Porsche 917 completa 40 anos 11/03/09

quarta-feira, 24 de novembro de 2010 às 22:51
Porsche

Há 40 anos, em 13 de março de 1969, a Porsche apresentou no Salão de Genebra um carro que, mesmo para os padrões atuais, fica muito além da simples classificação “supercarro esporte”: o Porsche 917, que se transformou em uma lenda por ser um dos carros de corrida mais rápidos e vitoriosos de todos os tempos.

A Porsche lançou o Projeto 917 em junho de 1968, depois que a FIA, autoridade máxima do automobilismo esportivo, anunciou a criação de uma classe de “carros esporte aprovados” com capacidade de até 5 litros e peso mínimo de 800 kg. Com a supervisão de Ferdinand Piëch, as 25 unidades planejadas (número mínimo exigido pela FIA para homologação) foram apresentadas em abril de 1969 para que o 917 pudesse começar sua carreira desportiva nesse mesmo ano. Ainda que o 917 tenha abandonado suas três primeiras corridas devido a problemas técnicos, a história de êxito começou em agosto de 1969, quando a dupla formada pelo suíço Jo Siffert e pelo alemão Kurt Ahrens venceu os 1000 Km da Áustria, em Österreichring.

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A configuração do motor do 917 era tão incomum quanto as distintas versões de sua carroceria. Atrás do assento do piloto, ficava um motor de 12 cilindros horizontais refrigerado a ar, cujo virabrequim lhe outorgava um desenho em V de 180 graus. O motor de 520 cv tinha capacidade cúbica inicial de 4,5 litros. A estrutura tubular era de alumínio e a carroceria, de fibra de vidro sintética reforçada. Os engenheiros da Porsche desenvolveram distintos modelos de carroceria para satisfazer às distintas exigências das diversas pistas. O modelo denominado “cauda curta” (917K) foi desenhado para circuitos sinuosos, em que se exige maior pressão aerodinâmica para fazer as curvas à maior velocidade possível. O modelo de “cauda longa” (917 LH) foi desenhado para pistas de alta velocidade. Em seguida, chegaram os 917 com cabine aberta, como os 917/10 e 917/30 utilizados nos campeonatos Can-Am e Intersérie.

Ao término da temporada de 1970, a Porsche confirmou sua superioridade com os modelos 917 e 908/3 e ganhou o Campeonato Mundial de Marcas (na época, tão importante quanto o de Fórmula 1) vencendo nove das dez corridas válidas para pontuação. Esta série de vitórias começou na 24 Horas de Daytona e prosseguiu em Brands Hatch, Monza, Spa, Nürburgring (todas corridas de 1.000 Km), Targa Florio, 24 Horas de Le Mans, 6 Horas de Watkins Glen e 1.000 Km de Österreichring. O ponto culminante da temporada foi a 24 Horas de Le Mans, disputada em 13 e 14 de junho de 1970 – a primeira vitória da Porsche na classificação geral dessa corrida. Ao volante de um 917K número 23, pintado nas cores vermelho e branco da equipe Porsche Salzburg, Hans Herrmann/Richard Attwood superaram não apenas seus fortes concorrentes, mas também as fortes chuvas que caíram durante toda a prova.

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Como no ano anterior, a temporada de 1971 foi dominada pelo modelo 917 e a Porsche venceu novamente o Campeonato Mundial de Marcas com oito vitórias em dez corridas. Novamente, um Porsche 917 saiu vitorioso na 24 Horas de Le Mans, desta vez com Gijs van Lennep/Helmut Marko. Eles estabeleceram dois recordes que permanecem até hoje: média horária da prova (222 km/h) e distância percorrida (5.335 km). Uma característica especial do 917 de cauda curta destes pilotos, que visualmente se caracteriza pela “aleta de tubarão” na traseira, era a estrutura tubular de magnésio. Um 917 de cauda longa estabeleceu outro recorde em 1971: o carro de Vic Elford/Gerard Larrousse registrou a velocidade máxima de 387 km/h no trecho reto de Mulsanne, que integra o traçado usado na 24 Horas de Le Mans. Outro carro dessa corrida obteve um reconhecimento inusitado: o 917/20, uma combinação dos modelos de “cauda curta” e “cauda longa”, notável por seu grande tamanho. Pilotado pelos alemães Willy Kauhsen/Reinhold Joest, abandonou na metade da corrida, mas a pouco habitual decoração cor-de-rosa valeu-lhe o apelido “Pig” (porco) e transformou-o em um dos carros de competição mais famosos da Porsche.

O regulamento do Mundial de Marcas foi alterado no final de 1971: os motores acima de 3 litros foram banidos. A Porsche decidiu então inscrever-se no Canadian American Challenge (Can-Am), outra categoria de grande repercussão no cenário automobilístico internacional da época. Em junho de 1972, a equipe privada Penske utilizou pela primeira vez o Porsche 917/10 com turbocompressor. Com redimento de até 1.000 cv, o 917/10 dominou o campeonato e obteve o título com vitórias nos circuitos de Road Atlanta, Mid Ohio, Elkhart Lake, Laguna Seca e Riverside. No ano seguinte, estreou o 917/30, ainda mais evoluído, com motor de 1.200 cv. A superioridade do carro pilotado por Mark Donohue era tão evidente que o regulamento técnico da Can-Am, até então praticamente sem limites para a criatividade dos engenheiros, foram modificados para impedir o 917/30 de competir na temporada de 1974. Como é característico da Porsche, as tecnologias desenvolvidas para conseguir um rendimento cada vez maior nestas corridas foram utilizadas com êxito nos carros esportivos de rua. Foi assim com o 911 Turbo e seu turbocompressor com escapamento lateral, lançado no mercado no final de 1974 e, desde esse momento, sinônimo de capacidade de rendimento dos carros esporte da Porsche.

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A reputação do 917 é lendária. Cinquenta experts internacionais em automobilismo esportivo ouvidos pela revista britânica “Motor Sport” escolheram o 917 como “melhor carro de corrida da história”. No total, a Porsche fabricou 65 unidades, do 917: 44 com carroceria cupê com cauda curta e cauda longa, dois PA Spyder e 19 modelos de cabine aberta para os campeonatos Can-Am e Intersérie, com motores turbo de até 1.500 cv. Sete dos 917 mais importantes, entre eles os carros vitoriosos em Le Mans (1970 e 1971) e o 917/30, estão atualmente expostos no novo Museu Porsche em Stuttgart-Zuffenhausen.

Assessoria de imprensa Porsche

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