, a emoção. Automobilismo é isso, ou pelo menos supostamente deveria ser. Ao invés de uma punição, qualquer piloto que fizesse isso devia ser aclamado pela entidade que dirige o troço (sic), assim como Valentino Rossi é a todo momento na MotoGP.

A impressão que fica, não só para mim, mas como para “um monte”, inclusive com petições na internet para que a FIA reavalie sua posição (www.petitiononline.com/belgp08/petition.html), é que na Formula 1 não se pode humilhar um carro da Ferrari, principalmente se for na penúltima volta de uma corrida e especialmente se quem humilhar chamar-se Lewis Hamilton.

O regulamento? Ora, o regulamento tem um monte de interpretações. Em Mônaco, por exemplo, naquela chicane da saída do túnel acontece de três a quatro vezes por corrida a mesmíssima coisa. Um piloto tenta ultrapassar o outro, perde a chicane, volta na frente e devolve a posição. Ninguém é punido. Lógico que lá em Mônaco o piloto que devolveu a posição não consegue ultrapassar o outro na curva seguinte, pois lá é impossível. Só que em SPA não é. Simples assim.

Niki Lauda, o eterno tricampeão, atualmente exercendo a função de comentarista de TV da F1, disse hoje que “Este é o pior julgamento da história da Fórmula 1. O julgamento mais pervertido que já vi. É absolutamente inaceitável que três funcionários (os comissários) influenciem o campeonato dessa maneira”.

Quem mais se beneficiou nessa história toda foi Felipe Massa, mas conhecendo-o como o conheço, tenho certeza que ele prefere ganhar o campeonato sem esse tipo de “ajuda” que vive caindo no colo da Ferrari desde os tempos do glorioso… bem, você já sabe de quem!

Coloquei o video abaixo para você chegar a sua própria conclusão!

Veja a empolgação da TV espanhola!

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Grande abraço e até a próxima!

Adauto Silva
adauto@autoracing.com.br

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